Desde a discussão da RGA dos servidores públicos estaduais, depois as sucessivas greves no Detran, as greves e ameaças dos agentes penitenciários, somadas às outras greves e ameaças, acenderam luzes amarelas no olhar da sociedade com o serviço público. Não só as greves a única causa das luzes amarelas se acenderem. A baixa eficiência dos serviços prestados, o descompromisso generalizado, o concursismo desenfreado, trazem mal-estar.
As universidades entraram na paranoia de formar concurseiros e desprezar o empreendedorismo sob a bandeira da estabilidade. Aos poucos transformou o serviço público em ilha da fantasia. Com a péssima educação recebida ao longo da vida, os jovens acreditam nessa fábula e focam o seu projeto no emprego público.
Aqui entra o tom central deste artigo. O servidor nem, é tão culpado de suas atitudes corporativas. Ao se inscrever no concurso, ninguém lhe disse sobre a sua missão. Se foi aprovado, além das comemorações, nenhuma outra informação. Finalmente ele entra, passa por um estágio probatório que não avalia ninguém e se torna efetivo. Intocável. As leis de proteção corporativa são extremamente lenientes. Não cabe discutí-las aqui.
Na greve no Detran cerca de 900 servidores estabilizados prejudicam os proprietários de 1 milhão e 900 mil automóveis emplacados no estado. Paralisam por tempo indeterminado sem a consciência política e crítica de que estão prejudicando negócios, empregos e até os impostos que lhes pagam os salários. Falta-lhes, como à maioria, a noção política da cidadania e da carreira profissional.
Como resolver isso? Com a educação profissional continuada. Antes, porém, antes da admissão deveriam obrigatoriamente passar por um curso de iniciação ao serviço público. Conhecer os valores da cidadania, a visão, a missão e os valores do Estado e dos serviços que ele presta à sociedade que o mantém com os impostos recolhidos dos cidadãos. Esperamos ansiosos que o governador Pedro Taques, por sua origem como servidor público, potencializasse a Escola de Governo nessa direção. Não o fez. Sua gestão está marcada por greves e pelos serviços públicos discutíveis.
Hoje as universidades corporativas fazem parte da estratégia de grandes empresas. Menos do serviço público, o maior empregador individual de Mato Grosso. Educação continuada, reciclagem de cidadania e formação técnica. Ao final de cada greve voltar à escola pra reaprender sobre cidadania e calcular os prejuízos causados à sociedade. Não vejo como continuarmos com uma massa de 100 mil servidores públicos agindo pela cabeça de sindicatos politizados que “colonizaram” a massa de servidores e fizeram deles uma ferramenta de agressão à sociedade. Por greves e por ineficiências generalizadas. Só a educação conserta isso!
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
onofreriribeiro@onofreribeiro.com.br wwwonofreribeiro.com.br
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