• Cuiabá, 21 de Novembro - 00:00:00

Dúvidas e coragem

            O Brasil entra em 2019 com tudo por resolver: relações internas e externas. Mato Grosso entrará com dúvidas e necessidade de coragem nas questões financeiras e na condução da gestão. Depois do governo Pedro Taques, a gestão está muito confusa. Lembra o período do governo Dante de Oliveira de 1995-2002.  Em 1995 ele assumiu  devendo 2 em cada 3 reais que arrecadava. Mais ou mentos como agora, quando sobram R$ 1,86 em cada R$ 100 reais arrecadados.

            O governador Mauro Mendes entra numa encruzilhada horrível: discutindo aumentos de impostos para o agronegócio, o principal setor da economia estadual.

            Mas existem outras importantes dúvidas a serem enfrentadas. O gasto de pessoal acima do limite da Lei de Responsabilidade Fiscal. Leis de categorias de funcionalismo público irreais e causadoras do rombo principal nas contas. Custeio sob fraco controle. Repasse aos poderes incompatíveis com a realidade estadual. Despesas crescentes e fora do controle. Arrecadação crescente mais inferior à arrecadação. Aqui é inevitável comprar o momento atual e o governo de Mauro Mendes, que se inicia com o inicio de Dante de Oliveira. Claro que os tempos são outros, a realidade é outra. Mas o problema se parece muito.

            Em 1995 o governo tinha 10 mil funcionários públicos contratados irregularmente sem concurso mesmo depois da Constituição de 1988. Foram demitidos. Medidas super-amargas para a fraca economia estadual da época, foram adotadas a elevadíssimo custo político. Além das demissões fechou-se o Banco do Estado de Mato Grosso, privatizou-se as Centrais Elétricas, municipalizou-se a Cia. De Saneamento. Fechou-se empresas públicas de habitação, de armazenamento e de apoio da gestão, a famosíssima Codemat.

            O desgaste político do governador foi imenso. Mas foi também reconhecido. Tanto, que ele foi reeleito em 1998, vencendo dois ícones da política estadual de então, os ex-governadores Júlio Campos e Carlos Bezerra. Recordo-me que essa reforma fiscal pareceu um terremoto num estado de população pequena de 2 milhões 498 mil habitantes e a economia muito fraca. Mato Grosso tinha rebanho bovino de 13 milhões, contra os atuais 30. A soja era a única produção agrícola: 4 milhões de toneladas, contra os atuais 30 milhões. Todos sobreviveram.

            Então, encerro este artigo, partindo dessa comparação, com uma constatação: se tiver que reformar, que se reforme no começo da gestão e se mostre resultados a partir de então. Mato Grosso está precisando dessa coragem pra dar as respostas nacionais e mundiais que dele se espera. Mas não com a gestão pública consumindo tudo que o Estado produz.

 

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

onofreribeiro@onofreribeiro.com.br   www.onofreribeiro.com.br         



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