• Cuiabá, 02 de Julho - 00:00:00

Nos tempos da insanidade

“Todos deviam ser respeitados como indivíduos, mas ninguém devia ser idolatrado”, Albert Einstein.

A internet encurtou distâncias e possibilitou que através das redes de comunicação pessoais (aplicativos) ou coletivas (redes sociais) as pessoas encontrassem os seus iguais. Destas aglomerações virtuais nascem os maiores problemas do presente e das futuras gerações.

Quando uma pessoa sofre de um delírio, isso se chama insanidade. Quando muitas pessoas juntas sofrem de um mesmo delírio, isso se chama histeria coletiva. Não há nada que seja maior evidência de insanidade e histeria coletiva do que várias pessoas juntas acreditando na palavra de uma só pessoa e negando as evidências de forma que cheguem ao ponto de passar pano para as atrocidades, para as mentiras ditas. A beatificação se confirma quando estas pessoas passam a repetir os mantras do “mestre”, ou “mito”, sem sequer aceitar outras argumentações.

Não é de hoje que as pregações de falsos profetas aglutinam multidões e provocam estragos. O elemento usado para sedução é sempre o mesmo:  valores abstratos, o mágico, o intocável, o metafisico sempre disfarçado ou justificado pelo elo religioso. Até porque o egoísta e inescrupuloso fala em nome de Deus e até como se Deus fosse sem temor, pois se intitula em nome da verdade.

No caso da política, o mágico e intocável é a mentira que também vem recheadas de valores metafísicos, odiosos, carregados de vingança, de moralidade, de voluntarismo retrogrado e muitas vezes até bizarros. Historicamente todo ditador se acha um Deus da moral, do bem e do tempo, pois se comporta como se a vida fosse eterna e ele tem o direito de parar o desenvolvimento para satisfazer seu ego.

Quando tais fatores são elevados a condições de sociedade organizada, através de poderes constituídos, isto leva a grandes desastres com prática de atrocidades e barbárie. Olhem para a história da humanidade, está cheia de exemplos muito significativos, pois “não importa o quão insano você é. Existe sempre alguém para completar a sua insanidade”, Arlequina.

Dos faraós egípcios, passando pelos sultões, Califas, pelos deuses gregos, pelos reis romanos, pelos ditadores do século XX ou mesmo os populistas nascidos no século passado e que ainda habitam entre nós, agem sempre revestidos pelas falácias que estão sofrendo no cargo para o bem de alguém e fazem suas maldades em nome de Deus. O seu deus, o deus do ganho fácil, da vaidade e da usura do bem público.

Hoje a robustez da ignorância insana está na fuga afegã das ações concretas do Talibã que tortura, mata e expulsa os seus, ou mesmo nas falas de gente daqui de nossas terras que costumeiramente mandam os seus oponentes irem embora para Cuba, Venezuela ou Afeganistão. Como se donos (deus) das pessoas e desta terra fossem.

Não culpo a comunicação! Apenas pontuo que a internet potencializou, pois assim como ela serve aos conscientes de sua finitude, também servem aos egoístas e rancorosos que se acham donos e deuses dos homens e pensam que podem determinar, impor e até eliminar quem pensa diferente. Sabemos que “insanidade em indivíduos é algo raro, mas em grupos, festas, nações e épocas ela é uma regra”, Friedrich Nietzsche.

 

João Edisom é Analista Político, Professor Universitário em Mato Grosso.



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