As eleições de governador e de senador em Mato Grosso mudaram de aparência no fim das convenções.
A eleição de governador mudou significativamente com a entrada da candidata Márcia Pinheiro, esposa do prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro. A disputa vinha morna aparentando que o governador Mauro Mendes disputaria sozinho a sua reeleição. O prefeito Emanuel Pinheiro, rival pessoal do governador, vinha lutando pra ter protagonismo na eleição. Temia ficar de fora e ao fim do seu mandato, em 2024, cair no esquecimento. No finalzinho do período das convenções lançou a esposa candidata a governador.
Conseguiu dois pontos. Um, ser protagonista e manter a rivalidade com o governador no mais alto nível de tensão. O outro, mudar a cara da eleição de governador. De que forma? A entrada de uma candidata feminina com a alma ferida pelas sucessivas crises políticas do marido, com grandes reflexos familiares, iniciadas com a estória do paletó, há alguns anos. Mais importante, porém, é a possibilidade de construir um discurso social adequado ao momento que vive o país.
O governador Mauro Mendes tem a cabeça de engenheiro. Pragmático, não tem o perfil do político tradicional. Sua visão tem sido a desenvolvimento da gestão e do desenvolvimento econômico clássico: obras relevantes na infraestrutura. Esse discurso estava correndo tranquilo para a sua reeleição sem uma rival feminina.
Já Marcia Pinheiro, se vier magoada e com o discurso adotado pelo marido na prefeitura, de humanizar a gestão, cai dentro da vertente social que pressiona o país. O presidente Jair Bolsonaro apanha justamente nessa área. Nesta eleição de 2022 o discurso social pragmático dará a tônica.
Aqui aparece o governador tendo que mudar sua visão para a área social se quiser escapar da crítica que só pensa em obras físicas e nos ricos. O discurso social cairá no gosto dos eleitores. O clima social está no ar. Por outro lado, as mulheres estão na linha de frente nesta eleição.
Na prática, a eleição mudou. Mauro Mendes precisará mudar o discurso do desenvolvimento econômico para uma vertente social, casando as duas pontas. Tipo: uma obra física servirá pra que? O eleitor está muito mais interessado em compreender em que esta obra mudará s sua vida, do que ter a obra mas sem a sua explicação social. O país inteiro navega assim.
Sobre a disputa no Senado vou deixar pra amanhã. É outra eleição, com outras demandas e ofertas e uma relevância grande para uma disputa que nunca emocionou o eleitor.
No geral, a eleição de 2022 em Mato Grosso virá de cara muito nova e muito mais emocionante! Duas candidaturas a governador fortes e muito polarizadas, num duelo inesperado.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso.
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