• Cuiabá, 21 de Novembro - 00:00:00

Re-construção

            Nenhuma grande nação tornou-se grande sem passar por algumas encruzilhadas longas e dolorosas. Tenho muito gosto pela História. Nenhum império da antiguidade tornou-se império sem antes passar por provas terríveis. Nenhuma grande população tornou-se grande por milagre ou por doação divina. Tudo teve que ser construído. Dediquei grande parte da minha vida a estudar a história egípcia.  Império poderosíssimo da antiguidade construído em cima de esforços imensos. Quando esse esforço diminui ou fraqueja a História cobra o preço: o fim do império!

            A Europa só saiu do absolutismo monárquico depois de séculos de sofrimento e, por fim, a Revolução Francesa. Mas a revolução destruiu milhares de pessoas. É um preço alto que se cobra nessas circunstâncias. Assim a História foi construída. No correr desta semana vi alguns filmes sobre as guerras na Ásia: na Malásia, na Coréia, no Vietnã e no Cambodja, além do clássico “As cartas de Iwo Jima”. Sofrimentos incalculáveis pra mudar o correr da História.

            O que tem isso a ver com o Brasil? perguntaria o leitor. Tem tudo a ver. Somos um país nascido da pesada colonização portuguesa na América. Era um projeto predatório de arrancar o máximo de extrações possíveis, sem compromisso com qualquer tipo de futuro. Acabamos por nos tornar uma nação, mas profundamente contaminada por aquela ideia original de submissão.

            Tudo isso pra chegar em 2018 onde, pela primeira vez, surge efetivamente na cena uma opinião pública brasileira que só agora se mostra nascendo. Demorou 518 anos. Desde sempre fomos uma colônia mal libertada do domínio português.

            O que se vê na eleição de 2018 é uma onda de opinião pública caminhando numa direção. O mérito é que não se trata de uma onda provocada pelo marketing. Mas pela percepção nacional de que a política mal conduzida como veio nesses anos, é capaz de destruir uma nação grande ou pequena,

            Não importa o resultado. A verdade é que, bem ou mal, o próximo presidente da República e os chamados poderes não poderão mais reinar absolutos encarapitados no alto dos seus privilégios e bem-estar pagos por 205 milhões de outras pessoas.

            Por fim, parece-me que depois desta eleição, quaisquer governantes serão efetivamente policiados e julgados pela opinião pública. Aliás, muito revoltada com a colonização do cruel Estado sobre todos nós.

 

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

onofreribeiro@onofreribeiro.com.br    www.onofreribeiro.com.br



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