Alfredo da Mota Menezes
Tem um fato sobre a eleição para prefeito em Cuiabá que chama atenção. É que, nas últimas cinco eleições, o candidato que o governador do momento apoiou não ganhou a prefeitura. Assim ocorreu nos dois mandatos de Blairo Maggi, nas eleições na capital de 2004 e 2008. Silval Barbosa em 2012; Pedro Taques em 2016 e Mauro Mendes em 2020.
Não é que o mandato do governador do momento esteja ruim ou coisa parecida. Não chega a esse ponto, mas, interessantemente, o eleito na capital não era o candidato do governador.
O último governador que ainda no mandato teve prefeito apoiado por ele e se elegeu foi Dante de Oliveira com Roberto França. Vejamos os casos recentes, aliás, já publicados na imprensa.
Em 2004, Blairo Maggi apoiou Sergio Ricardo no primeiro turno e Alexandre Cesar no segundo, Wilson Santos ganhou a eleição. Em 2008, Blairo ficou com Mauro Mendes e, no segundo turno, deu Wilson Santos.
Em 2012, Silval esteve apoiando Ludio Cabral, mas quem venceu a eleição foi Mauro Mendes. Em 2016 Pedro Taques apoiou Wilson Santos que perdeu para Emanuel Pinheiro. Na penúltima eleição, em 2020, Mauro Mendes esteve com Roberto França no primeiro turno e Abílio Bruinini no segundo e quem levou a eleição foi Emanuel Pinheiro.
O tabu pode ser quebrado nesta eleição, é uma pergunta em muitas rodas politicas. Eduardo Botelho, que tem o apoio do governador, aliás, são do mesmo partido, União Brasil, está à frente em todas as pesquisas até agora. Se hipoteticamente perder nessa posição a sina ficaria mais macabra ainda.
Se ganhar teria acontecido algo diferente depois de cinco eleições seguidas. O governo Mauro Mendes tem desempenho bom é poderá ajudar o Botelho. Mas, lá atrás, Blairo não emplacou seus candidatos em governo também de atuação administrativa bastante satisfatória.
Ainda sobre eleição neste ano na capital apareceu uma pesquisa perguntando o que o eleitor considerava mais importante num vereador para a câmara de Cuiabá. A grande maioria, 71%, dizia que o eleito deveria honrar seu mandato e preocupar mesmo com politicas públicas. Politicas que beneficie mesmo a maior parta da população local.
Um pouco acima de 14% da pesquisa diz que o eleito não priorize exclusivamente interesses do prefeito no legislativo. É um recado de que o vereador teria que ser mais independente, não fosse demasiadamente ligado a esse ou aquele prefeito para ter mais liberdade para criar politicas publicas de interesse da maioria e não do executivo.
E, por último, outros 14% dizendo na pesquisa que o vereador não assuma seu mandato já pensando em nova eleição. Não ficou claro se essa nova eleição seria para novo mandato de vereador ou outro cargo eletivo. É difícil na verdade alguém eleito não fazer trabalho em seu mandato sem pensar que possa beneficiá-lo numa nova eleição para vereador. Aliás, quase tudo gira em torno disso.
A verdade é que muitas pesquisas, aqui e fora, mostram que eleitores ficam decepcionados com suas escolhas para diferentes cargos nos legislativos. O candidato, em muitos casos, é um durante a eleição e outro depois de eleito. Coisa do mundo real.
Alfredo da Mota Menezes é professor, escritor e analista político.
E-mail: pox@terra.com.br
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