Oscar Soares Martins
Você chega à farmácia.
O atendente pede seu CPF, alegando que isso garantirá descontos em medicamentos. No calor do momento, e sem tempo para pensar nas consequências, você transmite a um desconhecido uma das suas informações mais sensíveis. Pronto. Você pode ter caído numa rede de compartilhamento ilegal de informações pessoais. E aí, meu amigo, não tem mais remédio que resolva.
Quem nunca fez isso que atire o primeiro dado!
Recentemente, uma rede de farmácias passou a ser investigada por vender os dados de milhões de clientes para a indústria farmacêutica. Ou seja, por meio desse banco de dados, a indústria passa a conhecer melhor sua clientela, aprimorando estratégias de marketing, distribuição e até mesmo ajustando preços.
Outro exemplo ocorreu nos Estados Unidos. Uma jovem de 16 anos começou a receber em sua casa propagandas de produtos típicos de gestantes, como cremes e fraldas. O pai, surpreso e irritado, ameaçou processar a rede de farmácias, alegando que estavam enviando produtos inadequados para sua filha menor. Antes de ingressar com o processo, recebeu a notícia de que sua filha realmente estava grávida. Como a rede sabia disso antes mesmo da própria filha? A inteligência artificial da empresa identificou, por meio da alteração nos produtos adquiridos pela jovem, sinais que indicavam uma possível gravidez, direcionando suas propagandas de acordo com essa descoberta.
Embora os exemplos que citei não envolvam perdas pessoais, é comum ouvirmos nos noticiários diários sobre golpes, roubo de valores, transferências não autorizadas e outros crimes digitais. Vivemos em um mundo digital no qual todos precisam estar atentos, exigir seus direitos, denunciar abusos e lembrar constantemente que nossos dados são o novo petróleo deste século. Todo cuidado ainda é pouco.
Devemos assegurar que aqueles que solicitam nossas informações para nos identificar estejam em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Existe um conjunto de responsabilidades estabelecidas por essa lei que todas as empresas são obrigadas a seguir, estando sujeitas a sanções, multas e penalidades em caso de descumprimento.
A LGPD visa empoderar o cidadão em relação ao uso, manutenção e proteção de seus dados. Portanto, é crucial que as pessoas conheçam essa legislação e saibam que têm o direito de exigir seu cumprimento em todos os lugares onde são solicitados seus dados.
Então na próxima vez que pedirem seus dados na farmácia, não esqueça de levar o remédio mais eficaz contra os cibercriminosos: a prevenção!
Oscar Soares Martins é consultor de cibersegurança.
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