• Cuiabá, 05 de Setembro - 2025 00:00:00

Mandetta: combate à pandemia, eleições 2022 e a polêmica resposta; eles têm algum tropismo anal


Foto: Vinícius Loures/Câmara dos Deputados  - Foto: Foto: Vinícius Loures/Câmara dos Deputados Ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta
Rafaela Maximiano - Da redação

O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), é o entrevistado especial da semana do FocoCidade. Mandetta faz uma análise acerca do cenário da pandemia no país, apontando as falhas e acertos desde que deixou o Ministério da Saúde – Governo Jair Bolsonaro. 

Ele, que se tornou referência no combate à covid-19, pontua o momento de polarização em que o país vive politicamente, afirmando que os radicais - que define como os ‘extremistas Bolsonaro’ e os ‘extremistas Lula’ – não agradam a maioria da população e não devem ser a escolha do brasileiro para as eleições presidenciais de 2022. 

“Os dois só querem briga, confusão, chute, barbaridade... e querem abrir a goela da gente e enfiar suas agendas goela abaixo... E, o brasileiro também não está esperando uma pessoa de centro não... Estão esperando uma pessoa centrada, uma pessoa sensata. Uma pessoa que tenha visão horizontal de toda a nossa sociedade”, dispara.

Mandetta também afirma que esse não é o momento para se discutir política ou falar em candidatura e que governos, municípios e União deveriam se unir para combater um único inimigo público – mas é nome amplamente cogitado e trabalhado nos bastidores para o próximo embate eleitoral – contando com bênçãos de líderes nacionais de seu partido.

Sobre a política em Mato Grosso, o ex-ministro pontua o apoio à condução de ações macro na saúde pública, entretanto, assinala não ter discutido sobre “projeto” às próximas eleições gerais.

Ainda sobre a pandemia da covid-19, Mandetta - médico ortopedista que é nascido em Campo Grande, afirma que os estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso são um só pelos valores culturais. Ele critica as pessoas que se negam a acreditar que o novo coronavírus exista e alerta àqueles que insistem em desobedecer as regras de biossegurança: “ou a conta deles vai ficar mais alta para pagar, ou mesmo com dinheiro não terá atendimento em nenhum lugar, ou ainda, irão aumentar a fila de cadáveres”. 

Confira a entrevista especial na íntegra e boa leitura! 

Que análise faz do cenário da pandemia no país, do período de sua saída do Ministério da Saúde até hoje? 

A gente passou por momentos diferentes. O momento que eu estava no Ministério nós não tínhamos um sistema de saúde capaz de enfrentar a pandemia. Era um momento de muita agonia para comprar máscara, para comprar respiradores, para montar equipes de CTI, montar hospitais e nós fizemos tudo aquilo com três princípios: valorização total à vida, a defesa intransigente da vida, era um pilar. A defesa do SUS como o mecanismo ideal – o nosso sistema estar na sua plenitude como meio para chegar à defesa da vida; e a ciência como tomada de decisão. Dar o tempo para os cientistas e dar condições para os cientistas trazerem respostas.  

A partir desses três pilares a gente tinha várias estratégias. A gente precisava comunicar para as pessoas – mas o governo não queria fazer campanha para explicar que tinham vírus novo. Então vai para aquela coletiva, informa para as pessoas saberem o que estava acontecendo, a gravidade dos casos e poder informar suas linhas de defesa. O principal que falávamos era de lavar a mão, não aglomerar e proteger os idosos. Enfim, mas ali a gente tinha uma posição contrária do presidente. Então ficava difícil. 

Depois, na parte de atendimento, era primeiro fazer por teleconsulta e depois abrir as unidades básicas de saúde quando tivessem os equipamentos de proteção individual e insumos para ser a porta de entrada, e podermos usar os agentes comunitários, os enfermeiros da rede de atenção primária. Mas também teve um boicote que pegaram uma caixa de cloroquina e falaram: “esse remédio aqui se der acabou o problema”. Induziram as pessoas a acharem que aquilo resolvia, o que também foi um boicote. 

Depois, a gente tinha o eixo dos testes, vamos testar para a gente mapear esse vírus, inclusive as variantes que poderiam vir. Pegaram os testes e guardaram no almoxarifado e não usaram. Agora, estão tentando desovar os testes até para o Haiti. Depois, tinha o eixo da ciência, da vacina. Vírus a gente sempre brigou com vacina e esses laboratórios que estão fazendo a vacina, estavam loucos para colocar dentro do Brasil. Porque nós somos o melhor país que faz a vacina chegar no braço das pessoas. Aí perderam esse eixo da vacina e começaram com a China, com a OMS, jogar a culpa nos outros. Enfim, uma condução totalmente equivocada, que tá nesses números que estamos vivendo agora. 

Considerando o atual cenário da demora da vacina, falta de leitos e um verdadeiro colapso na saúde em todos os estados brasileiros, o que pode ser feito? 

Isso era contra o que a gente tinha que lutar. Eu nunca falei de números, eu falei para o presidente: “se o senhor for por esse caminho que está querendo aí, o senhor vai ter só no ano de 2020, 180 mil óbitos. Porque o vírus vai copiar e vai continuar. Vai entrar 2021 e vai continuar. A gente não sabe, é um organismo novo, ele pode se apresentar mutante. E se ele mudar para ser mais contagioso, o problema agrava. Se ele mudar para ser mais letal, o problema agrava. Então é preciso muito cuidado, porque a gente está falando de vidas. Mas essa condução era contra o que a gente tinha que lutar.  

E palavra colapso precisa ser melhor explicada. As pessoas estão usando colapso mas o que é realmente? É quando você tem um sistema que está tão lotado que ele esgota. Por exemplo, em Manaus esgotou o oxigênio. E se esgotou o oxigênio não tem suporte à vida. Iam morrer as crianças que estavam na UTI Neonatal porque não tinha oxigênio para elas. Aquilo foi um colapso de oxigênio. Tem colapso de remédio e de equipe. É quando os profissionais não aguentam mais atender. Aí quando chega nesse ponto, e você tiver um infarto do miocárdio, você não tem o sistema.  

Se você fala: eu vou dirigir meu carro aqui e vou tocar minha vida, e você bater o carro e for politraumatizado não tem sistema. Nem se você tiver o direito ao sistema. Nem se tiver ordem judicial, nem se tiver a carteirinha do plano de saúde, nem se você tiver dinheiro para pagar. Simplesmente não tem onde entrar, isso é que é colapso. 

Hoje estamos no limite. Todo mundo sabe que se ele (o novo Coronavírus) continuar transmitindo nessa velocidade, o sistema vai entrar em colapso, ou as pessoas param de andar, se movimentar e transmitir a doença, ou o sistema para. E, aí as pessoas tem que fazer suas escolhas. 

Então o correto é afirmar que o Brasil vive uma situação grave na Saúde, mas não um colapso? 

Cada cidade hoje está de um jeito. Por exemplo, Porto Alegre não tinha mais condição de onde colocar corpos. Estava colocando corpos em contêineres. Tá usando mesa de cirurgia, porque tem carrinho de anestesia para intubar paciente na mesa de cirurgia. Tem gente ficando na UPA com fila de espera para entrar em um hospital. Isso é a iminência do colapso. Em Santa Catarina acabou os remédios que você usa para poder intubar o paciente. Eles não imaginaram o número de casos, ficaram com os estoques baixos e agora não tem isso. Isso leva ao colapso também. 

É uma somatória. Mas é uma situação que você não tem que fazer. Você simplesmente se rende. 

Em que pese as políticas públicas do Governo Bolsonaro não estarem de acordo com seu pensamento, o senhor não concorda que uma parcela considerável da população, como ocorre em Mato Grosso, é culpada também pelos resultados, bastando conferir série de atos irresponsáveis como a negativa sobre o uso de máscara e distanciamento social? 

Esse posicionamento acaba alimentando a situação. É igual cachorro correndo atrás do rabo. Todo mundo quer a sua vida de volta, todo mundo gostaria que estivesse aberto o Choppão, todo mundo queria que as festas estivessem acontecendo. Todas as empresas queriam estar produzindo, o show acontecendo, o futebol rolando. Todo mundo quer, e também todo mundo fala que o seu é essencial. Só que se cada um fizer um pouco da sua atividade o total disso significa você colapsar.

Então é uma situação em que quanto mais você nega a existência do problema, quanto mais você joga contra às únicas armas que a gente tem, maior e pior ele fica.

Mais tempo a economia vai sofrer, mais tempo sofre o empresariado, mais tempo sofrem as crianças que não vão às escolas, mais tempo vai sofrer a imprensa, mais tempo sofre todo mundo.

É uma decisão, um caminho equivocado, é um caminho burro porque a pessoa acha que está sendo forte pra falar: “não. Eu sou macho, eu vou fazer isso. Eu vou seguir a orientação sabe-se lá de quem e eu vou tocar minha vida. Eu tenho conta pra pagar”. A conta dele vai aumentar e ele não vai pagar a conta e, ainda vai ter um problema grave de paralisia. É assim, ninguém escolhe, não tem como você fazer escolha. É fato.

Ele está aí (o vírus), ele tá na sua porta, ele é competente. Ele não quer saber se você é bolsonariano, se você é petista, se se você torce para o Palmeiras, para o Corinthians, se é alto ou se é baixo. O vírus vai pegar carona no organismo das pessoas e jovem que acha que é invencível está enroscando, está ficando internado, está competindo com CTI. Diabético, obeso, esses estão morrendo. É um fato concreto. Ficar negando o fato você só joga o jogo da doença. 

Como avalia o Governo Bolsonaro nas estratégias junto ao Congresso sobre reformas como a Tributária e Administrativa? 

Bom, a reforma tributária, ela não está na pauta. Eu não vi qual é a mensagem do governo, qual o texto do governo, o que ele pensa de reforma tributária. O que eu vi, foi uma discussão de reforma tributária feita dentro da Câmara nos últimos dez anos que, quando chega na hora de você finalizar, ou o governador acha ruim ou o prefeito acha ruim, o governo central acha ruim, todo mundo acha ruim e a gente vai ficando com esse sistema tributário caótico, caríssimo, complexo, e ninguém tem coragem de enfrentar isso porque vai mexer no bolso ou dos municípios, ou dos estados ou da União.

Então, eu não acredito que eles vão esse ano ter coragem de mandar um texto e muito menos condições políticas para fazer uma votação dessa. Eu já vi momentos melhores para fazer essa discussão, mas como eles não mandaram no primeiro ano e não mandaram no segundo ano, a probabilidade de no terceiro ano de governo você aprovar uma reforma que é cheia de espinhas é muito complicado para os parlamentares.  

Depois você tem na administrativa, uma situação que envolve toda a casta do funcionalismo público. Toda, de Norte a Sul. Existem desvios, sim existem, mas existem também conquistas que são históricas. Por exemplo, por que dar estabilidade a um funcionário, é para ele poder manifestar as suas ideias. Antes, quando não tinha, entrava um novo prefeito e demitia toda a máquina, colocava uma máquina nova, as continuidades administrativas se perdiam. Então tem algumas coisas que eles vão ter que enfrentar que são discussões muito duras. E eu também não acredito que ele tenha condição de fazer nada. Acho que eles podem fazer essa discussão, podem mudar algumas coisas para o bem ou para o mal, mas dizer que vai fazer um debate franco com a sociedade, sem ofender ninguém, sem ofender o funcionalismo, sem retirar princípios históricos dos funcionários públicos, isso eu não acredito, nessa capacidade de diálogo com a sociedade. 

O senhor é apontado como forte nome na corrida presidencial em 2022, como estão as discussões?  

Os partidos hoje refletem essa fragmentação toda da sociedade. O que a gente tem são dois polos de extremistas. A gente tem os extremistas Bolsonaro e os extremistas Lula. Eles são aí cada um dos lados, 15 a 20% de extremos radicais que propagam sempre o ódio, a briga, a confusão. Aí tem uns 5 ou 10% de pessoas que dizem: “não, ele não é tão ruim. Eu vou aceitar”. Então, mais ou menos aí vamos botar 25% para cada lado. Tem metade do país, 50% olhando e falando assim: “cara nenhum, nem outro”. 

Briga, confusão, chute, barbaridade. Os dois querem abrir a goela da gente e enfiar suas agendas goela abaixo, em tudo: em como a gente tem que pensar, como a gente tem que vestir, o que a gente tem que falar, o que é ser identificado com eles. E, esses 50% não estão esperando uma pessoa de centro não. Eles estão esperando uma pessoa centrada, uma pessoa sensata. Uma pessoa que tenha visão horizontal de toda a nossa sociedade. Que saiba dar a voz para ela poder se realizar e possa levar o Brasil como imagem do mundo.  Porque se o Brasil não sentar nas grandes mesas mundiais - e não vai ser nem com um, nem com outro que a gente vai conseguir esse espaço. Eu vejo que esse essa busca pelo consenso, essa busca pelo centrado, pelo moderado, mas que tem posição firme, que sabe que onde quer ir, ela vai acontecer. 

Eu não sei se vai ser meu nome, se vai ser nome de outro. Eu sei que eu vou fazer campanha para buscar esse caminho. Eu posso ir entregar santinho aí em Cuiabá, posso fazer. Eu não tenho problema nenhum, a única coisa que eu quero fazer é sonhar que tem uma geração de brasileiros aí sem essas duas faces da mesma moeda. Se ficarem só os dois, eu não sei qual dos dois ganha um do outro, mas eu sei que o Brasil inteiro perde. E já está perdendo, todas as vezes que eles ficaram com as suas pautas radicais, cada um do seu lado impondo um para o outro, o Brasil parou. O Brasil não andou. O Brasil só andou no período do Juscelino (Kubitschek) e precisamos de gente que tem condição que falar por todo mundo aqui na mesa. Vamos escutar o que o radical tem a dizer e argumente-se para que ele seja menos radical. Talvez ele veja que a vida pode ser construída numa sociedade plural. Eu não sei o que vai ser, quem vai ser, que nome vai ser, mas que eu vou estar ajudando a construir uma candidatura sensata, centrada, responsável, vou estar. 

Conversar sobre candidaturas e sobre esse tipo de política não. Eu admiro o governador Mauro Mendes.

Então seu nome está à disposição do partido, o DEM? 

Todo brasileiro acima de 35 anos, porque para você ser candidato à presidente tem que ter mais de 35 anos, estar em dia com as suas obrigações eleitorais e você tem que estar filiado a um partido político. Quem tiver isso daí pode ser. Eu só vou decidir isso lá na frente. Agora, todas as minhas energias estão todas para ver o que eu posso fazer para ajudar a salvar a vida. Porque não tenho ainda nem ânimo de falar ou sentar para tratar de política agora. Mesmo essa oposição mais radical do PT, e eu fiz debates duros com eles, e eu nunca maltratei, nunca xinguei. Eu nunca fiz agressão. Agressão não leva ninguém a lugar nenhum. Sempre me posicionei com educação, com ponto de vista próprio, forte, independente. E, eu acho que é isso que a gente vai procurar. O meu partido lá na frente vai se entender com ele mesmo, vai ter que ver, ninguém pensa igual 100% das vezes. Eu acho que o caminho é por aí. 

Eu acho que eles têm algum tropismo anal. Eu não sei porque isso. É uma região da anatomia que eles têm tropismo.

Há uma proximidade política sua com o governador Mauro Mendes como divulgado por alguns veículos de comunicação aqui de Mato Grosso? O senhor chegou a conversar com ele sobre as eleições de 2022 como divulgado? 

Não. Conversar sobre candidaturas e sobre esse tipo de política não. Eu admiro o governador Mauro Mendes. Todas as vezes que eu estive com ele quando era ministro e fui a Cuiabá, fui reabrir a Santa Casa de Cuiabá que é o berço do nascimento da nossa sociedade. Aquilo me incomodava demais e eu não podia deixar ela fechada. Depois eu estive em Rondonópolis na crise hospitalar daquele município, eu sempre o vi como uma pessoa muito séria, muito comprometida. Eu gosto do jeito que ele toma as decisões, muito responsável. Isso me fez, tem uma amizade de mais de admiração de homem público em relação a ele. Agora, não sentamos para conversar, porque o governador de Mato Grosso está com problemas enormes. E, se eu for a Cuiabá será para ajudar a salvar vidas e não para falar de política. 

Gente, nós estamos no meio de uma pandemia, o secretário de Saúde de Mato Grosso estava pedindo socorro a outros estados outro dia. E não tem. Os outros estados não têm condição de dar socorro. Como é que a gente pode ter a pretensão de falar ou discutir candidatura. Não. O problema está tão forte agora que, o que eu tenho conversado com o secretário Gilberto, com os prefeitos aí de algumas cidades que me ligam é no sentido de ajudar. De ajudar a virar essa página. Depois que a gente virar essa página é que poderemos sentar para discutir quem é que reúne as condições, como é que vai ser? Nós somos uma raiz esse Mato Grosso, nós temos valores que são muito importantes. Isso tem eco na sociedade? A sociedade quer que seja alguma coisa por aí? Ela deseja ou quer apostar no conflito geral, vamos para a terceira Guerra Mundial, vamos ver quem que engana mais a gente.  

Os dois no mesmo dia foram capazes de parecer com cenas absurdas. Um falando que era a maior vítima da Justiça. Outro falando que usava máscara e que adorava vacina. Nenhum dos dois teve coragem de usar a palavra da língua portuguesa chamada desculpa, eu erre, ou “eu quero reconstruir a minha posição”. Então os dois pareceram falsos. Um com uma fala falsa e o outro com uso de uma máscara e uma fala dizendo: “agora eu vou usar”. Só isso não resiste no tempo. Não é verdadeiro. Não tem coração. Tem projeto de poder para enfiar a agenda deles goela abaixo na gente. E ninguém aguenta mais isso. 

Jovem, calma. Você vai ter sua vida de volta ali na frente, você vai poder fazer festa. Agora, se tiver festa vocês vão aumentar a fila de cadáveres.

Nos últimos dias no circuito nacional foi abrangente seu comentário em relação à declaração do deputado Eduardo Bolsonaro que mandou a população brasileira colocar as máscaras de proteção contra a Covid-19 ‘no rabo’. E o senhor ‘observou’ que a família Bolsonaro tem obsessão por ‘essa parte da anatomia’...

Me fizeram essa pergunta em um veículo de comunicação nacional outro dia e eu respondi sim. E, essa não é a primeira vez que eles falam sobre isso. Eu acho que eles têm algum tropismo anal. Eu não sei porque isso. É uma região da anatomia que eles têm tropismo. É uma situação desqualificada, debochada, é apostar na ira, no ódio, é apostar no que tem de pior. É você falar assim: ”Olha, nós somos ruins, mas a gente consegue ser pior ainda”. 

O que eu respondi também outro dia foi o cara no meio de recordes de mortes, o cara fala: “para de mimimi”. A pessoa não tem o direito de chorar o luto da sua família? Onde é que já se viu, onde é que nós estamos? Nós não somos um berço de gente cristão, ele não fala tanto que é cristão, evangélico ou sei lá o que ele é. É só da boca para fora? Cadê o respeito? 

O cidadão falar um negócio desse, ora... tudo tem limite, né? Talvez ele tenha que fazer um pouco de terapia lacaniana. Talvez dar para ele de presente essa terapia. Isso é de uma grosseria e retrata o despreparo, que sobre condições adversas a pessoa abandona o navio, faz movimentos bruscos e é isso tudo que está no somatório dessas quase 300 mil mortes no país.  

Como o senhor define o “novo normal” ideal para o país? E, para finalizar, uma mensagem para o mato-grossense e o leitor do FocoCidade...  

Prevenção, deixar de brigar e lutar pela vida, isso é o nosso desejo. A hora agora é de todo mundo se unir. O nosso adversário nesse momento é um vírus! Ele existe, ele é um ser que passa de corpo a corpo. É a hora agora de quem valoriza a vida de verdade, não importa de que setor da sociedade você é, protege as pessoas do seu entorno.

Não faça uso das coisas porque você acha que está sendo imposto: “se eu não fizer isso, vou levar multa”. Não é por isso não. Não precisaria nem ter fiscal. Não precisaria nada se as pessoas valorizassem a vida. Se unam, tem uma luz aqui no fim. Jovem, calma. Você vai ter sua vida de volta ali na frente, você vai poder fazer festa. Agora, se tiver festa vocês vão aumentar a fila de cadáveres. Calma.  

Primeira coisa, vamos proteger o maior número possível de pessoas de contágio, seja criança, jovem ou adulto, para diminuir a quantidade de vírus circulando. Segundo, vamos proteger o sistema de saúde que todo mundo depende dele. Terceiro, vamos ter fé que a gente vai sair disso mais forte se ficarmos unidos agora. 

Muito obrigado pelo espaço, um beijo para todo mundo de Cuiabá e para os leitores do FocoCidade

Edição: Sonia Fiori




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