Nos últimos dias, o estresse na curva de juros possibilitou surgirem oportunidades para os investidores de renda fixa. No site do Tesouro Direto, é possível ver taxas de retorno altas como, por exemplo, Tesouro IPCA + 7%, um nível de rentabilidade raro e poucas vezes visto antes. Também há taxas prefixadas pagando acima de 13%.
A demora na apresentação de um pacote de corte de gastos piorou o sentimento em relação ao fiscal, o que fez investidores cobrarem maior prêmio de risco nos títulos de dívida do governo. Um levantamento feito pela Quantum Finance mostra que, nos últimos 10 anos, o Tesouro IPCA+ 2029 nunca ultrapassou os 7% na ponta prefixada.
Para Andressa Bergamo, esse movimento de títulos atrelados ao IPCA oferecendo remunerações de IPCA + 7% reflete o prêmio de risco elevado, que surge do cenário macroeconômico com incertezas sobre o cenário fiscal, a inflação e possíveis ajustes na política monetária.
"A taxa adicional (o prêmio real) é, de fato, uma compensação que o mercado exige para lidar com o risco de desancoragem das expectativas inflacionárias. Essa desancoragem ocorre quando as expectativas futuras para a inflação se distanciam das metas estabelecidas, indicando que o mercado enxerga risco no controle da inflação, geralmente por fatores como uma política fiscal expansionista ou choques econômicos adversos", explica Bergamo. A precificação dos títulos atrelados ao IPCA nesse patamar alto demonstra, segundo ela, que os investidores exigem uma proteção significativa frente a um cenário inflacionário que pode ser persistente.
Andressa explica que esses títulos tornam-se atrativos para investidores que buscam proteção contra a inflação. "Porém, a atratividade pode variar de acordo com a estabilidade das expectativas de inflação e o movimento da Selic. Se as expectativas se desancorarem ainda mais, os títulos podem continuar pagando prêmios elevados. Para o investidor que deseja proteção e rentabilidade real, os títulos atrelados ao IPCA continuam interessantes, mas é essencial monitorar as projeções de inflação e as decisões do Banco Central sobre a Selic, pois elas influenciarão a precificação desses papéis no médio e longo prazo", diz.
Para o investidor que considera alocar esses títulos no portfólio, ela recomenda cuidado em relação ao vencimento, que é um aspecto importante a ser analisado.
"Títulos de vencimento mais longo, embora ofereçam prêmios maiores, são mais sensíveis às variações de taxa de juros, o que pode gerar volatilidade de preço. Assim, se o investidor tem um horizonte de longo prazo e pode tolerar essa volatilidade, os títulos com prazos mais estendidos podem ser interessantes pela possibilidade de uma rentabilidade real mais elevada. Já os títulos de vencimento mais curto são menos sensíveis a essa volatilidade, sendo opções mais conservadoras", complementa.
Andressa Bergamo é especialista em mercado de capitais e sócia-fundadora da AVG Capital.
Fonte: SHZ AGÊNCIA
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