No último dia 21, a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso – Aprosoja, teve a delicadeza de me fazer uma homenagem pelos 50 anos de jornalismo, dentro do evento de premiação a jornalistas.
Foi uma grande surpresa. Completamente inesperada. Não um grande recebedor de homenagens. Na verdade, jornalista é um bicho muito solitário. E acaba se acostumando em fazer parte da paisagem, do lado de fora da moldura do quadro.
Meu filho André e minha esposa Carmem coordenaram todas as partes em sigilo. Nem de longe desconfiei. Um vídeo depoimentos de amigos de longa data. Fotos da minha história em Mato Grosso, desde a década de 1970. E por fim, depoimentos dos meus filhos André que mora em Cuiabá, Fábio que mora em Aracaju, Tiago que mora em João Pessoa e do neto Luka, filho do Marcelo que nos deixou em 2004 e que mora em Aracaju. Por fim, a Carmem, esposa de 55 anos, fez um longo depoimento emocionante.
Sou uma pessoa de personalidade comunicativa, mas muito reservado. Tenho uma vida social discreta e não costumo frequentar os lugares da moda. Acostumado a conversas reservadas e aos meus livros, discos e filmes. A homenagem da Aprosoja me pegou nesse estado de espírito.
Fui obrigado a fazer uma retrospectiva desses 50 anos como jornalista dos quais 47 em Mato Grosso. Assisti à chegada das migrações de sulistas, de gente do Sudeste, do Nordeste e do Centro-Oeste. Assim como vi Brasília nascer e se consolidar. Tive a felicidade de conviver com os pioneiros das migrações. Cito apenas três: Norberto Schwantes, que trouxe colonos do Rio Grande do Sul para o Vale do Araguaia. Convivi com Enio Pipino, que colonizou Sinop e região. Convivi com Ariosto da Riva que colonizou Alta Floresta e região. Convivi com os governadores de Mato Grosso desde 1976, tempo de heroísmo e de consolidação do sonhos de ocupar Mato Grosso e de torná-lo um estado produtivo.
Por isso, penso que associei os meus sonhos de jovem jornalista e esses pioneiros da fé e dos sonhos. Junto deles os meus próprios sonhos. Hoje cabelos grisalhos, 50 anos depois, reconheço que a capacidade de sonhar é capaz de produzir as mais fantásticas transformações. O Mato Grosso de 1976 avançou séculos pra chegar até os dias de hoje. Imagino o futuro como será...!
Encerro este artigo confessando a grande emoção que senti. Em geral sou do tipo que não expõe as suas emoções. Chorei e confesso! Porém, espero não outros 50 anos no jornalismo, mas o tempo que for possível. É a pátria dos meus sonhos, como os de tanta gente construtora. Imagino o futuro daqui a 50 anos. Mas não estarei mais pra assistir! Porém, vi o suficiente...!
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso.
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