Nossos netos terão muito pra contar aos seus filhos e netos, no futuro deles. Terão assistido parte da luta de todo o mundo contra um vírus chamado corona, que assolou a humanidade e causou muito pânico.
Cada país contará a sua versão da mesma estória. Só num futuro mais distante haverá serenidade pra se contar efetivamente que pandemia foi essa que estamos vivendo. No caso brasileiro, haverá estórias e mais estórias. Uma, a da pandemia em si mesma. Outra a fraqueza do Estado diante do imprevisto. E a pior. A mediocridade da política e dos políticos que transformaram a pandemia em instrumento de caça-votos. Fora a corrupção desavergonhada. Sem falar do despreparo da sociedade pra lidar com regras sanitárias inevitáveis. O espírito indisciplinado do futebol encarnou na doença.
Saiu da crise de pandemias um cidadão sofrido. Amedrontado. Inseguro. Sai das pandemias uma política despreparada pro mínimo de convivência com realidades fora dos padrões do compadrismo eterno. Cidadão com medo é eleitor com medo.
Na minha família perdi um irmão e vários parentes. Fora os filhos, noras e netos que adoeceram e nos deixaram muito preocupados. No meu círculo de amizades perdi quatro vizinhos, vi outros ameaçados. Vi amigos e mais amigos e amigas partindo.
Justamente neste ano de 2022 quando as pandemias entram na reta final, é de se esperar que o discurso das eleições venham mais consistentes e lúcidos. Porém, o que se vê é a mesma onda de organização dos grupos políticos tradicionais em busca do poder pelo poder.
Não surge no horizonte político a compreensão das lições vividas em 2020 e 2021. O que se vê nesse discurseira de coligações e arranjos afins, são as velhas teses genéricas de sempre. “Prometo cuidar da saúde, da educação, da segurança, do meio ambiente e da geração de empregos”. São promessas vazias sem a mínima compreensão da amplitude de cada um desses temas.
Estou defendendo a tese que ouço na maior parte do tempo. O poder se mostrou incapaz. Logo, não é o poder político que a sociedade espera. O cidadão e ao mesmo tempo o eleitor, esperam respostas confiáveis de transformações dessa máquina administrativa pública incapaz e cara.
Pode ser que o eleitor volte a pensar como antes: “não tô nem aí”. Mas pelo andar da carruagem as mortes, os sustos e o medo cobrarão posições claras de quem olha pro poder. Seria muito bom se as pessoas tivessem aprendido que elas são a razão e a causa da existência da política. Patrões. Não empregados subordinados a tantos desmandos...
Quem sabe, os nossos netos!!!!
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso.
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