• Cuiabá, 23 de Novembro - 00:00:00

O buraco negro

            A um passo das eleições existem variáveis muito cruas. Uma delas e o voto propriamente dito. Uma arma do cidadão que os políticos precisam reverter em seu favor. A outra é a manipulação do voto pra escamotear um ambiente de deterioração em que se encontra o país. Pior. Nem os eleitores ou os políticos mostram compreender de verdade o estrago feito no país.

            O ambiente é o de terra arrasada. Vejamos o que está desmontado no Brasil. O professor Marco Aurélio Nogueira, aponta com precisão: “o país está em sofrimento. Desprovido de lideranças e ideias, soterrado por problemas recorrentes: corrosão da ética política, a inoperância dos partidos, a pobreza, a baixa qualidade do sistema escolar, a violência, a corrupção endêmica e sistêmica, fraqueza moral das elites, os pactos oligárquicos. As instituições que ainda mostram vigor, são abaladas por decisões erráticas, como acontece com o STF”.

            É uma sentença dura. Um país de 205 milhões de habitantes, potencialmente rico chegar a esse ponto de desmonte! Cabem reflexões também muito duras.  No fundo faliu a política. Mas por que faliu? Aí nós voltamos ao que de pior tem hoje na política brasileira: os partidos. Na sua concepção são aglomerados de pessoas afins, com princípios filosóficos comuns e o desejo de produzir transformações na sociedade seguindo uma linha de raciocínio.

            Desde o regime militar de 1964 a 1985, a essência dos partidos políticos foi jogada no liquidificador tirou-se de lá se tirou o que deu. No correr do tempo só foi piorando porque o sentido de partido foi transformado em sentido de agrupamentos de interesses com donos registrados no cartório. O passo seguinte foi tomar os governos de assalto depois de uma bem sucedida operação de coligações partidárias.

            De poder dos governos, a noção de gestão saiu dos trilhos da ética e da eficiência para a construção de projetos políticos para projetos de poder do provinciano ao federal. Esse ambiente de caos não parece que vá melhorar nos próximos anos. Os atuais detentores de mandatos eletivos construíram um sistema para eles próprios. O que quer dizer que a próxima legislatura ainda continuará sob a batuta dos partidos políticos atuais e dos seus eleitos de pouca legitimidade.

            O ambiente de caos só será modificado se houver pressão das ruas. Mas de que ruas?

 

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

onofreribeiro@onofreribeiro.com.br   www.onofreribeiro.com.br



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