1º Ato: Era mês de agosto ou setembro de 1962, quando eu e meus pais, começamos uma viajem para a Fazenda Amparo situada no Município de Santo Antônio de Leverger, seguindo pela BR 364 até o entroncamento para o a Colônia Penal de Palmeiras e dai mais 18Km chegando à nossa Fazenda. Partimos de Cuiabá e após três horas e meia, chegamos ao nosso destino. Alguns metros após a ponte sobre o Rio Coxipó, deparamos com o fogo ardendo dos dois lados da estrada, isso se estendeu até chegarmos ao nosso destino e durante todo o trajeto escutando a preocupação do meu pai se as suas invernadas de capim Jaraguá tinham sido afetadas. Viajamos em um túnel de fogo.
2º Ato: Meses de agosto e setembro na década de 1960. Em alguns finais de semana ou íamos caçar perdiz nos campos de Chapada dos Guimarães, São Vicente, ou até mesmos na estrada da Guia, Santo Antônio ou na região da Mutuca. Na maioria das vezes retornávamos sem caçar, pois os campos naturais estavam queimados. Nessa época a caça era permitida. Hoje é proibida e as perdizes não mais podem ser caçadas, porem quase foram exterminadas pela supressão da vegetação natural e principalmente pelos agrotóxicos usados em alta escala.
3º Ato: Mês de agosto de 1973. Em uma pescaria no Rio Teles Pires, seguimos pela BR 163, nessa época em construção. Durante o percurso que foi feito no período noturno até o amanhecer na travessia por balsa, o fogo ardia nos campos e cerrados. Depois de atravessarmos o Rio Teles Pires, entramos naquilo que tanto tem chamado atenção de todo o mundo, “A Mata Amazônica”. Chegando a Sinop seguimos então por uma trilha na mata até a margem do rio, em um túnel verde com arvores frondosas e uma camada úmida no solo formada pelas folhas ali depositadas.
O que quero dizer com isso é que os campos naturais e cerrados historicamente sempre queimaram, principalmente quando as condições climáticas são desfavoráveis, como ocorreu na década de 1960, e como ocorre hoje, quando estamos a mais de 110 dias sem precipitação. Esses campos e cerrados quando transformados em pastagem ou lavouras estão menos sujeitos ao fogo, e quando eles ocorrem, os equipamentos e ajuda de vizinhos, na maioria das vezes, conseguem debela-los, diferente como era no passado. Os índios habitantes dos campos e cerrados, Parecis, Bororos, Xavantes entre outros, fazem o uso do fogo para a caçada, colocando-o no sentido do vento e esperando os animais que deles fogem, em uma ação chamada de cilada. Na minha infância e adolescência, convivi com a bruma seca como chamávamos essa fumaça que encobre a luz solar e é prejudicia l à saúde. Apesar de o ICMBIO tomar conta do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, por ser uma área onde não existe nem agricultura ou pecuária, o fogo arde todos os anos, como hoje está acontecendo.
A floresta Amazônica não queimava e isso só ocorre hoje pala supressão total ou parcial da mata, que na sequencia para o plantio de pastagem ou agricultura, usa-se o fogo para a limpeza. Como todos sabem, nesse bioma só se pode fazer supressão de 20% da vegetação, que apesar de discordar desse percentual, muito pequeno, mostra como somos rígidos com a preservação desse bioma. Estamos ocupando a Amazônia, pois a nos pertence e não admitimos interferência externa. A camada úmida no solo, formada pelas folhas ali depositadas em milhares de anos, formam uma verdadeira proteção natural ao fogo, mesmo que um acidente natural, raio, caía sobre ela. Apesar de termos de protegê-la, também temos de tirar dela o sustento, e não é catando coquinho que teremos retorno financeiro às pessoas que lá residem.
Hoje, assim como no passado algumas personalidades mundiais, tem se pronunciado sobre a Amazônia. Al Gore; “Diferentemente do que pensam os Brasileiros, a Amazônia não é deles, e sim de todos nos”, na época Senador Americano. François Mitterrand; “O Brasil precisa aceitar uma soberania relativa sobre a Amazônia”, na época Presidente Frances. Mikhail Gorbatchov; “O Brasil deve delegar parte dos seus direitos sobre a Amazônia aos organismos internacionais competentes” Na época Presidente da Rússia; entre outros. Nestes últimos dias, o Presidente Frances, Emmanuel Macron, fazendo uso de cadeia de rádio e TV, disse com todas as letras que a soberania sobre a Amazônia não é nossa.
Quando o fogo arde na Califórnia, Grécia, Espanha e Portugal e em nossas redondezas como Paraguai e Bolívia, os ditos ecologistas preocupados com a vida no planeta, calam-se, deixando bastante evidente que os seus interesses são sobre a nossa Amazônia, rica em minérios, água e biodiversidade.
As ONGs sobre o comando principalmente de brasileiros, bancadas por recursos internacionais, são na quase totalidade dirigidas por esquerdistas, que vivem desses recursos, “GIGOLÔS DO MEIO AMBIENTE”.
Rubem Mauro Palma de Moura é Professor aposentado do DESA UFMT, é Engº Civil e Sanitarista, com especialidade em Hidráulica Saneamento pela USP e Mestre em Ambiente e Desenvolvimento Regional pela UFMT.
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