• Cuiabá, 21 de Novembro - 00:00:00

Transpantaneira: um sonho que precisa ser retomado

Iniciadas na década de 1970, quando ainda vivíamos tempos de um Mato Grosso uno, as obras da Rodovia Transpantaneira simbolizam um sonho de desenvolvimento para dezenas de comunidades. À época, além de ligar o sul e o norte do Pantanal, os quase 400 quilômetros uniriam duas importantes cidades, Poconé e Corumbá, assegurando assim a integração de toda a região. Desde 1976, quando a construção foi paralisada à beira do Rio Cuiabá, em Porto Jofre, os dois municípios têm lutado para que os quase 250 km sejam enfim construídos, transformando a economia de toda região.

Chamada de caminho do paraíso e comparada à época do início da construção à obras como a Transamazônica e a Ponte Rio-Niterói, a conclusão da Rodovia Transpantaneira, como pensado no projeto original, ganha uma importância simbólica ainda maior, por conta da divisão entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A estrada seria a representação mais bem acabada de que o Pantanal, este bioma frágil e fascinante, segue sendo único, independentemente de hoje estar localizado em dois Estados diferentes.

Além da questão simbólica, a retomada das obras cumprindo seu traçado inicialmente previsto teria um grande impacto do ponto de vista econômico, ligando Poconé, uma cidade carente de recursos, investimentos e atividades econômicas sustentáveis, à fronteira com a Bolívia e com as demais cidades da região Sul. Do ponto de vista prático, traria um grande impulso à atividade pecuária, parte da mola propulsora de nosso país, o agronegócio.

Neste sentido, é importante salientar a luta de diversas pessoas na busca de recursos e da chamada vontade política, aquele ente que nunca vimos, mas que com certeza existe, para que este sonho se torne realidade. Nos próximos dias, a cidade de Poconé irá debater estratégias e alternativas para que a rodovia avance além de Porto Jofre, cruze o Rio Cuiabá e, enfim, chegue até Corumbá.

A louvável iniciativa é da vereadora Camila Silva, que tem buscado apoio junto aos deputados estaduais e ao Executivo no sentido de se retomar as obras. Tenho certeza que todo este trabalho, que conta com o apoio da grande maioria dos moradores da região, não será em vão e que o Poder Público compreenderá a importância cultural, histórica e econômica da conclusão desta obra.

Se na década de 1970 a obra da Rodovia Pantaneira foi parada por problemas estruturais, é certo que nestes quase 40 anos a engenharia brasileira evoluiu de forma significativa. Se desenvolveu ao ponto de ser capaz, tranquilamente, de concluir aquilo que foi e é sonhado, aliando desenvolvimento e sustentabilidade.  Tenho a certeza de que Poconé e Corumbá, que hoje fazem parte de Estados vizinhos, comungam do mesmo anseio, o de que a integração fará toda a região melhor.

 

Fábio de Oliveira é advogado, contador e mestre em Ciências Contábeis.



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