Da Redação
O Conselho Regional de Medicina (CRM-MT), em "Carta Aberta à Sociedade" - divulgada neste domingo (28), considera novo alerta à população no cenário de prevenção e combate à pandemia do coronavírus - avançando no Estado de Mato Grosso e que leva o sistema de saúde pública ao estrangulamento - sendo um colapso anunciado pelas próprias autoridades no setor.
No documento, o CRM chama atenção para série de quesitos - desde a questão da aplicação e uso de medicamentos - à dramática seara de falta de leitos, UTIs e "desfalque de equipes".
Além de assinalar o quadro de forma geral, o CRM acentua alerta sobre a necessidade de conscientização da população em colaborar nesse processo - observando que "flexibilização comercial não é flexibilização social".
Confira o documento na íntegra:
CARTA ABERTA À SOCIEDADE MATO-GROSSENSE
Dom, 28 de Junho de 2020
Estamos enfrentando o momento mais crítico de uma doença cujo comportamento biológico se caracteriza por alta contagiosidade. O processo da Covid-19 é constituído das seguintes etapas: disseminação comunitária, aceleramento, pico e desaceleração.
Diante deste cenário de pandemia, o Conselho Regional de Medicina do Estado de Mato Grosso (CRM-MT) traz algumas considerações:
- Ainda não ha um tratamento específico para a doença. Sobre as medicações que estão sendo trazidas, dentre elas a Ivermectina e a Hidroxicloroquina, ambas dependem de maiores estudos científicos para uma recomendação mais robusta, necessitando a prescrição médica esclarecida e com consentimento do paciente;
- Não dispomos de vacinas, sendo as medidas de suporte clínico, ventilatório e de cuidados intensivos, quando necessários, nossos principais instrumentos para o tratamento;
- Dentre as estratégias de combate a Covid-19 está a necessidade de leitos para internação hospitalar e em unidades de UTI, e toda a logística que envolve estes locais;
- A crescente ocupação de leitos hospitalares e retaguarda de UTI, desfalque de equipes, falta de insumos, e a grande velocidade de consumo é preocupante.
Portanto, reforçamos a necessidade de a sociedade ser parte integrante deste processo. Ela não é dissociada da responsabilidade deste contexto. A sociedade não pode assumir a passividade neste eixo comportando-se apenas como o ponto final deste processo.
A participação efetiva da sociedade pode mudar a forma como enfrentamos esta pandemia, que já nos traz o problema de saúde específico e também nos impõem uma dura realidade emocional e econômica.
Desta forma, devemos nos articular muito bem, pois o nosso comportamento social pode ajudar a definir as políticas de saúde e melhorar a logística. Podemos frear o processo, evitando que muitas pessoas possam adoecer ao mesmo tempo. Isto pode trazer um impacto diferente na ponta do atendimento.
É ai que a sociedade entra em ação, evitando aglomerações, festas, reuniões sociais. Essas medidas de isolamento social não dependem de política, governos ou autoridades.
A sociedade deve ter a consciência que a flexibilização comercial não é flexibilização social. Por mais que os estabelecimentos comerciais estejam dentro da normativa, o comportamento social não está de acordo.
Por fim, precisamos assumir as rédeas do processo e fazer parte do enfrentamento do coronavírus enquanto sociedade, e junto com as autoridades sanitárias.
Enquanto sociedade, façamos nossa parte!
Cuiabá, 28 de junho de 2020.
Conselho Regional de Medicina do Estado de Mato Grosso
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