Luciano Vacari
A Torre de Babel surge a 1ª vez no livro dos Gênesis, segundo o antigo testamento Deus ao perceber que os homens que falavam a mesma língua haviam se juntado, pregou uma peça misturando todas as línguas e espalhando os homens pelo mundo. Pronto, todos falavam, e ninguém se entendia.
Quando uma família tem algum problema, o mais comum é que os demais se juntem em uma mesa para conversar, discutir e resolver o problema de todos. Já nas grandes corporações, quando surge um problema grave é convocado o conselho de executivos, formado por pessoas altamente qualificadas, que em muito pouco tempo conseguem ter uma visão do todo, criar uma estratégia, e implementar a solução.
Mas e quando o cidadão brasileiro ou o país tem um problema, o que acontece? Bem, nesse caso o caminho é bem mais longo.
Normalmente o tempo gasto entre o problema se instalar no país e ser percebido pelo cidadão não é tão pequeno assim. E a coisa fica pior quando se leva em consideração o tempo gasto para que o governo perceba o problema. E como tudo pode piorar, o tempo gasto para que as autoridades resolvam o problema é uma eternidade, isso quando se resolve não é mesmo?
Para o problema chegar na esplanada dos ministérios é preciso muita mobilização social, gritaria e várias e várias notas na imprensa, cobrando o governo. Outra maneira é quando a base, ou seja, aquele sujeito mais politizado que tem o contato de algum parlamentar no celular liga, explica e aí se começa outra via de cobrança igualmente legítima, afinal o parlamentar é o representante do povo. Pronto, agora sim com a cobrança popular ou do parlamento o problema vai começar a ser discutido entre os muros da esplanada.
Aí são reuniões e reuniões que pela ordem criam um grupo de trabalho, depois uma comissão até chegar na mão de quem tem a caneta. Nesse momento reuniões em salões glamourosos acontecem. São mesas montadas em formato de “u”, para que todos se vejam, e é lógico, para que todos sejam vistos resolvendo o problema. Estão ali os mais importantes atores com capacidade decisória do país, cada um com 1 ou 2 assessores e assim como na Torre de Babel todos falam, e ninguém se entende.
Vamos a 1 caso concreto e recente, a crise dos preços dos alimentos!
Um ministro diz que vai ficar tudo bem, que a estiagem fez com que os preços aumentassem, mas que vai ficar tudo bem. Aí vem outro ministro e diz que o preço dos alimentos está gerando pressão inflacionária e vai comprometer os juros no Brasil. Em seguida, outro ministro diz que é preciso ouvir as bases, conversar com o cidadão e aí vem a clássica ideia de “devemos fazer audiências públicas!”
Mais ao canto um assessor timidamente pede a palavra e diz, “Senhores, não acham que deveríamos ter dados técnicos? Vamos chamar a EMBRAPA, a CONAB e a academia para nos subsidiar com informações”, e logo é interrompido pelo chefe, dizendo que é preciso manter o foco. Por fim, após várias fotos e publicações em mídias sociais vem a decisão, vamos usar nosso poder da caneta e criar mecanismos artificiais de controle, como por exemplo zerar alíquotas de importação dos produtos.
Restringir a exportação ou facilitar a importação na esperança de que os preços baixem ao consumidor é um erro primário, por que além de não atingir o objetivo ainda compromete a competitividade dos produtores no médio e longo prazo, mas no curto prazo traz a sensação de que a culpa era da oferta restrita, e não era! Mas para os entendidos da esplanada o problema foi resolvido.
Terminou a reunião.
*Luciano Vacari é gestor de agronegócios e CEO da NeoAgro Consultoria.
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