O impacto do COVID – 19 vem sendo absolutamente desastroso em todos os aspectos, o isolamento social causou desestabilidades financeiras, psicológicas e familiares.
A pandemia do novo corona vírus vem impactando enormemente a crise econômica mundial. E vem provocando uma crise econômica catastrófica em diversos setores. A bolsa de valores brasileira já foi impactada e precificada antes mesmo do vírus chegar no Brasil, as bolsas começaram a despencar desde o mês de fevereiro.
No Brasil o impacto do isolamento vem sendo uma preocupação social e do governo, chegando à conclusão que o mercado não pode ficar muito tempo parado. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, o desemprego aumentou ao maior nível em um ano só no trimestre de fevereiro a abril, com perdas recorde na ocupação, atingindo o número de 12,8 milhões de desempregados, em razão das inúmeras dispensas provocadas pelo isolamento.
O primeiro impacto do vírus foi a necessidade de distanciamento social e isolamento para fins de evitar o alto nível de contágio entre as pessoas, com isso, foi determinado o fechamento do comércio. Bares, restaurantes, academias, salões de beleza, setores de entretenimento e principalmente setores de turismo e lojas de comércio em geral, que estão vivendo um caos em razão do isolamento. Eles foram um dos mais afetados, com perdas de empregos tanto entre os informais quanto entre os trabalhadores de carteira assinada.
Com o isolamento social e o fechamento do comércio, muitas empresas chegaram a um cenário financeiro caótico de falta de liquidez, que compromete honrar os compromissos, provocando uma ruptura na economia. Assim, com a economia fadada a sofrer forte retração esse ano, a taxa de desemprego chegou ao seu índice mais alto, 12,6%.
Sem dinheiro para se manter, as empresas iniciam o corte de funcionários para enxugar os gastos, ou opta por mecanismos legais criados pelo governo para manutenção dos empregados, suspendendo os contratos de trabalho ou reduzindo a carga horária e o salário proporcionalmente em até 70%.
Essa realidade atinge diretamente as famílias, que passam a ter uma queda brusca na renda familiar, havendo, segundo o economista Eduardo Araújo “um empobrecimento coletivo das pessoas diante da perda salarial, ou porque ficaram desempregadas ou ainda porque são autônomos e não estão tendo como trabalhar”. Essa diminuição na renda afeta as empresas, vez que essas pessoas passam a consumir menos, cortar gastos, sendo gerado uma queda na demanda, causando um ciclo vicioso desastroso para a economia.
Em um estudo realizado pela Oxfam International, de acordo com os dados da organização não governamental britânica, divulgado no dia 09 de junho de 2020, a covid-19 “jogou lenha na fogueira” de uma crise alimentar que vinha se acirrando nos últimos anos. Pelas estimativas da Oxfam, até o fim de 2020, entre 6,1 mil e 12,2 mil pessoas poderão morrer diariamente de fome em decorrência dos impactos socioeconômicos da pandemia. Os dados emitiram um alerta global e direcionado ao Brasil, que corre o risco de voltar ao “mapa da fome”, depois de conseguir sair em 2014.
Apenas para se ter uma ideia, o número de mortes por dia por causa do corona vírus no mundo chegou a 10 mil mortes, enquanto que o estudo da Osfam aponta que até o fim de 2020 o número de mortes por dia por causa da fome vai chegar a12,2 mil mortes. Dessa forma, é notório o quanto os efeitos do isolamento social e fechamento do comércio são mais prejudiciais que o próprio vírus.
De igual modo, os efeitos do isolamento social também vêm causando grandes consequências psicológicas às pessoas. Neste cenário, os brasileiros podem sofrer impactos psicológicos e sócias em vários níveis de intensidade e gravidade (Fiocriz,2020 a)
Durante uma pandemia, o medo intensifica os níveis de estresse e ansiedade em pessoas saudáveis e aumenta os sintomas daquelas com transtornos mentais pré-existentes (Ramirez-Ortiz et al, 2020), aumentando consideravelmente o número de casos de depressão e ansiedade.
As pessoas não estão acostumadas a ficar dentro de suas casas, sobretudo 24 horas por dia, 7 dias da semana. Estávamos acostumados com o ritmo frenético do mundo globalizado e cibernético. No início parece algo agradável, mas com o tempo as pessoas começam a ficar entediadas, irritadas e impacientes, causando conflitos familiares.
Pacientes diagnosticados com covid-19 ou com suspeita de infecção podem vivenciar emoções intensas e reações comportamentais, além da culpa, medo, melancolia, raiva, solidão, ansiedade, insônia, confusão, torpor etc. Agravantes, estes estados podem evoluir para transtornos como ataques de pânico, sintomas psicóticos, depressão e suicídio.
Outro aspecto muito importante, mas ainda não comentado e que merece ser observado, é o possível luto tardio das inúmeras pessoas que estão perdendo entes queridos do seu convívio pessoal e nem sequer puderam se despedir adequadamente. A pandemia impôs a ruptura forçada dos costumes de despedida de um ente querido quando chega ao fim da sua vida.
Se a pessoa morre acometida do novo corona vírus, o processo tem sido extremamente doloroso, visto que o risco de contaminação é tamanho que os caixões precisam ser lacrados. Não tem uma despedida, um consolo, um abraço que conforte, um momento que acolhe. A sensação de impotência é devastadora.
Com efeito, diante desse momento desafiador é possível afirmar que estamos passando por um luto coletivo, onde o sentimento de medo e incerteza atinge todos os seres humanos, independente de idade, sexo, nível socioeconômico e religião. Estamos unidos em prol de um propósito maior de que essa pandemia acabe o mais rapidamente possível, e eu tenho certeza de que depois da tempestade o sol volta a brilhar, acredite!
Melanie de Carvalho Tonsic é Advogada. Mestranda em Métodos Adequados de Resolução de Conflitos e Mediação pela Universidade Europea del Athántico. Especialista em Negociação pela CMI INTERSER, no Harvard Faculty Club, Cambridge/MA. Especialista em Mediação de Conflitos pela Universidade de Salamanca – Espanha. Especialista em Mediação e Arbitragem na Universidade Portucalense – Portugal. Mediadora. Arbitralista. CEO da ACORDIA Câmara de Mediação e Arbitragem.
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