A cada dia ouço mais a defesa da volta dos militares ao governo no Brasil. Direito de defender seus pontos de vista, todos tem. Mas a História sempre é grande conselheira.
Em 1964 os militares assumiram o governo no dia 1º. de abril, depois da derrubada do presidente João Goulart conhecido como Jango. Nos dias, meses e anos seguintes tomaram uma série de medidas duras, completamente impensáveis hoje em dia. Vou citar algumas:
1 – fecharam o Congresso Nacional por tempo indeterminado
2 – através de ato institucional, uma invenção jurídica deles, cassaram o mandato parlamentar de dezenas de deputados federais e senadores adversários
3 – censuram o Poder Judiciário e fortaleceram o judiciário militar
4 – revogaram a Constituição de 1946, a melhor que o país já teve, e impuseram uma constituição com direitos restritos dos cidadãos e ampliou os direitos do Estado
5 – cassaram mandatos parlamentares sempre que achavam justificado, entre eles os apoiadores civis da tomada do poder por eles
6 – cassaram o mandato do ex-presidente Juscelino Kubitscheck
7 – exilaram do Brasil ativistas políticos de esquerda
8 – fecharam novamente o Congresso Nacional, cassaram mais mandatos e editaram uma lei eleitoral chamada Pacto de Abril de 1977, absolutamente totalitária
9 – em dezembro de 1968, editaram o Ato Institucional no.5. que tinha mais poderes do que a constituição e dava ao governo poderes ampliados
10 – censurou-se a imprensa e as artes
11 – haveria muita coisa mais a citar que não caberiam nos dias de hoje sem forte reação da sociedade.
Assumir pra governar nas mesmas condições políticas atuais seria impossível porque a formação militar não passa pela politica tradicional. Militares, por sua natureza profissional ocupam espaços estrategicamente.
Fica, então, a quem defenda essa opção, a questão: aos militares interessa entrar para a política e governar no tabuleiro do xadrez de partidos, de corrupção sistêmica, de coligações podres, de corporativismo dos poderes e do funcionalismo público?
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso.
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