Há uma verdade (não tão secreta) que habita em nós: passamos muito tempo examinando nossa pele. A poucos centímetros de distância do espelho, diretamente sob a iluminação do banheiro, puxando nossos rostos para todos os lados, como um tipo de exame. Embora a gente possa ter, de fato, um objetivo (como pentear um fio minúsculo da sobrancelha ou conferir uma possível ruga), na maioria das vezes se trata apenas de um “passatempo” peculiar.
E não surpreendentemente, com o passar dos anos, realizamos algumas descobertas muito interessantes. Uma delas diz respeito às linhas do sorriso. Não há máscara de proteção individual que esconda a realidade quando estamos sozinhos: a gravidade está constantemente trabalhando contra nós e até o sorriso parece um pouco mais “triste” – como o emoji com os cantos dos lábios curvados para baixo.
Linhas do sorriso são o termo popular para dobras nasolabiais. Aquelas linhas verticais que se estendem das laterais do nariz e se curvam ao redor da boca. Elas são parte natural do envelhecimento e ocorrem, em geral, devido à perda natural de volume e flacidez que ocorre no rosto com a idade. Eventualmente, após os 30 anos, a gravidade colide com a quebra natural de gordura, colágeno e elastina para fazer com que a pele “caia”, em média, quatro milímetros nos próximos 20 anos.
Curiosamente, os efeitos da gravidade não apenas fazem com que as pessoas pareçam mais velhas como também mudam a forma como os outros as enxergam em nível emocional. A flacidez na parte inferior da face e ao redor dos cantos da boca podem levar o cérebro a pensar que parecemos “perturbados”, “com medo”, “hostis”, “inacessíveis” e “zangados”, além de “tristes”. Afinal, a boca é um dos principais pontos focais visuais que auxiliam na interpretação da expressão facial.
A questão é que nosso compartimento de bochecha tem sete almofadas gordinhas que descem e mudam com o tempo. Sendo assim, as linhas do sorriso se tornam mais proeminentes devido à maneira como isso ocorre. Contudo, apesar de inevitável e natural o processo de envelhecimento, certos fatores do estilo de vida podem piorá-las e merecem atenção – como, por exemplo, danos causados pelo sol, perda drástica (e repentina) de peso ou dietas.
Há também as “linhas de marionete” que tendem a surgir aos 40 anos – aquelas linhas que correm verticalmente entre a boca e o queixo, o que também pode criar flacidez na metade inferior do rosto. O termo se refere ao nome de fantoches de cordas (marionetes), conhecidos por ter mandíbulas rachadas para que os titereiros possam ajudá-los a “falar”. O fato é que a nossa pele ao redor da boca é particularmente propensa a enrugar porque é mais fina em comparação ao resto do rosto.
A boa notícia é que existem vários tratamentos que podem ajudar a manter o rosto firme como um tambor. Um deles é o preenchimento com ácido hialurônico, que pode ser injetado para melhorar a aparência dessas linhas e apresenta um resultado natural e imediato. Outras opções envolvem desde microagulhamento por radiofrequência até fios PDO (polidioxanona), que são feitos de proteína de alta qualidade médica (suturas solúveis) e mais finos do que um cabelo.
Vale ressaltar que adotar uma rotina de cuidados com a pele desde cedo pode contribuir para reduzir o aparecimento de rugas de expressão. Procure produtos que contenham ingredientes como retinol ou vitamina C, que promovem a produção de colágeno e melhoram a elasticidade da pele. Sem contar que o uso diário de proteção solar ajuda a prevenir o envelhecimento e o consequente aprofundamento das linhas, bem como a perda da elasticidade. No mais, hidrate-se sempre!
Karin Krause Boneti é médica dermatologista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e diretora clínica da Frémissant.
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