Cada um tem suas expectativas sobre as promessas, obras e ações que deveriam ser comemoradas nos 300 anos da capital. Tenho as minhas também.
Começo pela inacabada construção do novo hospital Júlio Muller. A obra, numa associação UFMT e governo do estado, começou em 2012, foi interrompida em 2014. Chegou-se a acreditar que o hospital seria concluído até o aniversário de 300 anos da capital.
Dificuldades quase inexplicáveis impediram que, nos seus 300 anos, Cuiabá tivesse um hospital público com mais de 350 leitos. Se associado aos 350 leitos do Pronto Socorro, Cuiabá estaria numa posição confortável no atendimento à saúde pública.
Pensava-se também que Cuiabá teria um atendimento acima de 80% em coleta e tratamento de esgoto nos seus 300 anos. Obrigações contratuais da concessionária CAB previa chegar a esses números. Saiu a CAB, que não fez nada, entrou outra empresa e aquele sonho sobre o saneamento tem que ser postergado para anos à frente. Com esgoto tratado se teria outro presente no aniversário dos 300 anos: menos poluição nos rios Coxipó e Cuiabá.
O Parque de Exposição Jonas Pinheiro está sendo renovado. A ideia não é ter ali somente exposição de gado ou rodeios. Pretende ser lugar para grandes eventos do agro e também de feiras de negócios tipo aquelas de Ribeirão Preto e Bagé. Chegou-se a acreditar que se teriam neste ano ainda grandes encontros do agronegócio naquele espaço.
Com isso, Cuiabá poderia se transformar na capital nacional dos eventos maiores do agronegócio. Um título que se imaginava que aconteceria agora nos 300 anos. Eventos de negócios ajudariam a aumentar o turismo na cidade. E daqui se poderia ir ao Pantanal, Chapada e outros lugares.
O voo para Santa Cruz de la Sierra é outro assunto não resolvido. Mato Grosso do Sul recebe cerca de 80 mil turistas estrangeiros por ano. A maior parte vem dos países andinos através do voo Santa Cruz a Campo Grande. Lá tem, aqui não. Com governo estadual novo e aeroporto de Várzea Grande passado para a iniciativa privada, talvez se resolva esse assunto mais à frente.
Pensava-se também que se teria algo diferente no chamado Centro Histórico de Cuiabá. Não se resolveria todo esse assunto, mas que, nos 300 anos, apareceria pelo menos um plano de curto, médio e longo prazo para deslanchar essa promessa.
Turista não vem a Cuiabá para ver viadutos, quer gastronomia, música regional, arquitetura, museu ou, em síntese, conhecer a história do povo do lugar. Salvador, São Luiz, Recife e tantos lugares ganham dinheiro com turismo nos seus renovados centros históricos.
Falar no VLT é voltar a um tema frustrante e de custo alto para o contribuinte. Tudo parado e com imbróglio jurídico pelo meio. Gastou-se 500 milhões de reais nos vagões que se esperava ver correr pela capital nos 300 anos. E, pior, o serviço mal feito rasgou avenidas, enfeando ainda mais a cidade.
Para os 300 anos, de concreto mesmo, somente o Pronto Socorro? Vixe.
Alfredo da Mota Menezes escreve nesta coluna semanalmente. ..
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