• Cuiabá, 31 de Julho - 2025 00:00:00

Mineração, IA e logística: a tríade para o Brasil liderar a nova economia energética


Thomas Gautier

A corrida global por minerais estratégicos e novas tecnologias na mineração redesenha o cenário na indústria. Muito se fala sobre o avanço tecnológico dentro das minas para obter ganhos de eficiência e sustentabilidade. No entanto, também é preciso olhar para fora delas, como em vias de acesso e estradas até fábricas e portos. Em um país de dimensões continentais, o transporte rodoviário digitalizado se mostra parte da solução para tornar a mineração ainda mais competitiva.

Segundo estudo de 2024 da KPMG com mais de 1.300 CEOs, em um ambiente de incertezas econômicas, quase 2/3 dos executivos dos setores de Energia e Recursos Naturais, incluindo mineração, têm como prioridade investir em Inteligência Artificial. Nesse contexto em que as empresas vêm buscando entender como soluções de IA garantem retorno, o transporte rodoviário apresenta um cenário consolidado de inteligência de dados.

Antes do boom de IA Generativa, a logística digital já vinha de um processo em que registra a redução de até 20% nos custos de frete. Com data analytics, houve um salto em nível de serviço, o que se traduziu em cargas que chegam das minas aos portos e outros destinos em menor prazo e rotas melhores. 

No digital, a frota a serviço da mineração passa a circular de modo mais previsível. A eficiência da nova economia passa pela estrada. Os dados em tempo real ajudam a reorganizar a agenda de transporte dos caminhões. Colocam um número maior de motoristas qualificados à disposição das empresas e agilizam as respostas deles às demandas de frete. O monitoramento dos fluxos permite reduzir despesas, como as de combustível e manutenção, colaborando para expansão das margens operacionais e a sustentabilidade. 

A tríade mineração, Inteligência Artificial e logística define um novo patamar de competitividade. A IA transforma a mineração por dentro, tornando-a mais preditiva e produtiva. O digital simplifica processos, facilita adaptações. Corta intermediários na contratação do frete, devolvendo às organizações maior controle sobre sua estratégia logística. A riqueza e a rastreabilidade dos dados reforçam a governança. A frota fica menos ociosa. 

A Vale, por exemplo, é reconhecida por utilizar a Inteligência Artificial em diferentes áreas, desde a gestão administrativa, passando pela logística em modais variados até a exploração do minério. Um case publicado sobre a empresa no MIT Sloan Management Review Brasil, indica que 1,5 mil modelos de IA já foram implantados em 70 projetos. Esses ganhos de eficiência também podem ocorrer nas estradas com a digitalização, beneficiando a nova economia energética, que depende das mineradoras. 

Segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), os investimentos previstos no setor entre 2025 e 2029 totalizam US$ 68,4 bilhões, o que representa um aumento de 6,6% em relação ao período anterior (2024-2028). Não dá para perder o ritmo. A mineração, uma das ponta de lança do PIB nacional, tem nesse momento de digitalização acelerada e incremento de capital a chance de incorporar inovações logísticas. 

As expectativas são favoráveis: a demanda chinesa por minério de ferro permanece resiliente e há um papel relevante de minerais na indústria para promover a transição das energias. Ao mesmo tempo em que a IA impulsiona os processos de mineração, as mineradoras fornecem os componentes para a inovação em IA acontecer, como materiais de semicondutores e dispositivos de armazenamento. 

Na nova economia energética, IA e logística serão fundamentais dentro e fora das minas. Nesses tempos, na mineração não vencerá somente quem extrai melhor. A liderança do mercado será conquistada por quem entregar mais rápido, com menos desperdício e mais eficiência. 

 

*Thomas Gautier tem duas décadas de experiência em grupos internacionais e assumiu como CEO do Freto em 2021. O executivo iniciou sua carreira na França e tornou-se CFO da Repom, no Brasil, em 2013. Em 2017, virou diretor-geral da Repom e, em 2018, passou a ser Head de Logística do Grupo Edenred, quando, em sua gestão, o Freto nasceu. 




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