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Só pensam naquilo  

  • Artigo por Alfredo da Mota Menezes
  • 29/10/2020 09:10:28
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             O presidente Bolsonaro deu cascudo público no atual Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, ao desautorizar o Ministério na compra de 46 milhões de doses da vacina chinesa do Instituto Butantã.

             A brusca ação teria viés politico e ideológico. Ideológico porque a vacina viria da “comunista” China e politico porque o governador de São Paulo, João Dória, que tem entendimento para produzir no Brasil essa vacina, é suposto adversário de Bolsonaro para 2022.

            O recuo público de Bolsonaro sobre essa vacina pode ter sido um erro politico. Se ele vai em frente com o que o Pazuello queria fazer, em pouco tempo o governo federal seria, perante a opinião pública, o dono da vacina da China, além daquela de Oxford. Agora, com o recuo, quem faturaria politicamente seria o governador de São Paulo, se a vacina da China for a primeira a sair. Se Bolsonaro tivesse tomado aquele espaço, ganharia com isso.

            Ouve-se agora gente do governo paulista falando que, com essa vacina, que o Dória trombeteia ser o líder na compra, seriam vacinados todos os brasileiros e não somente paulistas. Levou o assunto para o plano nacional depois do escorregão politico do Bolsonaro em defenestrar seu Ministro da Saúde e negar aceitar aquela vacina.

            E a esquisita briga também se estendeu para questão da obrigatoriedade ou não de se tomar a vacina. E poderia se estender ainda para o lado da Anvisa. Não vai o governo federal querer usá-la nessa briga.

Tomar a vacina ou não vai acabar indo ao STF. Bolsonaro anda arrepiado com essa alternativa. Não quer também liberar dinheiro para a compra da vacina chinesa. Governadores dizem que se cotizarão e farão a compra, se necessário. Ou alguém vai ao STF e este determina o governo federal a botar recursos nessa compra. Tudo ainda no campo das hipóteses, claro.

    Se ocorrerem fatos como esses, seria politicamente ruim para o Bolsonaro. Volto ao ponto ali de cima: se ele aceita a tese do Pazuello seria dono dessa vacina, também e tiraria o discurso do Dória. Deu munição politica para o outro.

 Num momento de problema na saúde, personagens da vida nacional só pensam naquilo, como diz a comediante de um programa humorístico da televisão.

         A coisa está tão estranha, neste momento nacional, que pessoas que gostam do Bolsonaro seguem seu ponto de vista, como no caso da cloroquina, contra a obrigação de tomar vacina e muitos falam que a vacina da China é “comunista”.

        E agora começaram a mandar mensagens atacando a masculinidade do Dória. Já pensou se o outro lado decide também atacar o Bolsonaro? Já imaginou como vai ser a eleição em 2022?           

 

Alfredo da Mota Menezes é Analista Político.

E-mail: pox@terra.com.br   Site: www.alfredomenezes.com         



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