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Fronteira Brasil-Bolívia

  • Artigo por Alfredo da Mota Menezes
  • 21/04/2022 08:04:46
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                A apreensão de cocaína em Mato Grosso e pelo Brasil aumentou muito nos últimos tempos. Isto ocorre pelo trabalho das forças de segurança e também porque deve está entrando muito mais dessa droga no país vinda principalmente da Bolívia. Quais motivos poderiam levar a essa realidade atual?

                Houve um trabalho conjunto dos EUA e do governo colombiano de combate a grupo de guerrilha da chamada Farc ou Forças Armadas Revolucionárias Colombianas em regiões de matas quase inacessíveis. Sem mais apoio da ex-União Soviética, o dinheiro para manter o movimento guerrilheiro vinha da produção de cocaína.

             Não que a Farc fizesse isso diretamente, davam suporte aos produtores de cocaína que viviam em seu território de guerrilha. Os fatos indicam que, em troca, recebiam um percentual que mantinha a guerrilha.

                Os EUA e a Colômbia derrotam as Farc, forçam um acordo, e ponto final naquele movimento. Gentes que produziam cocaína na Colômbia saíram do país e não foram, por exemplo, para o Peru. Ali havia sido derrotado também o Sendero Luminoso, outro grupo de guerrilha.  

                Comenta-se que parte desses produtores possa ter ido para a Bolívia. Neste país havia também um acordo de combate à produção e tráfico de cocaína com os EUIA.

             Evo Morales chega ao governo boliviano e rompe o acordo com os EUA. Mandou todo mundo embora. A Bolívia sozinha iria fazer esse embate. Era difícil o governo boliviano combater os produtores de cocaína local, imagine com a chegada de gentes de fora.  

                Bolívia não tinha condições materias e humanas para isso. O país tem uma produção legalizada de coca, ali se masca a folha. Mas, junto com isso, tem o excesso e é este que vai para a o tráfico ilegal. Não esquecer que Evo Morales, antes de chegar à presidência, fora presidente do sindicato de produtores de coca (legal) do Chapare.

                Sem aquele acordo com os EUA, com a Bolívia sozinha para “combater” a produção e trafico de cocaína, abriu-se para a entrada de produtores escorraçados da Colômbia e Peru.

            Não seria interessante uma pesquisa para saber mesmo se produtores de cocaína da Colômbia foram para a Bolívia? E, se não for verdade, por que aumentou tanto a produção de cocaína no país vizinho? Ou não é nada disso e o que ocorre é somente uma maior apreensão pelas forças de segurança?  

                Mais uma vez volta-se ao assunto: o Brasil tem que buscar um acordo de combate à produção e tráfico de drogas com a Bolívia. Incluir até outros países. Temos 3.400 km de fronteira com a Bolívia, aí incluído os 900 km de MT com o país andino. 

             Tem acordo do Brasil com o Paraguai sobre drogas, armas, carros roubados, por que não com a Bolívia?  Mato Grosso do Sul se beneficia diretamente com isso. Se vier um acordo amplo com a Bolívia, MT se beneficiaria. É hora de trabalhar isso em Brasília.

 

Alfredo da Mota Menezes é professor, escritor e analista político.

E-mail: pox@terra.com.br   site: www.alfredomenezes.com



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