O governador Mauro Mendes acaba de propor à sociedade de Mato Grosso um pacto pra gestão. Na realidade, ele está dizendo que o governo do Estado está sem condições de se gerir por problemas financeiros e do funcionamento da máquina administrativa. A desconstrução da estrutura do Estado não é coisa que se faz de um dia pro outro. Leva tempo. Leva descasos. Leva má gestão. E, principalmente, leva erros de percepção dos cenários.
Pacto é apenas uma palavra. Mas a ideia é muito séria. É a confissão de que o governo de Mato Grosso está na UTI. A questão é sair de lá e dar aos cidadãos garantias de que o Estado pode responder aos serviços públicos de sua responsabilidade. Não tem respondido. Não vou citar números aqui. O fato é que os cidadãos estão saturados de pagar impostos e vê-los sendo gastos pra dentro da própria estrutura do governo. Perdem-se os esforços sociais nas folhas de pagamentos dos poderes, nas dívidas e no custeio de um governo que responde mal nos serviços que lhe cabe prestar.
Pacto é, portanto, um acordo. Não tem outro sentido. Significa que todos os cidadãos e todos os negócios de Mato Grosso terão que participar de um vasto acordo em benefício da governabilidade. Mas só será um acordo se ele alcançar a todos. Começando pelas estruturas dos poderes. Grandes gastadores e na maior parte das vezes gastam de maneira irresponsável. Com baixíssimos resultados pro cidadão. O governo existe pros cidadãos. Não pra si mesmo.
O pacto deve levar em conta que a sociedade está atenta a eventuais proteções aos interesses das corporações que compõem a estrutura do Estado. Como em tantas outras vezes a sociedade contribuiu. Aqui se incluem funcionários públicos, empresários e até mesmo os poderes. Donas de grande poder de influência na opinião pública as corporações vão chiar muito, se fazer de vítimas, argumentar as suas extremas necessidades e tentar sabotar o pacto.
Aqui entra a parte crucial da exequibilidade do pacto. O governador, se quiser sucesso, terá que fazer um pacto com a sociedade pra garantir forças políticas que lhe permitam enfrentar as corporações públicas. É de lá que virá toda a resistência contra quaisquer transformações em favor da governabilidade do Estado. O monstro não está fora. Está dentro das estruturas do governo. Quem entra nos palácios governamentais percebe que ali se gasta muito com coisas supérfluas do que com as coisas de primeira grandeza.
Pacto é decisão muito séria. Não pode ser usado no varejo. É decisão suprema. Com via de duas mãos. A de dentro e a de fora. Se se desmoralizar a ideia, acaba a governabilidade. A bolha de benefícios e de impunidade das estruturas do governo não se sustentarão se do lado de fora matar a fé popular. Confiança é fator subjetivo direto.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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