A chegada de Carlo Ancelotti à Seleção Brasileira foi cercada de exigências. Estrutura, autonomia e liberdade técnica – tudo aceito pela CBF. Afinal, trata-se da Seleção, nossa paixão nacional. Nesse contexto, com a devida licença poética e sem juízo de valor, mas e se a Seleção fosse a Democracia? A CBF, o TSE? Os jogadores, os candidatos? E os técnicos, os profissionais de Marketing Político?
No futebol, entende-se que desempenho depende de escutar quem conhece o jogo. Na política, esse diálogo ainda tem muito espaço pra crescer. Estratégias eleitorais responsáveis, criativas e éticas são parte fundamental do processo democrático, mas os profissionais por trás delas seguem pouco valorizados – apesar de sua contribuição essencial.
Um exemplo claro ocorreu em fevereiro de 2024, quando como presidente do CAMP (Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político), participei da audiência pública do TSE que revisava as regras eleitorais. De forma firme e respeitosa, alertei a ministra Cármen Lúcia sobre o risco das deepfakes: "Nossos eleitores não estão prontos para distinguir o certo do errado, o real do fake, e as consequências podem ser catastróficas. Essa vedação expressa é crucial. Não podemos dar margem para algo que tenha fake no nome."
O resultado? A principal revisão feita pelo TSE foi a proibição expressa das deepfakes nas eleições. A medida reduziu a desinformação, fortaleceu a confiança pública, protegeu a integridade do processo eleitoral e fomentou um debate político mais saudável. Em última análise, fortaleceu a Democracia.
Esse é apenas um exemplo de como ouvir os "técnicos da política" pode gerar avanços concretos. Nesse espírito, o CAMP realiza em 2025 a quarta edição do Prêmio CAMP da Democracia, a maior premiação do marketing político eleitoral e governamental do país. Uma iniciativa vital para valorizar os profissionais que informam e mobilizam o povo brasileiro a ser cidadão ativo.
A lição de Ancelotti é clara: ninguém vence sem planejamento, técnica e escuta. Se valorizarmos a Democracia como valorizamos a Seleção, construiremos vitórias que não se medem em gols – mas em cidadania, justiça e participação popular. E, quem sabe um dia, possamos, enfim, construir vitórias coletivas. Porque, no fim das contas, Democracia também é jogo coletivo. E ninguém levanta taça jogando sozinho.
*Bruno Hoffmann é presidente do CAMP — Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político.
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