Imagens têm poderes inusitados. É muitas vezes difícil de dimensionar qual é a sua força. Um interessante exercício para discutir como uma foto pode conduzir destinos está no filme sul-coreano ‘A câmara de Claire’, que junta o talentoso diretor Hong Sang-soo e as carismáticas atrizes Isabelle Huppert e Kim Min-hee.
A obra tem um enredo simples. Uma jovem que trabalha com a venda de filmes no Festival Cannes é demitida pela chefe inesperadamente sob a alegação de que seria “desonesta”. O motivo verdadeiro é o envolvimento da moça com um diretor de cinema, objeto de desejo de sua chefe.
Em paralelo, Claire, uma fotógrafa e poeta francesa, que acompanha uma amiga no mesmo Festival, conhece esses três personagens e faz fotos deles. Tudo gira em torno desse quarteto (o cineasta, a vendedora de filmes, sua subordinada, sul-coreanos, e a fotógrafa francesa). Os diálogos são lentos e delicados; e as tensões entre os quatro são administradas por conversas em cafés, na praia e em restaurantes.
Aparentemente despretensioso, o filme encanta por tratar de algo que cada vez parece termo mais medo: relacionamentos humanos. Os diálogos bem construídos e os silêncios apontam para os curiosos intervalos que tornam a vida mais fascinante e onde momentos aparentemente banais podem ser decisivos, principalmente quando buscamos escolher as palavras e as imagens certas.
Oscar D’Ambrosio é mestre em Artes Visuais e doutor em Educação, Arte e História da Cultura, é Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
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