Sentimento destrói as amizades e corrói a alma de quem por ele se deixa dominar.
A inveja é uma experiência universal. É a dor do reconhecimento de que os outros têm aquilo que você não tem. Inadequação, insegurança, inferioridade. Pode ser vivida consciente e inconsciente. Quando ela não é admitida pelo sujeito que cobiça, pode ser notada em pequenos lapsos de comportamento, como perder um objeto daquele que é admirado ou fazer um comentário que deprecie a pessoa ou o produto do trabalho do sujeito. Quando ela é explícita pode até mesmo causar o extermínio daquele que é invejado. Muitos são os casos em que, não podendo alcançar a amplitude de habilidades do outro, a destruição é vista como a única solução. Só que o sentimento corrói o indivíduo, em vez de procurar superar a falta de talento através do crescimento individual, acaba se aniquilando juntamente com seu alvo.
O relacionamento com uma pessoa invejosa é difícil, pois ela acaba se tornando obsessiva, quando não despertar a tempo para o problema. Se o companheiro é competente vai se tornar um obstáculo em sua vida. Se, ao contrário, é visto como insatisfatório, a depreciação contínua pode matar o relacionamento.
O sentimento denominado inveja, culpa e gratidão, a saída é compartilhar aquilo que despertou o sentimento. O invejoso se sente, muitas vezes, culpado de querer eliminar a quem admira e por nutrir tal câncer em sua personalidade. Mas ele poderá superar o fato, admitindo-o e tentando alcançar a plenitude almejada ao dividir os lucros com outra pessoa.
O sentimento é muito comum contra aqueles que se sobressaem em relação ao mestre. É o caso do professor obscurantizado pelo aluno que se torna um profissional de sucesso enquanto ele continua a repassar ensinamentos. É freqüente quando, por exemplo, o filho se sai melhor que o pai, desenvolvendo a mesma atividade. E ocaso se torna sério quando um casal se dedica a mesma profissão e um deles se destaca mais que o outro. Certamente cada pessoa em algum momento da vida sentiu inveja; no entanto, ela pode ter se confundido com outros dois sentimentos: a cobiça e o ciúme.
O ciúme baseia-se no amor e visa à posse do objeto amado com a remoção do rival.
A inveja, ao contrário, é uma relação a dois, na qual o sujeito vive a experiência face a uma qualidade revelada pelo outro. Supõe, ainda, certa idealização do objeto, já que só o apreende parcialmente. O objeto se revela inalcançável para o sujeito.
O invejoso está sempre se comparando aos outros e perdendo a oportunidade de viver sua própria vida. Na competição está sempre atrasado, porque ficou esperando para ver o que outro fazia e se certificar de que fazia pior.
Pesquisa junto ao Jornal o Estado de Minas.
Wilson Pires de Andrade é jornalista em Mato Grosso.
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