As pessoas não percebem, sequer tem uma intuição, sobre as condições e causas concretas dos modelos de instituições que temos.
Tanto na iniciativa privada, no poder público e na vida íntima e privada, como no casamento.
É uma construção sócio-cultural e político-econômica.
Então, tudo isso não pode ser tratado de maneira dogmática, mesmo não funcionando, com a falsa premissa fatalista de que tudo sempre foi assim. Absolutamente não!
As coisas foram mudando historicamente e de maneira pluriforme, diversificada, ao redor do Mundo. É só estudar um pouco de história e geologia, antropologia, sociologia, ciência política e filosofia.
Então, como não chegamos no Apocalipse ou ao Armagedom, a tendência, para não dizer a correnteza, é de que tais instituições sejam remodeladas, constantemente, como camaleão ou o lagarto que entra no casulo e vira borboleta, de acordo com o avanço civilizatórios da humanidade, embora existam travas.
Nesse sentido, um dos principais empecilhos para esse salto de qualidade é a noção de propriedade privada consolidada que temos (eu não!).
Ela chega ao ponto de levar pessoas a ainda acharem que são donas das outras, patrão dos empregados, marido da mulher, Padre e Pastor dos leigos e fiéis, governantes dos servidores e cidadãos.
É um arquétipo de espoliação, opressão e cabresto, sendo a escravidão contemporânea, ou como está na moda, a pós-escravidão.
Enfim, um cenário vertical, onde uns estão acima e pisam nos que estão embaixo.
O ideal seria horizontal, em que a autoridade do argumento valesse mais do que o argumento da autoridade, lembrando Descartes, e, humildemente e com plena ciência e consciência, todos sabendo que ninguém é dono de ninguém.
Tampouco melhor, pois, como dizia o velhinho de barba branca, não o Papai Noel, e, sim, o revolucionário, visionário e humanizado, um verdadeiro missionário da educação e alfabetização, Paulo Freire, ninguém sabe tão pouco que não tenha nada para ensinar e tão muito que não tenha nada o quê aprender.
Precisamos de uma nova Ágora!
Todavia, sem deixar ninguém de fora, todos no mesmo patamar de participação, voz e voto, derrubando as correntes que impedem as pessoas de serem livres e independentes, inteiramente donas dos seus narizes e protagonistas das suas trajetórias, construindo os seus legados, sem xerifes da vida alheia, sem cuidar da sua própria aldeia ou tirar dos seus olhos a areia.
Paulo Lemos é advogado eleitoralista, administrativista e criminalista, além de defensor dos Direitos Humanos.
paulolemosadvocacia@gmail.com
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