• Cuiabá, 07 de Setembro - 00:00:00

A eleição é para 2022, neste momento nós temos que salvar vidas, assevera Dilmar Dal'Bosco


Rafaela Maximiano - Da Redação

Na Entrevista da Semana, o FocoCidade conversou com o vice-presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso e líder do Governo no Poderdeputado Dilmar Dal' Bosco (DEM). 

Na última semana, Dilmar teve papel fundamental e delicado em relação à derrubada do Projeto de Lei do Governo do Estado que anteciparia feriados. Apesar de líder do Governo, o parlamentar também é forte interlocutor dos setores econômicos mato-grossenses na Casa de Leis.

O Projeto de Lei 195/2021 previa a antecipação de diversos feriados estaduais e municipais que seriam emendados com o feriado da Semana Santa, que ocorre nesta semana. Dilmar Dal Bosco disse que a derrubada foi necessária, porém, a base foi liberada para votar.

“Entendemos que antecipar feriados, neste momento, iria promover ainda mais aglomeração. Precisamos, neste momento da união de todos, fazer nosso papel, todos nós", cravou.

O trabalho na nova Mesa Diretora da AL/MT e o desafio de encontrar soluções para a atual pandemia da covid, foram temas centrais da entrevista. Sobre as eleições de 2022, o vice-presidente da Assembleia Legislativa é enfático ao afirmar que "esse não é o momento de falar de eleições", mas admite que "existem os que pensam diferente e acabam tumultuando o cenário”.

Confira a entrevista na íntegra e boa leitura!

Como o senhor avalia o resultado na Assembleia Legislativa de rejeitar a proposta do governo de antecipar feriados? Esse resultado implica em dizer que o projeto do Estado foi uma estratégia errada?

Na verdade, eu vejo que todo o projeto de lei apresentado à Assembleia Legislativa a gente busca o diálogo. A cada setor afetado, cada setor segmentado. A princípio nós tínhamos conhecimento de que os setores representados pelas federações e comércio em geral, tinham acordado com o governo e concordado com a antecipação do feriado. Então não seria uma estratégia errada.

Mas, após chegar o projeto na Assembleia, foi analisado que a maioria dos setores econômicos e prefeitos não concordaram com ela. Assim como os deputados também, a maioria não era a favor.

Nenhum setor empresarial no interior do Estado concordou com a antecipação dos feriados. As Câmaras de Dirigentes Lojistas de todo Estado de Mato Grosso, associações comerciais, ninguém concordou. Por isso que nós tivemos que reavaliar: ou tirava o projeto de votação ou nós não aprovávamos. Não podia ser feito sem buscar esse entendimento.

Esses foram os fatores predominantes para não acatar o projeto determinando o mínimo de lockdown ou antecipação de feriado.

O senhor foi procurado pelos setores econômicos, empresariais para não aprovação do projeto. Como foram as tratativas?

Teve uma pressão dos setores. Primeiro, por eu sempre manter o diálogo com a Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Mato Grosso, com a Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado, com a Fecomércio, a Fiemt, com o Sindalcool, com o Sindicato das Indústrias de Frigoríficos de Mato Grosso, enfim, todos os segmentos da economia. E também porque eles buscam em mim o equilíbrio para esse diálogo com o Governo e o Legislativo e a aprovação de projetos de leis de interesse deles. Por isso veio uma pressão sobre a minha pessoa. Na verdade, vieram pedidos de diálogo para que buscássemos uma situação que fosse confortável para todos.

Por ser líder do governo ficou algum “mal-estar” com o governador pela não aprovação do projeto? Por que o senhor deixou a presidência da Comissão de Constituição e Justiça?

Não nenhum mal-estar com o governador. Está tudo bem. É preciso entender que apesar de eu ser líder do Governo não quer dizer que devo aprovar e apoiar todas as demandas. É necessário bom senso e diálogo. E foi isso que ocorreu. Quanto à CCJ, todo projeto e proposta vindo para a Assembleia passa por ela e é uma grande demanda, já era hora passar para outro companheiro. E o deputado Wilson Santos fará um bom trabalho. A comissão exige conhecimento técnico e habilidade política e, ele agrega essas qualidades e tem nosso apoio para desenvolver as atividades.

Estamos vivendo uma opção entre economia e saúde?

Não, mas também eu não vejo e nem analiso que o fechamento do comércio seja ideal para diminuir os casos de covid. Entendemos da importância de se manterem ativas as atividades econômicas, consequentemente, a renda e o trabalho de milhares de famílias mato-grossenses.

Entendemos que antecipar feriados, neste momento, iria promover ainda mais aglomeração. Precisamos, neste momento, da união de todos, fazer nosso papel, todos nós, fiscalizando juntamente com a polícia militar, que está fazendo um belíssimo trabalho. Mas temos de lembrar que os assaltos, mortes, roubos, continuam e precisamos, urgentemente, que seja feita uma medida consensual mais rígida para conter aglomerações de pessoas e disseminação do vírus. Somos sabedores de que o governador Mauro Mendes, sua equipe e os 24 deputados, faremos o melhor por Mato Grosso.

Há uma grande resistência de grupos de pessoas para seguir as regras, nesse sentido o projeto aprovado do governo de triplicar multas pode de fato ser instrumento eficaz?

Eu acho que nesse projeto que foi apresentado, a cobrança das federações e demais segmentos econômicos, principalmente do comércio em geral, acredito que vá motivar também que o empresário entre nessa luta. Assim como o micro, o pequeno empreendedor, o simples, que todos eles. Que a CDL procure a Câmara de vereadores, procurem os prefeitos e comecem a fazer sua parte incentivando seus colaboradores que trabalham na empresa a permanecerem em casa.

Não participarem de aglomerações, de festas clandestinas, é uma forma de todos orientarem tanto o colaborador da empresa quanto também a sociedade. Acho que todos nós temos que ajudar nessa luta contra a pandemia. Infelizmente ainda tem muita gente que acha que é uma brincadeira, uma coisa passageira, uma gripe, e na verdade estamos com muita dificuldade, um colapso na saúde do país, com várias pessoas infectadas sem ter UTIs. Então todos temos que ajudar, políticos, comércio, todos os setores na repreensão das pessoas e denunciar quem não colabora.

A Assembleia Legislativa tem colaborado com o Estado devolvendo recursos pra combater a pandemia - mas essa dinâmica ainda não foi adotada por outros poderes e órgãos.. não é a hora de todos darem as mãos para salvar pessoas que estão até morrendo nas filas por uma UTI?

Sim com certeza. Inclusive estamos – Assembleia Legislativa - avaliando a possibilidade de lançar um pacote de medidas para ajudar a população para enfrentar a pandemia da covid-19. Pretendemos comprar oxigênio para doar aos municípios que enfrentam dificuldades para adquirir o produto e tratar seus doentes em decorrência de complicações da covid. Nesse pacote também pensamos em fazer a doação de cestas básicas e fazer um centro de triagem no estacionamento da Assembleia. Acho que todos devem buscar maneiras de ajudar.

Na AL, que leitura faz da atuação da nova Mesa Diretora em que o senhor ocupa função de vice-presidente?

Temos que continuar com responsabilidade, como a Assembleia sempre teve. Eu antes não fazia parte da Mesa Diretora, mas sempre contribuía, sempre estava com a Mesa Diretora, até porque eu sou líder de bloco e do Governo.

Agora como vice-presidente, vamos fazer a nossa parte assim como outros também fizeram. Também vamos trabalhar para devolver nossa parte para a saúde, fazer economia.

Como parlamentar, também fiz economia e devolvi recursos para equipar e comprar uniformes para a nossa polícia militar, corpo de bombeiros, para a segurança pública.

Acho que a Assembleia tem que continuar com a mesma responsabilidade, mesmo compromisso de fazer economia e devolver ao Governo do Estado. Mas além disso a população tem que participar também, dialogar muito com o Governo para enfrentarmos junto essas dificuldades.

As eleições 2022, na sua opinião, considerando os projetos nos bastidores, estariam interferindo em decisões de gestores hoje?

Nesse momento não temos que pensar em eleições. Agora é hora de trabalhar e enfrentar essa pandemia todos juntos, todos os Poderes, todos os prefeitos, vereadores, Governo, deputados estaduais, federais e senadores. Todo nós agora devemos ter o mesmo objetivo único. A eleição é para 2022, neste momento nós temos que pensar em salvar vidas. O problema é que alguns pensam um pouco diferente e acabam tumultuando o cenário, mas temos que pensar no Estado, no ser humano, nas pessoas e em salvar vidas. Esse que deveria ser o pensamento único e eleição deixar para o período dela, que é um período curto, 50 dias e lá se discute, disputa e faz o trabalho que a lei permitir.

O senhor acredita na chance de Mauro Mendes e Emanuel Pinheiro se aproximarem, já que alguns líderes políticos ainda tentam essa via...

Vejo que nós temos que fazer a interlocução deles. O MDB – partido do prefeito Emanuel Pinheiro - faz parte da base do Governo aqui na Assembleia legislativa, é do Governo do Estado. O MDB tem três deputados estaduais que atuam aqui no parlamento e ajudam o governo nas votações. Então quer dizer: se o MDB ajudou na eleição do Mauro, acredito e vejo os comentários das lideranças do Democradas, que vão apoiar se assim o governador entender; para a reeleição vão estar juntos. Então eles têm que ter um entendimento sim.

Temos que buscar uma saída para isso. É muito ruim quando tem essa briga e nós temos que construir essa ponte. Acredito que o partido MDB faz parte da base de Governo e vai continuar a fazer parte do Governo.




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