• Cuiabá, 21 de Novembro - 00:00:00

As chineladas de dona Júlia

           Nas últimas semanas os quadros eleitorais e as posições de candidaturas começam a ganhar corpo. Mas repetem o mesmo jeito velho de se apresentar: xingando. Falando mal. Criticando. Não parecem ter percebido que o país se cansou da velha política que sempre se fez desse jeito. Na gíria dos anos 1960 se dizia “manjado” quando alguma coisa requentada surgia de novo. Está muito manjado esse jeitão velho de criticar pra aparecer.

            Vamos aos fatos. Nenhum partido tem mais legitimidade de criticar. Malemá, como diziam os velhos cuiabanos, pra propor algo. Os candidatos estão todos dentro da mesma pasta de descrença do eleitor.

            No entanto, o que se vê são candidatos aos cargos majoritário de governador e de senador se criticando mutuamente e se colocando na posição de magistrados. Todos os brasileiros, mesmo sabendo por intuição que iam se ferrar de algum modo, apoiaram a paralisação dos caminhoneiros porque ela lhes dizia que era um tipo de ruptura. Mas essa informação não chegou aos meios políticos. Ainda vigora a noção de que todos os eleitores são bobalhões que se encantam em ouvir críticas de ocasião e da boca pra fora.

            É inacreditável que a sucessão de recados que vem da população não sejam lidos pelos postulantes. Ninguém quer críticas porque sabemos que são mercadorias oportunistas. Queremos saber de resultados. Os serviços públicos estão morrendo cada dia mais e as respostas não viram com as criticas. Elas virão de proposições construídas com caráter, com conhecimento, com convicção e com compromisso patriótico. É muita areia pra maioria dos caminhõezinhos que se colocam na fila de carga da eleição de outubro deste ano.

            A receita é velhíssima. Critica-se agora pra mais tarde justificar depois de eleitos a falta de planos e de conhecimento da realidade a ser enfrentada. Mercadoria mais fora de moda essa de criticar o que passou pra justificar a inatividade. E pra ganhar tempo até compreender minimamente o papel dos eleitos.

            Vergonhoso o papel das críticas genéricas de gente sem preparo. Deveriam estudar, voltar à escola e, de preferência, se não aprenderem, voltarem pra suas funções onde quer que seja e deixar que a sociedade avance. Tem gente melhor por aí.

            Minha mãe, Dona Júlia, tinha sobre os oito filhos uma autoridade corretora dura e humana. Mas não dispensava as chineladas quando necessário. Quanta falta ela faz nas eleições de 2018 aqui em Mato Grosso. Penso que no Brasil todo!

 

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso.

onofreribeiro@onofreribeiro.com.br   www.onofreribeiro.com.br



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