• Cuiabá, 21 de Novembro - 00:00:00

Cuiabá 300 anos

Desde que o prefeito Emanuel Pinheiro assumiu não escrevi nada a respeito. Tenho sido bastante cobrado. As pessoas querem saber o que esperar dele como prefeito. Não faço idéia do que ele pensa. Ainda é cedo. As promessas de campanha em geral morrem no fim das campanhas. Penso que não seria diferente. A realidade é muito mais dura do que o romantismo da campanha.

Mas, se não posso dizer o que dele se espera, posso dizer o que a cidade espera dele. Vou ater-me a um único fato: os 300 anos da fundação de Cuiabá. Em 1969 os 250 anos foram comemorados com muitas festas. Era outro tempo. A cidade ainda não tinha 100 mil habitantes. Era uma cidade provinciana perdida no Centro-Oeste do Brasil. Hoje não. A população chega aos 600 mil habitantes e de algum modo a cidade reflete a cara de um estado de 3 milhões de habitantes.

Quando prefeito, Wilson Santos criou em 2005 uma Comissão dos 300 Anos, da qual tive o prazer de participar. Ele contratou o arquiteto Rodrigo Vargas, pra estudar como revitalizar a cidade pro aniversário. Vargas entrevistou 40 personalidades da cidade pra ver a sua percepção sobre a cidade no momento e no futuro. Fui um desses entrevistados. A comissão nunca foi à frente. Um dia indo pra Brasília sentei-me ao lado de Rodrigo Vargas e começamos a conversa pelo resultado das entrevistas. Ele disse-me que desistiu no meio, quando percebeu que as personalidades eram pessoas maduras e só enxergavam o presente da cidade. Passou então a entrevistar jovens, na esperança de que eles falassem do futuro.

Acertou, disse-me ele. O que os jovens lhe disseram desejar nos 300 anos de Cuiabá? Querem uma cidade com muitos espaços de convívio que permitam relacionamento social e cultural. No geral eles querem qualidade de vida e condições de bem viver. De um lado, são empreendedores. De outro querem viver bem. Aqui aparece a solução do velho conflito iniciado nos anos 1970, quando chegavam os migrantes do Sul e Sudeste. Eles consideravam os cuiabanos acomodados e os cuiabanos os consideravam cascas grossas, ou “paus rodados”. Passados mais de 40 anos, todos são e serão cuiabanos já na terceira geração.

Respondo aos leitores. O prefeito Emanuel Pinheiro não pode perder de vista essa percepção psicossocial dos novos e dos velhos cuiabanos. Independente de obras que possa fazer, cuidar da vida das pessoas talvez seja a sua maior tarefa. Aliás, já foi o tempo em que apenas obras definiam o programa dos prefeitos. Hoje a pauta é cada vez mais a qualidade de vida dos cidadãos.

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

onofreribeiro@onofreribeiro.com.br    www.onofreribeiro.com.br



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