No sábado dia 15, o agronegócio brasileiro levou um milhão de pessoas de todo o país a Brasília em manifestação cívica e política. Claro que foi um movimento organizado. Dentro da lei. A mídia minimizou a 10 mil pessoas. A política, representada pelo Congresso Nacional, ignorou. Apesar da manifestação passar na sua porta. O mesmo o STF, presa da sua bolha de imunidades e apartheid da sociedade brasileira, vizinho do movimento, também ignorou.
Esse foi o fato público. Antes, aos números que deram o crédito político do agro dentro da formação do PIB brasileiro e da balança comercial. O Brasil exportou U$ 210 bilhões em 2020. O agro exportou U$ 87,7 bilhões. O saldo da balança foi de U$ 50,9 bilhões. Na composição do PIB brasileiro, a indústria caiu para 11%, o comércio para 14%, os serviços 63,3% e o agro 26,6%.
Onde está a força política do agro? A sua produção movimenta grande parque industrial brasileiro nas áreas de máquinas agrícolas, de caminhões, de peças e implementos, de combustíveis, pneus, etc. Esse giro movimenta o comércio geral e o fortalece em municípios e estados onde o agro é forte. Movimenta também a área de serviços, em especial a de tecnologia, já que o setor consome cada vez mais tecnologias. Demanda a educação e a saúde. Fortalece o mercado dos serviços nas áreas das profissões liberais. No caso específico de Mato Grosso, movimenta a parte essencial da economia e gera a maior parte direta ou indireta dos impostos arrecadados. A receita do governo de Mato Grosso depende do agro.
As manifestações em Brasília repetiram a mesma marca de outras grandes manifestações dos últimos anos, a partir dos estudantes em 2013: a camiseta amarela e a bandeira nacional. Logo, leia-se aí o sentido de cidadania e de soberania nacional. Elas traduzem um recado: os projetos políticos e de poder que não incluam a soberania e a cidadania brasileiras, não tem aprovação no agro.
A manifestação foi pacífica e politicamente orientada. Protestou-se em apoio ao presidente Jair Bolsonaro, contra a governança político-ideológica do STF, contra o projeto político da CPI da Pandemia e contra a corrupção. Na essência, manifestou-se contra tudo que Brasília representa!
Finalizando. Os recados do setor foram claros para o Estado brasileiro, para os partidos políticos com projetos do Foro de São Paulo, contra a parcialidade conspiratória da mídia e das corporações públicas, além da tradicionalíssima corrupção administrativa, política e judiciária no país.
O recado finaliza claro. O país dividiu-se. No dia 1º de maio manifestações civis nas ruas. Dia 15, do setor econômico mais influente. Explicitou-se o comando do segmento político do país nas mãos do agro. Ou, melhor dizendo, o poder político brasileiro muda das mãos da indústria, dos bancos e do comércio para o campo. Logo, pra um Brasil do interior. Daí o sentido de nacionalidade e de soberania, pouco presente nas metrópoles. Outro Brasil desconhecido das metrópoles e de Brasília está reivindicando pôr a sua voz a serviço da política. Isso é profundamente inovador neste momento doido que o Brasil vive. Ah. Traz também uma linguagem forte que o Brasil tradicional, o Estado, a mídia e Brasília desconhecem.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso.
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