• Cuiabá, 21 de Novembro - 00:00:00

A esperança de esperançar...

  • Artigo por Gonçalo Antunes de Barros Neto 
  • 27/08/2022 09:08:11
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                Antes Dele, tivemos Tales de Meleto. Este filósofo grego tenta explicar a origem do mundo – o princípio é a água-. Segundo ele, da água se origina a vida. Foi dele, também, a máxima de que o difícil não é ganhar dinheiro, mas, sim, descobrir a verdade.

                Antes Dele, tivemos Anaximandro. Para ele, o princípio não era a água, mas o ‘apeiron’ (ilimitado, infinito, indefinido). A vida teria se originado nos mares, portanto, seríamos descendentes dos peixes.

                Antes Dele, tivemos Anaximenes, onde o princípio era o ar. Do ar, eu faço a água, e, rarefeito, o fogo. Da água, eu faço a terra. Sempre nos pegamos na tentativa de descortinar o sentido da existência.

                Antes Dele, tivemos Heráclito, o primeiro a fazer a distinção entre a essência e a aparência das coisas. Considerado por muitos como o pai da dialética. Ser que aparenta e ser em essência, existimos pelas premissas.

                Enfim, antes Dele, tivemos Parmenides, Pitágoras, Democrito, Sócrates etc. Todos tiveram a missão, penso, de tornar o mundo um pouco mais sábio, generoso, conhecido em ciência, sob a objetividade da razão.

                 Hoje, numa humanidade menos traumática, rogamos a Ele, sim, em maiúscula posto ser o único, trazer a Boa Nova, a esperança que tanto esperamos. Todos os citados filósofos tiveram “algo” como base de pensamento. E Jesus, um pouco de cada, e muito do muito, nos chama à reflexão sobre o tudo, pois o tudo Dele era conhecido.

                Temos os pré-socráticos e socráticos na Filosofia. A partir Dele, somos cristãos. Sócrates já havia alertado – só sei que nada sei-, intuição de quem espera por algo mais, a ignorância oprime. Para Jesus, fazemos coisas inimagináveis; conhecemos a verdade através Dele. E ela nos é libertadora. A humildade socrática nos leva ao reconhecimento da própria ignorância; a verdade cristã nos é redentora.

                Na Antropologia, os românticos se opõem à razão e evidência dos iluministas com uma nova categoria, a da “não racionalidade”. A Filosofia faz seu juízo sintético “a priori”, transformando-o em paradigma; há espaço para os redentores. Mas para que servem os redentores? Para a cultura, o ambiente social e até para a ignorância, mas nunca para a mentira. O método de Descartes, mesmo cartesiano e de rigorosa estrutura, dobra-se à existência de Deus.

                Independentemente da denominação religiosa, Deus é uníssono e a partir Dele temos inclusive os que professam serem ateus, pois a ausência de crença é ausência de aceitação da existência de algo. Portanto, a intolerância religiosa não pode fazer cria entre nós: é demasiada anticristã.

                Meus amados leitores, “a inocência das crianças reside na fragilidade dos membros, não na alma... nunca vi ninguém que, para cortar o mal, rejeitasse conscientemente o bem!” (Agostinho).

Busquemos o exemplo de Cristo em nossas vidas e tudo o mais nos será acrescentado - paz e bem! -.

                É por aí...

 

Gonçalo Antunes de Barros Neto é magistrado e tem graduação em Filosofia. Escreve aos domingos em A Gazeta (e-mail: bedelho.filosofico@gmail.com).



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