Com tristeza, li a notícia de freezers com toneladas de pescado encontrados, em plena piracema, entre Santo Antonio do Leverger e Barão do Melgaço.
Congratulo-me com a ação dos agentes do Estado, porém imagino ser apenas uma parcela do que ocorre por lá.
Nossos cursos d'água são atacados de forma inconsequente e até infame, diariamente.
Lenine de Campos Póvoas, historiador, autor de história Geral do Mato Grosso, disse: "se não houvesse o Rio Cuiabá, a tentativa de povoar a região teria resultado em desastre".
Os Bandeirantes utilizavam as vias fluviais na busca de escravos e ouro. Em 1722, Miguel Sutil encontrou a maior jazida do mundo. Garantia-se, com isso o povoamento da região, estendendo-se da Prainha para o Coxipó. Paralelamente, as enchentes fertilizavam as terras. Nasciam os engenhos de açúcar e a criação de gado.
O Rio Cuiabá já perdeu 19 afluentes e tornou-se esgoto natural. E na medida que a população aumenta, o volume de água diminui e os ribeirinhos ignoram as leis. A UFMT concluiu um estudo com a pergunta: "Haverá àgua para tanta gente?"
Quando fui vereador propus uma lei proibindo o descarte de qualquer lixo em vias públicas, inclusive papel e cigarro, gerando multa aos infratores.
Pois toda essa sujeira jogada pela população, desembocará no rio ou em seus afluentes. Sem dúvida, essa e outras medidas devem ser melhor ativadas.
Queremos um rio Tietê de São Paulo aqui? Há décadas de tentativas de desassoreamento e despoluição, mas
com pálidos resultados.
Opino como urgente uma campanha de conscientização popular e rigor na fiscalização da preservação do ambiente. Os habitantes devem zelar por sua própria sobrevivência e denunciar os infratores.
Salvem os rios! Salvem a todos!
Faissal Calil é advogado, ex-vereador por Cuiabá e foi eleito para deputado estadual por Mato Grosso pelo Partido Verde.
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