• Cuiabá, 12 de Maio - 00:00:00

A variante veio alertar que a covid não acabou, assevera secretário Gonçalo de Barros


Rafaela Maximiano

Novas variantes da covid com registro de mais casos de internações pela doença, além da baixa procura pela vacina nos postos de saúde para completar o esquema vacinal anticovid, criam um cenário preocupante para as autoridades em Saúde no país.   

Sobre o assunto o FocoCidade conversou com o secretário de Saúde de Várzea Grande, Gonçalo de Barros. O gestor pondera que somado a esses fatores a “demonização” da vacina e a politização do assunto “prejudicou muito a ciência”.  

“Foi irresponsabilidade das autoridades do nosso país, que no momento de lidar com algo tão sério onde a ciência recomenda a vacinação, politizaram o assunto”, pontua.  

Na Entrevista da Semana, Gonçalo de Barros também fala do uso de máscaras faciais que volta a ser recomendado pelo Ministério da Saúde, os avanços que o município alcançou nos últimos dois anos na área saúde apesar da pandemia e os desafios a serem enfrentados.  

“Tivemos outro susto com a monkeypox, a varíola do macaco. Temos também uma preocupação muito grande com a dengue que por conta dos esforços concentrados no combate à covid... Mas, a principal dificuldade que temos é o que esperar da covid, nos próximos dois anos”, assinala o secretário.  

O FocoCidade defende e recomenda a vacinação de seus leitores. Confira a entrevista na íntegra e boa leitura! 

Secretário, passamos por um momento de estabilidade nos casos de covid e agora surge uma nova variante. Várzea Grande está preparada para possíveis novas ondas ou até uma nova pandemia? 

Várzea Grande tem planejamento desde o início e tivemos a felicidade de acertar nesse planejamento. Também tivemos todo o comprometimento dos trabalhadores da saúde, toda a garra deles, porque foi uma verdadeira guerra e ainda temos algumas preocupações. O município está preparado sim, diante daquilo que já passamos e já enfrentamos. Existe essa amarga experiência e adquirimos também uma forma correta para lidar com a pandemia.  

Mas, essa subvariante da Ômicron que já chegou ao país, já tivemos óbitos, causou uma preocupação a mais nas autoridades em saúde principalmente quanto à cobertura vacinal contra a covid estar bem aquém daquilo que precisaria estar. E isso sim causa uma preocupação real.  

Já tivemos casos dessa subvariante em Várzea Grande? E porque ela causa preocupação nas autoridades em saúde? 

Nem aqui em Várzea Grande e nem no Estado de Mato Grosso, tivemos o registro dela. E, a preocupação existe por conta do erro da condução de como enfrentar essa covid, que foi politizada no passado, que foi levada para a mesa política. Discussões complemente descabidas questionando a ciência em mesas políticas e eleitorais, o que não devia acontecer. E, pregou um otimismo para a população no sentido de que a covid estava superada – primeiramente foi dito que a covid não existia e por segundo começou a demonização da vacina – e, o país que tinha uma cobertura vacinal admirável mundo afora, aja vista o que acontece com a poliomielite, a paralisia infantil, que estava erradicada no país e que voltamos a ter casos. Hoje no país temos pouco mais de 50% a 60% da cobertura vacinal completa contra a covid. 

Essa demonização da vacina prejudicou muito. E, essa irresponsabilidade no momento de lidar com algo tão sério onde a ciência recomenda a primeira, a segunda dose e há a necessidade da primeira e da segunda dose de reforço. E qual é a realidade nacional: temos a terceira dose (que é a primeira dose de reforço) com apenas 50% do público que tomou as duas primeiras doses. E, a quarta dose apenas 11% de quem tomou a terceira dose.  

Então, a preocupação está em cima disso e não da variante. A variante veio alertar que a covid não acabou. A covid está submetida a um controle que a ciência impôs com a vacina, com a eficácia e a cobertura vacinal. Agora quem não tomou as doses de reforço tem uma cobertura menor, a imunidade vai baixando e expondo a pessoa à covid novamente.   

Na verdade, não tivemos aumento de casos de covid, mesmo pelas variantes, o que acontecia era uma subnotificação. Pois para muito a covid já acabou e ele acha que teve uma gripe ou mal-estar, porque tomou a primeira ou a segunda dose, os sintomas são leves e não foi nem testar. E, agora com medo dessa subvariante, aparecendo os sintomas foi testar e deu positivo e foram registradas oficialmente. Isso mostra o quanto a população foi malconduzida e o quanto a política eleitoral prejudicou a ciência.   

Especialistas defendem um uso inteligente das máscaras faciais e que ela seja incorporada aos hábitos de higiene da população, como uma forma de convivência com a covid-19 e também na prevenção de outros vírus, como gripes e resfriados, além do seu uso em ambiente fechados. O Senhor defende o uso delas? Acha que voltará a ser a obrigatório?  

Acho que isso vai depender muito de como a população vai se comportar em relação ao comparecimento à vacinação das doses de reforço. A covid vai ter um desdobramento de acordo com que a população se comportar. Está aí a vacina com sua eficácia comprovada, que tem protegido a população. Se tem o imunizante disponível em todas as unidades de saúde, porque não tomar ou esperar pegar a doença? Se a população se conscientizar e acho que todas as esferas públicas deveriam participar de uma campanha – Federal, Estadual e Municipal – para desmistificar e explicar sobre a importância da vacina, o que é fake news e deixar a ciência falar, tirar a política e os políticos desse assunto. É preciso resgatar a credibilidade da vacinação, acho que poderíamos usar como exemplo a questão da poliomielite. A que nível nós chegamos por conta de eleição, por conta de política.  

O que será necessário: se usar máscara ou não é o comportamento do povo que irá decidir. A máscara simbolizou a pandemia. Nada mais marcante que a máscara. Acredito que foi prematuro quando se retirou as máscaras em transporte coletivo, escolas, unidades de saúde e ligares fechados com aglomeração de pessoas. Ainda que não seja obrigatória é facultativa, mas tem que ter a cobrança do poder público, alertando.  

Atualmente o Ministério da Saúde recomendou através de instrução normativa para a volta do uso de máscaras nessas situações que citei, mas vamos levar também para o comitê gestor. Quanto a população acredito que só via acatar novamente o uso de máscara se o número de casos aumentarem, se os casos se mantiverem a população não via usar. E, se normatizarmos obrigatoriamente teremos um confronto.  

Várzea Grande sempre esteve à frente na vacinação contra a covid em relação a outros municípios do estado. Como está a vacinação agora?  

Das pessoas que se vacinaram com a primeira e a segunda dose, temos que um pouco mais de 50% apenas se vacinação com a terceira dose. E, a quarta dose apenas 10% desse público se vacinou. Essa porcentagem é de Várzea Grande, porém não é diferente do restante do país. Nós fazemos campanhas constantes, disponibilizamos a vacina nas 22 unidades de saúde e montamos um atendimento de prevenção no pátio da UPA Ipase, onde aplica todas as doses contra a covid. 

Repito: se vacinaram com a terceira dose de reforço somente 50% das pessoas que tomaram a segunda dose e a quarta dose apenas 25% das pessoas que compareceram para tomar a terceira dose. Qual a leitura desses números? Que a população acha que não tem mais covid. Essa população toda sem cobertura completa pode causar um caos, uma corrida aos postos em uma situação de retorno do aumento dos casos, e, por desleixo da própria população. E também pelo erro das autoridades superiores desse país que brincaram com essa situação.  

Estão previstas ações para chamar os cidadãos que não estão indo se vacinar e não completam o ciclo vacinal todo?  

É difícil. Sabemos que não podemos obrigar o cidadão a se vacinar. Não temos esse direito. Mas se lembrarmos do período de maior caos, quando tínhamos até 17 pessoas mortas no Pronto-socorro e pessoas vindo de outras cidades, era uma cena de guerra. Aí veio o alento, a vacina normalizando tudo. Eu paro para pensar e não acredito que a pessoa não queira se vacinar.  

O Ministério da Saúde já sinalizou aos municípios sobre uma vacina para as variantes da covid?  

Não. As vacinas ainda são as mesmas. Outras estão em fase de testes. As vacinas hoje são as mesmas aprovadas pela Anvisa no início da vacinação e estão sendo aplicadas com eficácia garantida. A partir da próxima semana o Governo irá enviar para Várzea Grande novecentas doses para crianças de 06 meses a dois anos e vamos começar a disponibilizar já na segunda-feira, dia 21 de novembro. A quarta dose está sendo disponibilizada para pessoas até 35 anos e dia 21, segunda-feira também, abaixaremos a idade para 30 anos. E vamos avaliar por 10 dias a possibilidade de abaixar para 25 anos.  

Apesar da baixa procura, não podemos vacinar fora a faixa etária, pois é um direito do cidadão com aquela idade específica receber a dose e temos que manter o planejamento pois elas podem vir e temos que ter a dose dela guardada.  

E como anda a Saúde em Várzea Grande. O que mudou na atual gestão, houveram avanços?  

Foi um desafio grande, houve avanços sim. Em dezembro de 2022 vão completar dois anos que estamos na saúde e, por um ano e meio a covid nos forçou a uma inversão de planejamento que tínhamos que era de fortalecer a rede primária, posterior a secundária, para poder chegar na terciária, pois uma complementa a outra. E, tivemos que começar pela terciária. Fomos em busca de proteger as mães e as crianças que estavam nascendo quando fizemos a maternidade – quatro meses e meio – e hoje já temos 2.500 crianças nascidas, com segurança e pré-natal. Isso é um avanço pois também nos possibilitou reestruturar o pronto-socorro.  

O Hospital e Pronto-Socorro de Várzea Grande hoje tem a ala clínica, a pediátrica, de trauma, são 30 leitos de UTI. Criamos uma sala vermelha com 18 leitos, que é um semi-intensivo, e, está nos ajudando demais. Estamos entregando agora duas Unidades Básicas de Saúde reconstruídas. Uma que pegou fogo no Jardim Imperial e será entregue em dezembro e outra que foi derrubada no bairro da Manga e reconstruída 100%. Já foi dada ordem de serviço para construção de uma unidade no bairro Maringá, Parque do Lago e São Mateus e o projeto das novas UTIs que estão em licitação, do Pronto-Socorro. Serão 30 leitos de UTIs e 11 semi-intensivos, na parte de baixo, dois elevadores, uma obra moderna que vai trazer conforto e segurança para a nossa população.  

Temos um projeto que aprovamos em Brasília, que é extremamente importante, que é o novo CRIDAC, uma obra de R$ 6 milhões e vai para licitação em janeiro de 2023, está pactuada e recursos garantidos. Vamos construir um Centro de Especialidade e Recuperação que precisamos, é uma unidade da rede de Cuidado à Pessoa com Deficiência. Hoje nós temos três CAPS, que funcionam em prol da saúde mental. Em janeiro de 2021 quando o prefeito Kalil assumiu tinha 380 portadores de deficiência que recebem mensalmente insumos como fraudas e medicamentos, hoje são 1035 cadastrados e recebendo esses insumos. Uma área muito importante, pois, são pessoas não podem ficar sem essa assistência e é direito deles. Reformulamos as farmácias, a farmácia do Pronto-Socorro por exemplo tem um atestado de regularidade federal, uma situação que não existia.   

O Hospital e Pronto-Socorro também foi credenciado e pela primeira vez, para residência médica e já está implantado esse projeto. Isso sem falar dos equipamentos que compramos para equipar a maternidade e um projeto para modernizar o pronto-atendimento infantil, quando deixaremos o Pronto-Socorro somente para urgência e emergência. Acredito que até fevereiro de 2023 estará implantando. E também criar os consultórios ginecológicos, onde já compramos todos os equipamentos, já estamos preparando e reformando as salas. Serão seis consultórios ginecológicos, um em cada policlínica, para fazer o pré-natal das mulheres várzea-grandenses por região. Esses consultórios terão prontuários compartilhados com a maternidade, será a saúde plena.  

São evoluções e conquistas que podemos enumerar apesar desse período difícil da pandemia que vivemos.  

Quais os maiores problemas que ainda serão enfrentados pela gestão na área da saúde nos próximos dois anos?  

A principal dificuldade que temos é o que esperar da covid, nos próximos dois anos. Tivemos outro susto com a monkeypox, a varíola do macaco, que tivemos de criar rapidamente um espaço só para atendimento dessas pessoas. Na UPA do Cristo Rei, com duas salas para internação. Era exatamente no espaço onde queríamos fazer a pediatria da UPA e não pudemos pois ainda estão aparecendo casos e não sabemos como vai ser. Temos também uma preocupação muito grande com a dengue que por conta dos esforços concentrados no combate à covid, houve um crescimento da dengue e já estamos prevendo problemas muito sérios com ela em 2023 para todo mundo, mas já estamos nos preparando. Esses são os maiores desafios sem contar que temos que continuar avançando em todos os outros atendimentos. A Saúde precisa sempre melhorar 1000%, sempre o que fazemos é pouco. 




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