Iniciadas na década de 1970, quando ainda vivíamos tempos de um Mato Grosso uno, as obras da Rodovia Transpantaneira simbolizam um sonho de desenvolvimento para dezenas de comunidades. À época, além de ligar o sul e o norte do Pantanal, os quase 400 quilômetros uniriam duas importantes cidades, Poconé e Corumbá, assegurando assim a integração de toda a região. Desde 1976, quando a construção foi paralisada à beira do Rio Cuiabá, em Porto Jofre, os dois municípios têm lutado para que os quase 250 km sejam enfim construídos, transformando a economia de toda região.
Chamada de caminho do paraíso e comparada à época do início da construção à obras como a Transamazônica e a Ponte Rio-Niterói, a conclusão da Rodovia Transpantaneira, como pensado no projeto original, ganha uma importância simbólica ainda maior, por conta da divisão entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A estrada seria a representação mais bem acabada de que o Pantanal, este bioma frágil e fascinante, segue sendo único, independentemente de hoje estar localizado em dois Estados diferentes.
Além da questão simbólica, a retomada das obras cumprindo seu traçado inicialmente previsto teria um grande impacto do ponto de vista econômico, ligando Poconé, uma cidade carente de recursos, investimentos e atividades econômicas sustentáveis, à fronteira com a Bolívia e com as demais cidades da região Sul. Do ponto de vista prático, traria um grande impulso à atividade pecuária, parte da mola propulsora de nosso país, o agronegócio.
Neste sentido, é importante salientar a luta de diversas pessoas na busca de recursos e da chamada vontade política, aquele ente que nunca vimos, mas que com certeza existe, para que este sonho se torne realidade. Nos próximos dias, a cidade de Poconé irá debater estratégias e alternativas para que a rodovia avance além de Porto Jofre, cruze o Rio Cuiabá e, enfim, chegue até Corumbá.
A louvável iniciativa é da vereadora Camila Silva, que tem buscado apoio junto aos deputados estaduais e ao Executivo no sentido de se retomar as obras. Tenho certeza que todo este trabalho, que conta com o apoio da grande maioria dos moradores da região, não será em vão e que o Poder Público compreenderá a importância cultural, histórica e econômica da conclusão desta obra.
Se na década de 1970 a obra da Rodovia Pantaneira foi parada por problemas estruturais, é certo que nestes quase 40 anos a engenharia brasileira evoluiu de forma significativa. Se desenvolveu ao ponto de ser capaz, tranquilamente, de concluir aquilo que foi e é sonhado, aliando desenvolvimento e sustentabilidade. Tenho a certeza de que Poconé e Corumbá, que hoje fazem parte de Estados vizinhos, comungam do mesmo anseio, o de que a integração fará toda a região melhor.
Fábio de Oliveira é advogado, contador e mestre em Ciências Contábeis.
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