O setor de construção civil, de acordo com o IBGE, é formado por dois grupos. Um grupo das atividades relacionadas diretamente à "indústria" e outro ao de "serviços".
O grupo relacionado à "indústria da construção" compreende os segmentos de construção de edifícios propriamente dito, obras de infraestrutura como a construção de rodovias, ferrovias e diversas outras obras como dutos, portos e de esgoto.
O grupo relacionado ao "serviço da construção" compreende as atividades relacionadas à incorporação de empreendimentos imobiliários, dos corretores imobiliários, serviços diversos de conservação e de manutenção, demolição e preparação de terrenos e ainda outros serviços como o de dragagem, obras de acabamento, plantas e diversas outras atividades relacionadas à montagem de instalações industriais.
De acordo com o IBGE, a participação porcentual da "indústria" da construção civil era de 6,3% em 2010 e reduziu para 3,3% em 2020. A participação dos "serviços" relacionados às atividades imobiliárias era de 8,3% em 2010 e aumentou para 10,3% em 2020. A soma destes dois grupos de atividades era de 15,6% em 2010 e passou para 13,6% em 2020. A soma pode mostrar uma pequena diferença quantitativa, porém, a mudança na participação porcentual dos dois grupos formadores do setor revela uma mudança no desempenho.
A menor participação de obras da "indústria de construção" ao longo da década traz a perspectiva de valorização dos imóveis no médio e longo prazo. Um dos efeitos é o de "carry-over" diferenciado para cada grupo. A menor participação da "indústria" pode indicar a redução no "carry-over" deste setor com efeitos progressivos no tempo. Durante a última década, de maneira progressiva, ocorreu menos investimentos no setor, resultando na menor participação deste segmento.
É frase comum afirmar que o desempenho do mercado da construção civil acompanha a performance da economia brasileira. Com uma participação porcentual de quase 15% no valor adicionado do PIB, esta informação procede, entretanto, a alteração significativa em sua composição indica uma mudança na estrutura nos recursos voltados para o setor, muito menor para a "indústria" e maior para "serviços", estes últimos mais voltados a aspectos como adequações, conservação e manutenção de obras já realizadas, sem significar expressivos investimentos em novas obras. Estas novas obras, por seus efeitos sobre emprego e aumento na renda, devem também receber maiores benefícios, mesmo que sejam indiretos, sobre aqueles que atualmente lhe são destinados.
Agostinho Celso Pascalicchio é doutor em Ciências; mestre em Teoria Econômica pela University of Illinois at Urbana-Champaign/USA. Bacharel em Ciências Econômicas (FEA-USP) e professor do curso de Engenharia de Produção na Universidade Presbiteriana Mackenzie.
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