• Cuiabá, 21 de Novembro - 00:00:00

Palmas aos professores

A sambista Leci Brandão, em uma de suas brilhantes composições, certa vez chamou os professores de anjos da guarda. Não acho nenhum outro adjetivo capaz de refletir a importância destes trabalhadores que, mais uma vez, se reinventaram nesta pandemia. Ainda que eu defenda que as homenagens aos professores e professoras devam ocorrer todos os dias, aproveito que nos aproximamos do Dia Nacional da Educação Infantil para render minha homenagem.

É de impressionar a capacidade destes trabalhadores em se transmutarem para cumprir sua missão de formar as pessoas que conduzirão o país no futuro diante do isolamento social causado pela pandemia da Covid-19. Muitos deles sem quase nenhum apoio estatal que lhes assegurasse meios de reproduzir, no ambiente virtual, pelo menos parte da importante vivência da sala de aula.

Computadores novos, modernos? Quase nenhum teve à disposição. Tiveram que usar seus próprios equipamentos pessoais, muitos já de alguma forma defasados. Custos com internet e energia elétrica também ficaram sob a responsabilidade destes trabalhadores. As humildes salas de suas residências, aquilo que é possível em um país que desde sempre e sob todos os aspectos desvaloriza estes trabalhadores, se tornaram cenário destas aulas virtuais.

Aulas estas que ganharam um ritmo próprio e um horário diferenciado. Pergunte a qualquer professor quantas vezes ele precisou responder grupos de whatsapp, e-mails e ligações de alunos fora de seus horários. Tenha a certeza de que nenhum deles se negou a fazer isso, coisa de quem tem a nobre missão de educar e formar em seu DNA.

Avançando para além do conteúdo, muitos deles se tornaram psicólogos, orientadores, portos seguros para crianças e adolescentes que buscavam – assim como todos nós – compreender de fato o que estava acontecendo e quais os impactos desta pandemia no restante das nossas vidas.

E, digo mais, não só das crianças, mas também dos pais, que precisaram viver ainda mais próximos de seus filhos, uma situação nova para muitos deles, que acabavam, por força do trabalho, delegando esta educação às escolas e aos trabalhadores que lá atuam.

Sem apoio, sem horário, sem rotina, sem estrutura, os professores deram show de profissionalismo e conciliaram tudo isso com o fato de serem, também eles, pais, mães, filhos, filhas, irmãos e irmãs, com a importante atribuição de também cuidar de suas casas, aquelas que eles transformaram em salas de aula.

Quando tudo isso passar, e uma hora vai passar, sonho com uma valorização dos professores, com melhores salários, melhores condições de trabalho e o reconhecimento de toda a sociedade. Leci Brandão é muito feliz ao dizer que é na sala de aula que se forma uma nação, é lá que se faz um cidadão. A nós, por fim, só resta obedecer a sambista e bater palmas para eles, porque eles merecem.

 

Fábio de Oliveira é servidor público estadual e professor universitário.



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