• Cuiabá, 18 de Janeiro - 00:00:00

In-civilizatório

A história humana tem momentos muito envaidecedores. E outros lamentáveis. Neste momento vivemos no Brasil um desses momentos lamentáveis. Não é o primeiro. Porém, este merece uma leitura da construção perversa pra que no futuro não permitamos que aconteça de novo, debaixo dos nossos narizes e, pior, sob os nossos aplausos.

No momento em que a polícia está sendo aos poucos expulsa das ruas, está no noticiário criminalizada por noções equivocadas de direitos humanos, alguma coisa está muito errada. No mesmo momento em que os presídios  lotam mais a cada dia. Quando o Brasil apresenta a e quarta população carcerária no mundo, de 622 mil presos, e as cadeias viram barril de pólvora, alguma coisa muito ruim está acontecendo.

Mas, preso não nasce na cadeia. Ele é levado quando infringe as leis. Aqui cabe a pergunta do porquê tanta gente resolveu infringir as leis num mesmo tempo? A resposta é cruel e perversa. Foi quando chegou-se ao auge da deseducação no país. A própria educação foi construída desde sempre na forma de um apartheid, separando “nós e eles”. Nós, a elite brasileira. Eles, o povão. Quanto mais o povão for povão, mas comandável. Foi assim que se construiu o projeto da nação brasileira.

Vamos dar cores a essa paisagem do projeto de nação, com um exemplo vivido no mundo. Argentina, por exemplo, onde se construiu um projeto de nação desenvolvida chegou à terceira economia mundial no começo do século passado. Base: educação! Vamos ao exemplo clássico: os Estados Unidos da América. Em 1620 começaram chegar às colônia s famílias de imigrantes protestantes ingleses, irlandeses e holandeses, fugindo da perseguição religiosa. Em 1636, eles já tinham a Universidade de Harvard, uma das mais poderosas referências de ensino no mundo. Mas ela não é uma universidade de ideologias exóticas como as universidades brasileiras. Ela é um canal de negócios na maior economia do mundo.

Ora, se eles tem Harvard nesse nível, pra se chegar nela a educação anterior deve ser no mínimo boa. No nosso caso, a educação foi desconstruída desde a escola fundamental às nossas emburrecidas universidades públicas.

O assaltante de bancos e o ladrão de ruas, de automóvel, vêem direto da deseducação nacional. Ao sistema político interessa que isso piore porque é um fantástico fator gerador de negócios com os recursos públicos. Lá no campo de concentração, também conhecido como presídio, os presos exercitam o mais primário de todos os instintos humanos: a sobrevivência. A partir dela fundaram o quarto poder na República brasileira: o Poder Presidiário. Sua raiz vem de longe. Vem da deseducação que não vai melhorar antes de décadas.

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

onforeribeiro@onofreribeiro.com.br  www.onofreribeiro.com.br



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