Por Rodrigo Rangel/Portal Metrópoles
No vídeo em que convoca um ato na avenida Paulista para o próximo dia 25 de fevereiro, chamou atenção o pedido de Jair Bolsonaro para seus apoiadores não levarem faixas ou cartazes “contra quem quer que seja”.
“Eu peço a todos vocês que compareçam trajando verde e amarelo. E, mais do que isso, não compareçam com qualquer faixa ou cartaz contra quem quer que seja. Nesse evento eu quero me defender de todas as acusações que têm sido imputadas à minha pessoa nos últimos meses. Mais do que discurso, (quero) uma fotografia de todos vocês (…) para mostrarmos para todo o Brasil e para o mundo a nossa união, as nossas preocupações, o que nós queremos: Deus, pátria, família e liberdade”, afirmou.
Trata-se de um típico recurso retórico.
Bolsonaro não disse textualmente, mas a mensagem está implícita: ao fazer o pedido, como quem busca produzir uma espécie de álibi, o ex-presidente quer mesmo é se desvencilhar de culpa caso, no ato, se repitam as já conhecidas manifestações de ódio contra o ministro Alexandre de Moraes e o Supremo Tribunal Federal.
Tudo para, depois, não ser acusado de seguir tramando contra as instituições.
Quem conhece a lógica do ex-presidente sabe que, ao pedir que os participantes do ato não levem faixas e cartazes (o que, muito provavelmente, vai acontecer), ele não está exatamente preocupado com isso – muito pelo contrário, até reforçou a ideia. O “apelo” foi apenas uma maneira de se proteger de mais enroscos.
Se ocorrerem os protestos, ele poderá dizer que orientou os seguidores em sentido oposto.
Recurso manjado
A tática de Bolsonaro de dizer ou fazer uma coisa enquanto espera outra já foi vista outras vezes.
Por exemplo, após a derrota nas eleições presidenciais, enquanto os acampamentos na frente dos quartéis fervilhavam e maquinavam o 8 de janeiro, ele ficou recolhido e em silêncio no Palácio da Alvorada.
Estava, diziam aliados, depressivo e com feridas infeccionadas em uma das pernas.
Apesar do sumiço da cena pública, seguia em permanente contato com seu estado-maior, que por sua vez tinha conexão direta com os acampamentos e, sabe-se agora, com os responsáveis pelo planejamento das invasões das sedes dos poderes em Brasília.
Depois, já às vésperas dos ataques, viajou para os Estados Unidos. Ficou bem longe da cena do crime.
A essa altura, já é uma tática para lá de manjada: Jair Bolsonaro opera sempre para fazer parecer que não está pessoalmente metido nas grandes encrencas.
Em tempo: o ex-presidente e seu entorno acreditam que conseguirão reunir meio milhão de pessoas na Paulista.
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