Acabei de fazer um giro de 4 mil quilômetros de carro, eu mesmo dirigindo, entre Cuiabá, Goiás, Brasília, várias regiões de Minas, até a volta a Cuiabá. Fui visitar parentes e amigos nessas regiões. Matar velhas saudades. Mas não é sobre isso que desejo falar neste artigo.
Desde a saída de Chapada dos Guimarães em direção a Campo Verde, já começa a produção de milho, de soja e de gado. Até Primavera do Leste e depois, a produção recebe o reforço da industrialização. De Primavera a Barra do Garças a força é da pecuária. De Aragarças até a cidade de Goiás, a força é da agricultura da cana, da soja, do milho e da pecuária.
Daí por diante, a laranja e a cana de açúcar dominam as paisagens, junto com a soja, milho e a pecuária. Até Brasília é o que se vê. No Distrito Federal o agronegócio já dominou o cerrado. Daí até Minas, na direção de Belo Horizonte as paisagens são de produção. Já começam a aparecer os eucaliptos.
De Paracatu até Patos de Minas a produção é extraordinária; agricultura e indústrias. Boa parte da paisagem já mostra o café em larga escala, com o uso de tecnologia. Visitei o pequeno distrito de Campo Alegre, vinculado ao município de Santa Rosa da Serra, pra visitar os amigos Tarcísio e Geraldo Nunes e família. Aí só café e pecuária. Dali até Araxá, a agricultura de soja, milho, eucalipto e o café predomina em volume extraordinário, somado ao eucalipto.
Preferi não ir até Uberlândia e passei por Caldas Novas, em Goiás, até Goiânia. De novo agricultura intensa, pecuária, eucaliptos e indústrias. Sobre o tráfego de caminhões nas rodovias é dispensado falar. Difícil dirigir carro pequeno.
Mas não é sobre o percurso da viagem que gostaria de falar. É sobre o volume de produção e de esforços de milhares de produtores brasileiros envolvidos na economia brasileira. Pequenas cidades com comércio exuberante e economia forte.
Imagino o volume de impostos que esse pessoal produz, de empregos, de qualidade de vida, de comércio e de indústrias em todo esse Brasil imenso. Tudo isso vai pra Brasília, onde gestões absolutamente irresponsáveis detonam esses impostos e deixam faltar dipirona no postinho de saúde de todos os municípios brasileiros. Valem exemplos.
Enquanto isso, o Congresso Nacional custa R$ 13 bilhões em 2023. Equivale ao orçamento anual de 13 municípios de 500 mil habitantes. Resumindo: o Congresso Nacional custa o valor que dá pra manter 6 milhões e meio de habitantes daqueles municípios. É necessário que exista o Congresso, mas não com esse desperdício de recursos vindos do interior do Brasil que trabalha. Sem contar a pouca utilidade dos parlamentares.
Nem falo dos outros poderes e dos desperdícios e da corrupção com o dinheiro suado que sai de gente que trabalha lá na ponta e nos grotões do país na terra vermelha da agricultura. Vi a inutilidade do Estado brasileiro. Vi o esforço quase vão de milhões de brasileiros que trabalham pra sustentar sistemas políticos públicos caríssimos e alienados.
Voltei animadíssimo com o que vi. Voltei muito pessimista de pensar que nada daquilo vale diante do sistema que diz governar o Brasil. Não vejo futuro animador...!
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso.
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