Antes que se inventasse o relógio media-se o tempo pela ampulheta. Era um vidro dividido ao meio por onde escorria por um tempo convencionado determinada porção de areia. Depois virava-se a ampulheta a começava a contagem de um novo tempo. Assim, sucessivamente. O tempo atual lembra muito a ampulheta. Venceu um tempo e está começando outro. O leitor deve estar pensando que viajei na maionese...
O que está se vendo no mundo é uma enorme virada da ampulheta. Demora um tempo mas ela está virando. Significa tempos novos com valores novos.
O Brasil está virando na mesma proporção. Claro que cada país ou região muda segundo a sua realidade. O Brasil experimenta um desmonte e abre espaços para a reconstrução. Coisa que as gerações jovens terão que conduzir. As gerações maduras de hoje ou com mais de 45 anos serão apenas mapa de referência. O GPS será dos jovens.
Mato Grosso também. As divulgações da televisão na última semana são demolidoras. Mas são também transformadoras. Caem os últimos grãos de areia de uma ampulheta envelhecida. Nova areia. Novo tempo. Novos protagonistas. Métodos políticos novos. Sei que é muita reconstrução num tempo curtíssimo. Mas a ampulheta já virou. Junto, caem conceitos velhos e nojentos como ideologias, partidos políticos sem missão, políticos negociantes, desperdício e roubo do sofrido dinheiro público.
Terão que mudar a educação e os educadores, a gestão e os gestores, as universidades e os seus professores burramente politizados, terão que mudar os parlamentos e suas representações, a justiça e os seus julgadores, o Ministério Público e os seus promotores justiceiros. Os empresários e as suas empresas. A vida e os viventes. O trabalho, os trabalhadores e as ferramentas de trabalhar.
Tudo isso dói muito em todos nós. Mas nunca se mudou nada senão pela criação e a superação de conflitos. Quanto maiores os conflitos maiores e melhores as transformações que virão depois.
Sugiro que todos tenhamos à mão, senão uma lanterna, elo menos uma vela pra iluminar a nova ampulheta que já chegou! Sem deixar a vela apagar...
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
onofreribeiro@onofreribeiro.com.br www.onofreribeiro.com.br
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