Na última sexta-feira estive no encontro “Elas no Campo”, realizado pelo Grupo Valure, em Cuiabá. O olhar do encontro foi o papel feminino no novo mundo dos negócios via a gestão das mulheres. Em particular no agronegócio.
Ressalto a palestra “Cenários para o agronegócio”, ministrada pelo professor Alexandre Mendonça, consultor e especialista na área de cenários nacionais e mundiais em alimentos.
Ele fez uma ampla análise e demonstrações do complexo cenário da produção, do aumento e consumo e das possibilidades da produção e da redução na oferta de alimentos mundial. O cenário é antes de mais nada, de preocupação. O mundo tempo hoje seis grandes produtores de alimentos: EUA, China, Brasil, Rússia, Ucrânia e Argentina.
O mundo deverá continuar consumindo mais e mais alimentos. No horizonte temos a guerra da Rússia-Ucrânia, tempos problemas climáticos nos EUA com bastante frequência, as questões econômicas na Argentina. No fundo, ainda que momentânea, a crise dos fertilizantes e dos agroquímicos.
Existem muitos complicadores no horizonte. Os de ordem logística no comércio internacional bastante complexo. Outros de fertilizantes dependendo da guerra na Ucrânia, o lockdown na China. Mas, seguramente o mundo precisa de mais e mais alimentos. O planejamento mundial anterior previa que estávamos num cenário de equilíbrio entre a oferta e a procura por alimentos. Está muito desequilibrado.
Mas o que efetivamente importa, na visão do professo Alexandre Mendonça, é o papel crescente do Brasil nesse cenário. O mundo não pode abrir mão da produção atual e nem do crescimento da produção brasileira. No fim da palestra, ele disse-me pessoalmente: “O Brasil está entrando na geopolítica mundial pela sua produção de alimentos”. Nos EUA cresce o déficit de alimentos. Os EUA estão importando carne de primeira do Brasil, coisa que nunca houve antes. Crise na pecuária de lá.
O que é a geopolítica mundial? É a estrutura do poder político, econômico e financeiro mundiais. Exemplo: em 2023 o superávit da produção de alimentos brasileira será maior do que a dos EUA. A China escolheu produzir milho e importar soja dos EUA e do Brasil. Isso, sem contar os demais países importadores, como o Oriente Médio e grande parte da Europa que são importadores brasileiros.
Em ano de eleição presidencial no Brasil, num ambiente negativo e polarizado, a política interna não é capaz de olhar e compreender a geopolítica mundial. O Brasil está se colocando ano após mano no cenário mundial como potência. Mas isso seria conversa pra outro momento.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso.
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