• Cuiabá, 08 de Abril - 00:00:00

A vitória de uma gestão popular

Há muitos matizes que podem explicar o resultado da disputa para a prefeitura de Cuiabá. Mas aqui se destaca um fato que, apesar de óbvio, parece passar despercebido: a vitória de um modelo de gestão ao mesmo tempo popular e desenvolvimentista, que em grande medida foi subestimado pela oposição. Confiantes de que os ataques pessoais ao Emanuel sobre um episódio que ocorreu antes dele ser prefeito seriam suficientes para definir o pleito, os demais candidatos esqueceram de formular um projeto alternativo de governança para a cidade.

A crônica da campanha comprova. Enquanto a atual gestão ampliava seu índice de aprovação, a rejeição ao prefeito caía, segura e paulatinamente. No primeiro turno, Emanuel tratou de prestar contas do que fez e de apresentar propostas realistas – a maioria já em execução. A oposição seguiu atirando suas sete balas de prata para o mesmo alvo, com propostas superficialmente pontuais e sem contestar de maneira consistente o modelo de administração vigente. Em nenhum momento, emulou um novo projeto de cidade.

Disperso em promessas específicas, como tablets gratuitos para os alunos e atendimento de saúde por aplicativo, o campo propositivo da oposição se dissolveu em generalidades curiosas, a exemplo do plano de governo apoiado em 19 eixos. Afinal, tudo era só pro forma. O importante era o falso corolário de que o suposto combate à corrupção seria a panaceia com o condão de resolver todas as mazelas da cidade. Quem procurou com lupa não encontrou sequer um pensamento ou olhar original para Cuiabá.

O binômio “paletó corrupção” era poderoso. Mas o legado da gestão também. Quanto mais era mostrado no rádio, TV e mídias sociais, mais resiliente tornava os eleitores com alguma predisposição a defender o trabalho do prefeito. Ainda mais os usuários diretos dos serviços da prefeitura, que verdadeiramente conhecem as deficiências, mas sobretudo o esforço e o avanço em várias áreas do sistema público. 

A gestão popular que alia entregas como o Kit Escolar, Hora Estendida na Saúde, AMOR, CEIC e estações de ônibus climatizadas a grandes obras estruturantes não teve um contraponto. No máximo, críticas fragmentadas, e, portanto, sem potencial ofensivo. Assim, o modelo exitoso da atual gestão ficou preservado na disputa.

A oposição estava integralmente ocupada em demonizar o prefeito como símbolo da corrupção. Emanuel não se fez de rogado sobre a referida agenda negativa. Explicou sua versão do fato nos seus espaços de mídias eletrônicas e digitais, e antes disso na imprensa. E ainda deixou claro o que é fácil constatar: sua gestão não foi marcada por escândalos, mas por iniciativas relevantes que transcorreram com transparência. Mais uma vez, a gestão, per si, mostrou-se impermeável aos ataques. Restou à oposição atacar isoladamente a figura do prefeito.

Os sete contra um do primeiro turno produziram um só vitorioso. Sobreviver à exposição hiperbólica de uma imagem tão forte e chegar ao segundo turno com rejeição em queda e tecnicamente empatado em primeiro lugar foi prova inconteste de apoio popular.

Com serenidade, o prefeito soube colocar a gestão como escudo aos ataques que lhe eram desferidos no âmbito pessoal. Ofensas em alguns momentos atiradas acima da razoabilidade. Porque se mesmo numa guerra existem regras de conduta para com os inimigos, o mesmo vale para uma eleição, em que é adequado apenas falar de adversários.

No segundo turno, a batalha da política e da comunicação se deu em cima dos erros do adversário ao longo da campanha. Ofensas às mulheres, aos servidores, às minorias e algumas declarações que transmitiam arrogância abriram um flanco importante num momento em que cada voto era decisivo.

Os servidores públicos rapidamente se manifestaram em favor do Emanuel. E a primeira-dama, Márcia Pinheiro, catalisou a reação das mulheres, cativando o público em que o prefeito já era eleitoralmente mais forte. A aliança do Podemos com o Pros foi despida, e todo mundo viu. Não havia afinidade ideológica nem convergência programática; apenas acordos afeitos à velha política sob o manto pretenso da união dos paladinos da moralidade.

Algumas incoerências entre discurso e prática do candidato adversário também foram decantando, como os gastos maximizados no gabinete parlamentar versus a promessa de cortar gastos na prefeitura – na verdade, numa toada crítica que começou ainda no primeiro turno.

Em uma campanha definida por pequena margem de votos, muitos fatores foram relevantes, além dos erros do Abílio: o empenho da militância, a presença do Emanuel nas ruas, a condução da coordenação geral. Mas o pano de fundo de todo esse cenário tinha nome: gestão. Por um lado, ela foi o melhor argumento para consolidar os votos dos simpatizantes, e, por outro, atrair novos eleitores, receosos dos riscos de trocar um trabalho que está dando certo por um projeto improvisado, pouco palpável.   

A gestão é o ideário materializado por toda a equipe, nesse sentido é maior que o gestor. Mas aí vem a inegável dedução de todo esse processo: a atual gestão é a cara do Emanuel. O modelo em curso não veio do mandato anterior. Foi do perfil e do comando dele, Emanuel, que surgiram os contornos de uma administração preocupada com os mais carentes, ousada na criação de projetos com forte coloração social e capaz de projetar obras de peso, como os novos viadutos e o Contorno Leste.

É a filosofia de trabalho do Emanuel que tem desenhado essa Cuiabá dinâmica, inquieta, vibrante, bem cuidada, moderna. Ele é o grande vitorioso dessas eleições sob vários ângulos. Primeiro, porque vira uma página difícil na sua trajetória política, e doravante seguirá imunizado contra ataques que já não possuem o mesmo vigor. Agora, terá mais quatro anos para afirmar um modelo de governar que estabelece um novo paradigma no estado.

Emanuel prioriza o que é humano, aguça na gestão o olhar pelo social, institucionaliza a sensibilidade, trabalha por igual em todas as áreas e leva a sério os detalhes que fazem a diferença no dia a dia da cidade e das pessoas. Ele sai do teste das urnas como uma liderança política renovada, que vai continuar a crescer junto com Cuiabá.

 

Eric Carrazzoni é publicitário e jornalista.



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