• Cuiabá, 13 de Maio - 00:00:00

José Medeiros: nós estamos sob ruptura. É um complô para tentar derrubar o presidente


Rafaela Maximiano - Da Redação

Para o deputado federal de Mato Grosso, José Medeiros, do Podemos, os episódios recentes de ataques ao Supremo Tribunal Federal e a reação dos ministros de pedirem investigação sobre o cantor Sérgio Reis e outras personalidades públicas são na verdade “partidos sem representação política no Congresso que têm usado o STF como plataforma de ataque ao presidente Jair Bolsonaro... Eles pedem e os caras vão concedendo esses pedidos sem fundamento”, declarou. 

Medeiros acrescenta que os ministros Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso e Edson Fachin, adotaram “uma postura de forma a criminalizar quase todos os atos do presidente e praticamente hoje estar ao lado do presidente é um ato de coragem e uma possibilidade de ser preso a qualquer momento”. 

Na Entrevista da Semana ao FocoCidade, Medeiros também fala sobre a postura do presidente Jair Bolsonaro na pandemia, a CPI da Covid que ocorre no Senado, o ataque a jornalistas pelo presidente da República, a visita de Bolsonaro a Mato Grosso, eleições 2022, entre outros assuntos. 

“Em relação ao voto impresso teve responsabilidade dessa mesma mídia nacional, porque eles estão tudo junto, é um complô só pra tentar derrubar o presidente da República e tudo que ele propõe é considerado ilegal, imoral e engorda!” 

Boa Leitura! 

Deputado, que análise o senhor faz da postura do presidente Jair Bolsonaro em relação a pandemia, levando em consideração inúmeras vezes o presidente ter tratado a covid como “gripezinha” e ter levado milhões de seus eleitores a uma posição negacionista? 

Olha, primeiramente, eu quero cumprimentar todos do FocoCidade, cumprimentar todos que acompanham o site.  

A gente tem visto que, não importa o que o presidente diga, vão sempre distorcer. Principalmente parte daqueles que foram desmamados da Secom. O presidente quando fez a sua fala sobre a pandemia, ele justamente dizia que algumas pessoas iam morrer, outros ficariam em estado grave e para alguns não passaria de uma gripezinha. E de fato, é isso que ocorre. Na minha casa, por exemplo, nós pegamos covid quase todo mundo junto, meu filho mais velho ficou bastante ruim, minha esposa e eu tivemos um grau médio e minha filha não teve nada, absolutamente nada. Então, é assim, mas resolveram se pegar na coisa da gripezinha. O Drauzio Varella que fez o mesmo comentário, foi normal, para ele não falaram nada, era o Drauzio Varella. Então, quando se trata do presidente dá essa dimensão negativa muito grande porque o objetivo é desgastar.  

Com relação à sua fala na pandemia, seu comportamento na academia, suas ações, o que a gente vê é que desde o início da pandemia ele dizia “vamos combater o vírus e vamos ao mesmo tempo cuidar dos empregos”. O presidente não fechou um botequim sequer durante a pandemia. Agente viu o seguinte: tinha o protocolo Mandetta, que era fique em casa. As pessoas ficaram em casa, os governadores todos baixaram até polícia, nem todo mundo podia trabalhar e hoje a gente vê aí todo mundo criticando o presidente jogando a culpa da fila do osso em cima dele. Então, o que a gente vê é esse tipo de coisa, tomaram as decisões, mas não querem se responsabilizar. 

Muitos políticos e especialistas acusam o presidente de ser o responsável pelo atual quadro de escassez de vacinas - já que demorou para decidir sobre aquisição de imunizantes... Qual sua avaliação? 

Esse foi outro ponto como o presidente enfrentou a pandemia. Em agosto de 2020, o presidente já tinha dinheiro alocado para quando aparecesse uma na vacina – para quando aparecesse no mercado, não tinham inventado ainda a vacina, o Brasil tivesse preparado para comprar. E de fato, começaram depois uma cantilena de que o Brasil sofreu atraso, porque não respondeu o e-mail da Pfizer. Isso foi conversa fiada. A primeira vacina que um ser humano tomou no mundo contra a covid foi em dezembro de 2020 e em meados de janeiro já o Brasil estava vacinando.

Quer dizer, e você veja que não houve esse atraso essa coisa toda que o Brasil acaba de ultrapassar os Estados Unidos em termos de vacinação de adultos, aí na primeira dose e está entre os primeiros colocados. Como que um presidente, cujo país está entre os primeiros colocados em vacinação, pode ter negligenciado a questão da vacina. O barulho que fizeram todo foi por causa da coronavac que o presidente dizia: ”eu só compro, eu só vou fazer depois da aprovação da Anvisa. Não vou aplicar nos braços das pessoas uma coisa que eu não tenho certeza se funciona ou não”.

Pronto, politizaram e disseram que ele não queria comprar a Coronavac por causa do Doria e tanta coisa. Quando foi aprovado pela Anvisa ele comprou não só a Coronavac como também a Astrazeneca que ele já vinha negociando. Queriam também que ele comprasse a Pfizer a toque de caixa, no preço que a Pfizer queira. A Covaxin, saiu um imbróglio na CPI por causa de um documento que tinha um erro formal que foi corrigido e estão fazendo o maior cavalo de batalha. Então, assim, é uma luta na verdade que está acima da pandemia para desgastar o presidente. 

O senhor teme os eventuais resultados da CPI da Covid para a imagem do presidente?  

Sim já interferem. É um desgaste que fazem todos os dias. É como uma ferrugem, estão ali justamente para desgastar a imagem do presidente. Eles estão comemorando, acusam o presidente até de ser motoqueiro. Nunca vi, não sei se ser motoqueiro é crime, aliás boa parte da população pobre brasileira é motoqueira.

Então estão ali para desgastar, muita gente que gostava do presidente passou a odiar porque perdeu um ente da família ou passou dificuldades e fala que a culpa é do presidente por não ter se empenhado, sendo que isso é uma mentira criada.

Eu tive um assessor que morreu, e saiu me culpando antes da morte e ele comentava que o presidente e eu seríamos responsáveis, porque ele não tinha ainda tido acesso à vacina, e o presidente era um genocida. Essa é a conversa e impregnam na cabeça dos brasileiros, e que a CPI tem tentado encucar, sendo que a vacina, nós temos países aí como Japão e tantos outros que estão lá atrás na questão da vacinação. O Brasil é um dos primeiros colocados e a gente sabe que não vacinou todo mundo, porque não há a vacina disponível para todo mundo, porque está todo mundo tentando comprar. Mas você veja aqui no Brasil já tem lugares que está vacinando pessoas com 18 anos de idade. 

Pesquisas apontam alta rejeição sobre o presidente.. esse cenário em véspera de eleições pode ser mudado de que forma? 

Não tenho dúvida que será. Nós temos até dezembro e toda a população brasileira vai estar vacinada. Nós temos aí o Brasil já superando em temos geração de empregos formais se comparado a 2019, a economia crescendo mais de 4%. É óbvio que nós temos um cenário que não é favorável devido a termos todas as forças que você possa pensar contra o presidente, inclusive o STF.

 Alguns ministros viraram militantes mesmo e se reúnem à porta fechada até com o vice para tentar derrubar o presidente. Mas o que a gente sente é que, com essas mudanças em termos de melhoria da saúde e a economia mudando, melhorando, a tendência é o presidente chegar em 2022 de forma muito competitiva, como candidato à reeleição. 

O novo ataque ao STF, agora com a anunciada programação de um ato no dia 7 de Setembro que deve pedir ações contra ministros, não é uma estratégia pouco sábia, já que o Congresso tende a se posicionar contrário?  

Olha, na verdade é o seguinte, não sei o que aconteceu, que estratégia e porque aconteceu assim, desde o início do mandato do presidente Jair Bolsonaro que alguns ministros têm se posicionado visceralmente contrário. Se uniram praticamente à partidos sem representação política no Congresso e esses partidos usam o STF como plataforma de ataque ao presidente, e eles pedem e os caras vão concedendo esses pedidos sem fundamento.

Você vê que eles impediram o presidente de nomear até chefe de polícia. O Ramagem foi impedido de tomar posse porque disseram que o presidente não podia nomear. Veja se tem cabimento um negócio desse. E de lá pra cá tem sido constante comentários, por exemplo, o presidente já foi chamado de genocida por membros do Judiciário. Já foi comparado a Hitler por membros do Judiciário, ou melhor, vamos tirar o Judiciário do meio disso, por membros do STF. Celso de Mello já comparou ele a Hitler e o presidente quieto, se defendendo no que podia e tem uma hora que acorda e o cara alopra! Então assim o cara chama você de Hitler, o outro chama você de genocida e aí uma hora lá você alopra e solta um ‘Fdp’ no meio da coisa e todo mundo acha um escândalo né? Mas do Bolsonaro só vê as cachaças que ele toma, não vê os tombos que ele leva.   

De lá pra cá alguns ministros, principalmente o ministro Alexandre só tem esticado a corda, acompanhado do ministro Barroso e Fachin, eles têm tomado uma postura de forma a criminalizar quase todos os atos do presidente e praticamente hoje estar ao lado do presidente é um ato de coragem e uma possibilidade de ser preso a qualquer momento.  

Muito se fala em “golpe”, uma tentativa de impor a ditadura no país.. e alguns oposicionistas do governo tratam isso como uma verdade absoluta.. como analisa esse contexto e reflexos para o projeto de reeleição de Bolsonaro? 

Na verdade é o seguinte, esse sofismo, essas narrativas todas já existiam antes da eleição, que quando Bolsonaro entrasse ele seria autoritário, e etc. O que temos visto é o contrário. É só o presidente apanhando e a turma cerceando suas prerrogativas como gestor e o que a gente sente é que apesar de todas essas falas de golpe e ruptura, já houve ruptura e não foi por parte do presidente. Nós estamos sob ruptura. Quando você vê prisão de jornalistas, em que regime vemos a prisão de jornalistas, em que regime vemos pessoas presas por se expressar?

Nós tivemos o Oswaldo Eustáquio preso por se expressar; o Allan do Santos teve que fugir do país se não tava preso; o Roberto Jefferson está preso por se expressar; o Daniel Silveira está preso por se expressar, um deputado que em tese tem imunidade parlamentar de acordo com artigo 53 da Constituição, e eles passaram por cima disso.

Então, nós temos ruptura nesse momento no país que não é vista. Pelo contrário, essa semana 20 governadores chancelaram essa ruptura. Nós vimos o presidente do Senado louvando isso, e quando o presidente fala contra é considerado como se tivesse atacado as instituições e tudo mais.

Vimos uma manifestação do Sérgio Reis pedindo para as pessoas se manifestarem contra a arbitrariedade de alguns ministros, e pedindo o voto impresso em apoio ao presidente, também já provavelmente vai ser preso. Já tem o pedido de Barroso para ser investigado e muito provavelmente a polícia vai baixar e empreender ele também. Então, assim, quem é a favor de Bolsonaro hoje e fizer qualquer comentário contra a atitude dessas pessoas o futuro é a prisão. Nós vamos ter em breve muita gente presa por questões de fala, por questões de opinião.  

Qual o significado de democracia para o senhor?  

A democracia é sustentada por três pilares e o respeito às leis. Como pilar central é o respeito à Constituição. Na democracia você não transige com o respeito às leis. Esses três pilares são o respeito às leis estaduais, respeito às leis municipais e respeito às leis federais. Mas, quando fala a lei federal, o tronco central dela é a Constituição e nesse momento a gente vê que a Constituição ela deixou de ser respeitada, os ministros a interpretam de forma tão elástica que passam a reescrever a lei.

As leis, por exemplo, as leis federais, os códigos, o ordenamento jurídico em geral, os ministros passaram a simplesmente ignorá-lo e reescrevê-lo e entenderem de modo que lhes convém, por exemplo, quando você prende alguém no meio da noite porque você simplesmente não gosta dele, sendo nem traficante e assassino e você prende no meio na noite porque é proibido pela lei, você passou a não temer nada nem ninguém, ou seja, a lei sou eu. Então, isso quebra os pilares da democracia e ela vai ao chão, nesse momento a democracia brasileira foi ao chão porque não há respeito às leis. 

O desfile do Exército na Esplanada foi visto como tentativa de intimidação no Congresso e respondido à altura com o recado do presidente do Senado, de que nada intimidará o Congresso.. qual sua leitura? 

Olha esse exercício da Marinha, em Formosa, das Forças Armadas, existe há cerca de 30 anos e esses tanques passam por ali. Como eu disse se o Bolsonaro ri é porque riu e se não riu é porque não riu, isso é uma besteira, uma bobeira.

Dois ou três tanques passando ali, buscando uma verbinha a mais, mostrando ao presidente “veja a situação dos nossos tanques, veja se consegue mais verba para as Forças Armadas” e eles vêm com essa conversa.

Teve outros governos, se eu não me engano foi no governo da Dilma que passou um caça (avião), teve desfile ali, e esse caça quebrou todas as vidraças do STF, agora imagine se Bolsonaro passasse com um caça ali e quebrasse todas as vidraças do STF!  

O presidente costuma atacar jornalistas, o senhor concorda com isso? Recentemente o senhor culpou além do presidente do TSE, a mídia também pela derrota do voto impresso na Câmara..  

Olha, o que acontece é o seguinte, nós temos que separar o CPF do CNPJ e  óbvio que quando você trabalha numa empresa, você é obrigado a fazer o que o patrão manda. Nós temos, aqui em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, um bocado de militante do PT, o presidente conhece e sabe quem é militante do PT. Ele não está atacando jornalistas, ele sabe que está atacando militante. Ele é atacado e geralmente se defende e toda legitima defesa do presidente é considerada como ataque.  

Em relação ao voto impresso teve responsabilidade dessa mesma mídia nacional, porque eles estão tudo junto, é um complô só para tentar derrubar o presidente da República e tudo que ele propõe é considerado ilegal, imoral e engorda!  

O que representou a vinda do presidente Jair Bolsonaro a Mato Grosso, significa um olhar mais atencioso ao Estado? 

Sim, o presidente tem um carinho todo especial por Mato Grosso, pela potência que é econômica, por ser um celeiro extraordinário de produção de alimentos e também aqui tem o projeto que é a menina dos olhos dele. O presidente ainda era pré-candidato, ele passou em Primavera do Leste e disse que queria em breve ter no Brasil a independência financeira indígena. E hoje o modelo lá das Aldeias Parecis nós temos já surgindo vários projetos de independência financeira indígena. Nas aldeias de Primavera do Leste, nas aldeias perto de Barra do Bugres.

Ele tem um carinho muito grande por esse projeto. Sua vinda foi justamente para o encerramento do seminário e a entrega dos tratores. Ele também afirmou que quer vir para o lançamento do plantio e para o início da colheita e quer vir outras vezes para prestigiar esse projeto que ele reputa como um dos principais projetos de resgate da dignidade dos indígenas que até hoje só foram usados para malandro ganhar dinheiro, malandro de partido político. 

Cenário em MT: o governador acusa o senhor de propagador de fake news.. e no mesmo sentido o senhor é investigado na CPI da Covid.. não é uma seara complicada para o senhor, levando em consideração os planos eleitorais?  

Se você for contra o status quo (estado das coisas), tem duas coisas: o que você fala ou é criminalizado ou é tratado como fake news. É assim que a banda toca. Quem detém o domínio dos meios de comunicação, ele edita o que é verdade ou o que é mentira. Então eu posso dizer também na mesma linha que eu cheguei no Araguaia e uma senhora me perguntou quando eu falei que ia ser construído uma rodovia ali, ela falou: “promessa do Mauro mentira fresca?” E, eu perguntei para ela porque ‘Mauro mentira fresca’? “Porque todo dia é uma nova”. Eu sei qual é o modo operante da Secom aonde tudo que se fala contra o governo é tratado como fake news, é o modo operante deles. Agora, quando eu vou lá na rua e meço a espessura de um asfalto, mostro com a trena e em vídeo e ele diz que aquilo ali é fake news, então ... (risos), a gente faz bem fake news não é? 

O presidente já manifestou apoio ao seu nome, mas qual o seu projeto para 2022?  

Olha, nós já combinamos, eu sou pré-candidato ao Senado e, a gente espera que a partir de 2023 ter um Senado alinhado, um Senado leal para ajudar o presidente da República a conduzir o país e para que o Senado possa voltar à construção dos pilares da democracia, que é respeito às leis. Porque hoje nós temos um poder carburante sobre os outros. Hoje nós temos ministros que entendem que o papel do STF é representativo também, e não é. Papel representativo é o de quem é votado e eles não são votados. Então a gente tendo voto suficiente, a gente consegue fazer com que o STF volte a ser um Poder que possa fazer o papel de guardião da Constituição e não o papel de palanque político que ele tem feito. 

Como está o projeto do partido no Estado? 

Hoje eu estou licenciado, o presidente é o Niuan, e estamos construindo um projeto sim, nós estamos saindo de dois vereadores para quase 70 vereadores. Temos aí 5 prefeitos, inclusive vice. Podemos é o partido que mais cresceu no Estado e a gente está construindo a chapa para Estadual, chapa de Federal e para Senado também. O partido está bem fortalecido.  

Quais nomes já foram avaliados e podem ser citados?  

Para o Governo ainda não definimos para qual partido o candidato iria. Nós estamos guardando os nomes porque estamos enfrentando um governo que está nadando em dinheiro e a gente sabe o que o dinheiro pode fazer numa eleição e com partidos adversários.

Nós não estamos abrindo nada justamente por isso, agora pode ser que o candidato saia pelo Podemos ou por outro partido, porque como eu sou pré-candidato ao Senado para não sair chapa pura. Mas o grupo ligado presidente Jair Bolsonaro vai ter candidato para Governo aqui em Mato Grosso.  

Teremos candidato a deputado federal e estadual. Não estamos soltando os nomes porque já tivemos experiência de principalmente um “pit bull” do governador que sai aí com conversa muito vantajosa, muito atrativa cooptando os candidatos e a gente não quer correr o risco de perder candidatos.  




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