• Cuiabá, 21 de Novembro - 00:00:00

O Brasil que queremos

A maior rede de televisão do país lançou o desafio para os brasileiros gravarem um vídeo de quinze segundos falando do seu maior desejo para o país. Passados mais de um mês de exposição diária de vozes de brasileiros de todos os lugares já é possível afirmar que, na média, o brasileiro não tem a menor noção do que seria um país melhor que esse que temos.

No portal da emissora é possível ver e rever vídeos postados, para quem estuda ou gosta, é um laboratório de pensamentos e desejos muito interessantes para ser analisados.Devido ao fato das pessoas se identificarem se torna possível saber ou deduzir: local, classe social, sexo, faixa etária e grau de instrução.

São, na sua grande maioria,pessoas simples, quase sempre com baixo nível de escolaridade, moradores do campo ou da periferia.As exceções quase sempre recaemsobre estudantes do ensino médio ou em início de faculdade. Com graduação só é possível identificar professores, assistentes sociais, agentes de saúde e enfermeiros.

Também é possível constatar a baixa participação, ou nenhuma, de empresários, profissionais liberais ou fazendeiros, ou seja, o conjunto da classe média e classe alta não se expõe. Os motivos devem ser diversos, que vai da falta de tempo ao descrédito para com esse tipo de ação. Ou porque já estão satisfeitos, ou até mesmo porque muitos acreditam que há um filtro da emissora.Não tenho convicção, mas também não colocaria minha mão no fogo por ela, mas como afirmou Abraham Lincoln: “Você não consegue escapar da responsabilidade de amanhã esquivando-se dela hoje”.

 

Depois de ver e rever várias vezes um número significativos de vídeos, é possível perceber que há um conjunto enorme de brasileiros que não tem a menor noção para que serve o Estado. Também é possível entender que, na sua grande maioria, pensam em um país paternalista, cuja função é beneficia-lo sempre. O brasileiro tem um mundo só seu, os demais que se esforcem para se adaptar a ele.

Também é assustador perceber que pessoas de baixa escolaridade e pessoas com cursos superiores das profissões referenciadas neste texto não se diferem pelo conhecimento.Ou nossos analfabetos sabem muito ou nossas faculdades precisam rever com urgência o conteúdo que estão ensinando.Sem nenhum demérito para ninguém, mas quem tem diploma tem a obrigação de ter elementos agregados dissociados do senso comum.

Outro fator quase unanime é o fato de o brasileiro nunca se sentir parte do problema e nem responsável pelo processo, parece que o erro é sempre dos outros, tanto que seria interessante que depois do “Brasil que eu quero” fazer um “o que eu posso fazer pelo Brasil”.Até agora o que temos é um povo a espera de um milagre.

 

João Edison é Analista Político, Professor Universitário em Mato Grosso.



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