• Cuiabá, 22 de Abril - 00:00:00

Após feriadão, dólar abre em queda com ameaças de Trump a chefe do Fed


Por Fábio Matos/Portal Metrópoles

dólar operava em baixa nesta terça-feira (22/4), em mais um dia de forte preocupação nos mercados com os ataques do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao chefe do Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano), Jerome Powell.

Na primeira sessão do mercado brasileiro após o “feriadão” da semana passada – não houve pregão na sexta-feira (18/4) nem na segunda-feira (21/4) –, a moeda dos EUA continua sofrendo desvalorização diante do temor dos investidores de uma possível interferência da Casa Branca na autoridade monetária norte-americana.

Também se mantém a preocupação do mercado em relação aos desdobramentos da guerra comercial entre EUA e China. No cenário doméstico, as atenções estão voltadas à participação do presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, em uma audiência pública no Senado.

Dólar

  • Às 9h25, o dólar caía 0,15%, a R$ 5,797.
  • Mais cedo, às 9h05, o dólar recuava 0,22% e era negociado a R$ 5,793.
  • Na última sessão da semana passada, na quinta-feira (17/4), a moeda dos EUA fechou em queda de 1,03%, cotada a R$ 5,80.
  • Com o resultado, o dólar acumula ganhos de 1,73% no mês e perdas de 6,08% no ano frente ao real.

Presidente do Fed na mira de Trump

No último fim de semana, em entrevista a jornalistas, questionado sobre a possibilidade de Trump demitir Powell da autoridade monetária, o diretor do Conselho Econômico Nacional, Kevin Hassett – auxiliar do presidente dos EUA para assuntos econômicos –, admitiu que o assunto está sobre a mesa.

“O presidente e sua equipe continuarão analisando o assunto”, afirmou Hassett, aumentando os rumores sobre uma possível saída de Powell do comando do Fed.

Na semana passada, Trump voltou a subir o tom contra o chefe da autoridade monetária e cobrou a redução da taxa de juros no país.

A elevação dos juros é o principal instrumento dos bancos centrais para controlar a inflação.

“Os preços do petróleo caíram, os alimentos estão mais baratos e os EUA estão enriquecendo com as tarifas. O ‘atrasado’ já deveria ter reduzido as taxas de juros, como o BCE [Banco Central Europeu] fez há tempos, mas com certeza deveria reduzi-las agora. A demissão de Powell não pode vir rápido o suficiente”, afirmou Trump.

“Espera-se que o BCE corte as taxas de juros pela sétima vez, e, no entanto, o ‘atrasado’ Jerome Powell, do Fed, que sempre chega ‘tarde demais e errado’, divulgou ontem um relatório que foi mais uma típica confusão completa!”, completou Trump.

Mais tarde, após receber a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, para um almoço, Trump reafirmou as críticas a Powell e indicou o desejo de afastá-lo do cargo: “Se eu pedir, ele vai embora”, afirmou.

Como se não bastasse toda essa especulação, Trump voltou à rede Truth Social na segunda-feira (21/4) e afirmou que há possibilidade de desaceleração da economia dos EUA em função da manutenção da taxa de juros no país.

“Com esses custos tendendo tão bem para baixo, exatamente o que eu previ que eles fariam, quase não pode haver inflação, mas pode haver uma desaceleração da economia, a menos que o ‘Sr. Atrasado’, um grande perdedor, reduza as taxas de juros agora”, escreveu Trump, atacando novamente o presidente do Fed.

Trump x Powell

Na semana passada, Powell disse que o tarifaço de Trump pode impactar a inflação no país, o que levaria o Fed a apertar novamente os juros.

“As tarifas são maiores do que os analistas previam, certamente maiores do que esperávamos, mesmo no nosso cenário mais extremo”, disse Powell, ao participar de um evento em Chicago (EUA).

“Podemos nos deparar com um cenário desafiador em que as metas do nosso duplo mandato entrem em conflito. Se isso acontecer, iremos considerar o quão distante a economia está de cada uma dessas metas e os diferentes horizontes de tempo em que essas lacunas poderão ser fechadas”, explicou o presidente do Fed.

Powell afirmou ainda que, apesar de a inflação ter desacelerado nos EUA, ela se encontra em patamar superior à meta do Federal Reserve, de 2% ao ano. Em março, o índice ficou em 2,4%, no acumulado de 12 meses.

Em sua última reunião, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Fed manteve inalterada a taxa básica de juros no intervalo de 4,25% a 4,5% ao ano.

Trump pode demitir o presidente do Fed?

A diretoria do Federal Reserve é composta por sete integrantes que cumprem mandatos de 4 a 14 anos – todos são indicados pela Presidência dos EUA.

A indicação para o cargo de presidente do Fed é definida pela Casa Branca e confirmada por uma votação no Senado norte-americano a cada 4 anos.

Em 2022, Jerome Powell foi indicado pelo então presidente dos EUA, Joe Biden, para um segundo mandato à frente do Fed – que termina em maio de 2026.

O entendimento majoritário nos EUA é o de que o presidente do Fed não pode ser removido do cargo sem que haja uma “justa causa”. Há, no entanto, um caso pendente de decisão pela Suprema Corte do país que remete a um precedente estabelecido há 90 anos, em 1935.

A assessoria jurídica do governo Trump deve analisar as possibilidades legais de afastamento de Powell por uma decisão do presidente. De qualquer forma, provavelmente o caso chegaria à Suprema Corte dos EUA.

Galípolo no Senado

Além das preocupações com o ambiente externo, os investidores brasileiros também acompanham nesta terça-feira a participação do presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, em uma audiência no Senado Federal.

O chefe da autoridade monetária brasileira participa de uma audiência pública da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. O tema deve ser justamente a política monetária levada a cabo pelo BC.

Bolsa de Valores

As negociações do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), começam às 10 horas.

No último pregão da semana passada, na quinta-feira, o índice fechou em alta de 1,04%, aos 129,6 mil pontos.

Com o resultado, o Ibovespa acumula queda de 0,47% em abril e alta de 7,79% em 2025.




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