Alfredo da Mota Menezes
A conversa do momento é sobre golpe de estado. Dá até para dividir o assunto por lugares, gentes e grupos diferentes. Começando pelas Forças Armadas.
Abundam os comentários sobre essa instituição nacional. Primeiro, mostrou uma divisão interna dentro de corporações diferentes, Exército, Marinha, Aeronáutica. No Exército ficou claro o posicionamento do general Freire Gomes contra a tentativa de golpe. Aparecem outros generais a favor e a coisa, assim dividida, não foi em frente. Lá atrás, em 1964, a união se mostrou mais forte e sabemos o que aconteceu.
Também para as Forças Armadas pegou mal falas de autoridades dali sobre o assunto. Mostrando um grupo, supostamente coeso e de pessoas preparadas, como o inverso disso. Virou piada em certos círculos os diferentes posicionamentos e argumentos mostrados na investigação da Policia Federal. E tudo publicado pela imprensa.
No plano internacional a coisa não ficou nada boa para as Forças Armadas. Jornais do porte do The New York Times, Washington Post, The Guardian, El Pais, todos mostrando as falas sobre o tal golpe e nas entrelinhas se percebe o ridicularizar da tentativa de golpe.
Nos EUA isso se mostrou mais forte. Historicamente aquele país esteve perto de derrubadas de governos e de criar ditaduras na América Central e Caribe. Espichou isso também para a América do Sul na década de 1960. A imprensa dali sabe muito bem como isso funciona. Mas, desta vez, como não havia apoio dos EUA para derrubar governo no Brasil, a imprensa passou a dar a notícia com um viés de humor pelo nosso comportamento.
No Brasil polarizado tem os que acreditam na tentativa de golpe e os que não acreditam. Estes ironizam os depoimentos e o trabalho da Policia Federal e a denúncia da Procuradoria Geral da Republica. Como Bolsonaro passou a ser inelegível, não especificamente por causa da tentativa frustrada, se tem argumentos de seus correligionários tentando mostrar que o ex-presidente não teve nada com isso. Que querem inviabilizá-lo para 2026.
Essa mostra da tentativa de golpe pela PF e PGR acaba machucando a busca de Bolsonaro em ter anistia e poder disputar a eleição de 2026. O Congresso ficaria inibido de caminhar por aí depois desse falatório todo sobre o golpe.
Impressiona o que tem de prova sobre isso. Impressiona mais ainda perceber que pessoas, supostamente entendidas das coisas do país, falando absurdas em celulares, e-mail, Zap e sei lá mais lá onde. Incrível o infantilismo digital dos tais golpistas.
A denuncia da PGR vai ao STF e ali Bolsonaro pode ser até condenado e preso. Falaram que seria na primeira turma do STF, agora, pela importância do assunto, querem que o plenário da corte julgue o ex-presidente.
Na outra ponta desse rolo nacional os bolsonaristas dizendo que vão reagir contra a condenação. Se o STF condenar Bolsonaro no plenário, como vão derrubar essa decisão? No Congresso? Os entendidos dizem ser quase impossível e, se ocorrer, o STF derrubaria de novo. Tarcísio de Freitas está de longe só esperando o resumo da opera em torno de Bolsonaro.
Alfredo da Mota Menezes é professor, escritor e analista político.
E-mail: pox@terra.com.br
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