Onofre Ribeiro
Achei oportuno registrar a data.
No dia 25 de agosto de 1976, há exatos 43 anos, eu chegava a Cuiabá pra trabalhar, vindo de Brasília no meu velho companheiro de guerra, um automóvel Corcel azul de quatro portas. De Goiânia a Cuiabá viagem tranquilíssima. Rodovia asfaltada três anos antes, quase sem movimento. Na época, Goiás e Mato Grosso faziam parte do sertão quase desabitado do Brasil no Centro-Oeste. A parte Norte de Mato Grosso tinha menos de 600 mil habitantes e mais 600 na parte Sul.
A divisão de Mato Grosso era uma guerra tripartite. De um lado o Sul, de outro o Norte e, comandando o processo sem escutar ninguém, o presidente da República, general Ernesto Geisel e uma série de generais divisionistas.
Vim a convite do governo Garcia Neto, assolado por uma imensa crise política criada e mantida nos bastidores dos interesses da divisão do Estado. Com alguma experiência, jovem jornalista de 32 anos vim nesse contexto de crise.
Acabei por conviver muito próximo de todas as grandes lideranças políticas das regiões Norte e Sul. Conheci gente de bem e gente poderosa. De modo geral havia uma honestidade de princípios. Quem queria a divisão, queria a divisão. Quem não queria, não queria! Norte e Sul brigavam por isso. E pela causa. Lá a favor. Cá, contra! Simples assim.
Vivi esse contexto por dois anos e depois da divisão assinada dentro do furacão em que se transformou a separação dos bens públicos e de todos os espólios imagináveis. Convivi junto da formação das novas lideranças políticas no novo Mato Grosso. Vivi junto eles as dores do parto. E, sobretudo, as dores das incertezas que se seguiram à divisão, a partir de 1979, quando se deu a separação física e política entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Acompanhei de perto as lutas e dores do primeiro governo, do governador Frederico Campos. O slogan da sua gestão revelava as angústias do novo Estado em relação ao seu futuro: “Fé, coragem e perseverança por um novo Mato Grosso”.
De lá pra cá a História caminhou até os dias de hoje. Olhando no retrovisor, esses 43 anos que vivo aqui em Mato Grosso, parecem um milhão de anos por tantas transformações que aconteceram. Estou aqui pensando: se tivesse permanecido em Brasília, esse milhão de anos não representaria muito. Aqui, não! O tempo tem outra dinâmica. A História se constrói diferente. Por gente diferente! Com propósitos civilizatórios diferentes.
Olho no meu retrovisor pessoal e gosto da estrada percorrida que vejo. Lamento não poder esperar pelos próximos 43 anos. Afinal, o tempo rege a vida e impõe limites!
Mas o futuro que antevejo muitíssimo me agrada!
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
onofreribeiro@onofreribeiro.com.br www.onofreribeiro.com.br.
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