A vida costuma ser muito generosa. Carmem e eu somos casados desde março de 1968. Tivemos quatro filhos: André(1968), Fábio(1970), Marcelo(1975) e Tiago(1982). Conosco a vida foi muito generosa. Mesmo considerando que o Marcelo partiu antes, em 2004, ainda assim convivemos com ele por 29 anos. Um tempo precioso. Ele nos deixou Luka, um neto queridíssimo e Daniela a nora que é uma filha.
André nos deus dois netos: Miguel e Gabriel. Miguel e Mariana nos deram três bisnetos: Mateus, Vitória e Maria Luiza.
Fabio e Aline nos deram dois netos: Enzo e Pietro. Moram em Sergipe, onde nasceram. Como disse, Marcelo e Daniela nos deram Luka. Tiago e Mariana nos deram há dois anos e meio a Alice.
O tempo vai passando e vamos ficando cada dia mais seletivos. É uma competência do espírito isso de selecionar as coisas que realmente passam a importar na vida. Família vai assumindo cada dia mais esse lugar de maior importância sobre tudo o mais.
Como o mais velho nessa árvore, Carmem e eu, juntos há 52 anos, olho pra trás e pra frente. Tive uma carreira profissional muito intensa até hoje. São 46 anos no jornalismo ininterrupto. Espero mantê-la por muitos anos ainda na medida em que a lucidez permitir. Ela, conserva-se jovem e lúcida. Meiga e afetiva, mantém a árvore frondosa e generosa. Mas se me for perguntado o que de tudo mais importa, responderia sem dúvida: a minha árvore familiar.
Principalmente quando vejo a minha terceira geração, a dos bisnetos, crescendo à sombra da árvore, não posso negar a grande emoção. Justifica perfeitamente ter vivido 75 anos e encontrar abrigo debaixo da árvore nos dias de sol quente e nos dias cinzentos de chuva.
Uma confissão: quando vejo os três bisnetos próximos e percebo os gestos e a certeza de caráter, ainda que tão jovens, enxergo neles traços da minha própria vivência e da Carmem. Eles copiam duas gerações à frente. Quer dizer: o que se planta debaixo da árvore da vida, se repetirá sempre lá na frente.
Hoje, Dia dos Pais, é apenas uma data. Mas é uma agenda carinhosa que homenageia gente jovem e gente madura. Lembro-me dos 24 anos quando o André nasceu. Outra vida, outra percepção. Mas sempre pai, passados 51 anos. Uma lembrança ao pai, é um atestado de vivência.
O meu caminhar e da Carmem daqui pra frente será de contemplação. Nossa árvore segue frondosa. Galhos fortes. Folhagem verde. Raízes profundas. Resistente ao vento. À chuva. Ao sol. E às tempestades. Vista de longe no horizonte é uma árvore antiga com muitas estórias felizes pra contar.
Aos pais, desejo boa sombra debaixo das suas árvores!
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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