Da Redação
Ao considerar o tema polêmico sobre a unificação de eleições, o analista político Alfredo da Mota Menezes, destaca outros aspectos da proposta que por vezes não entram no palco de debates, como em relação à atenção a ser dispensada pelos partidos aos eventuais candidatos – devendo via de regra, produzir “prejuízos” a um grupo de postulantes já que foco deverá ser concentrado, por exemplo, sobre o contexto da Câmara Federal.
“Olha, tem de analisar uma série de detalhes que ainda não está sendo mostrado como deveria ser mostrado. Por exemplo, vamos supor que seja aprovada a PEC de coincidência de eleição, como é que vai ser a questão da eleição em si, 45 dias de eleição, o tempo no horário gratuito de rádio e televisão. O partido vai priorizar quem? Prefeitos e vereadores? Não vai. O partido, ele vai priorizar as candidaturas federais, principalmente deputado federal, por quê? Porque é pelo número de deputado federal é que se tem mais tempo na televisão, e que se tem mais dinheiro do Fundo Partidário. Então os vereadores e prefeito que estão todos dizendo isso e aquilo, analisem com cuidado como é que vocês vão participar da campanha nesse horário gratuito, não é?”, pontua.
Será que melhora a política ou vai piorar? Eu acho que vai piorar.
Dinheiro público
“Segundo ponto, está dizendo que vai gastar uma quantia X que ninguém sabe se é aquela quantia mas tudo bem, vamos falar que seja aquela quantia. É um dinheiro, eu penso assim, que é distribuído, gera emprego na campanha, cabos eleitorais e tudo mais, entende? Estou falando aquele dinheiro que digamos, é aquele dinheiro público. Não estou falando de caixa 2, aí é outra coisa da Justiça. Não é tão feio assim gastar o dinheiro na campanha se for de maneira honesta, com trabalho e tudo mais.”
Alfredo da Mota Menezes também assinala outro alerta sobre esse cenário, sobre as consequência à Justiça Eleitoral.
“Terceiro ponto, com a eleição acumulada como se pretende, como é que vai ficar a Justiça Eleitoral? A Justiça Eleitoral hoje já não consegue resolver os problemas que ela tem. Além disso, passaram para a Justiça Eleitoral, todo mundo está sabendo, as corrupções comuns que se diz que é de crime eleitoral. Abarrotou mais ainda a Justiça Eleitoral. Se fizer uma campanha acumulada como essa, como é que ela via resolver os tantos problemas? Vai ser um banzé que ninguém sabe como é que vai ser.”
O analista político ressalta ainda os reflexos da proposta à população. “Outra coisa, por que em outros países, eu vi isso nos Estados Unidos, tem eleição toda hora, que é distrital, é verdade, mas é eleição durante o ano e tal. Por que aqui no Brasil tem que mudar e tem que acumular? Fazer tudo de uma vez? Por que uma eleição como essa, como querem, vai discutir o buraco numa rua lá no CPA, que vereador que vai discutir isso, com a macroeconomia do Brasil. Tudo em 45 dias, com horário gratuito menor, pra fazer todo mundo entender? Vai aprontar uma confusão danada no eleitor”, considerou.
Debate político deve ser oxigenado, apontou: “eu estou com aquele ponto de vista que diz que duas eleições é até bom, oxigena o debate político, melhora o debate político, não tem nada disso de que isso vai prejudicar, e só tem um argumento os que defendem: ah porque vai fazer economia, e joga isso para a população de qualquer maneira e a população já está cansada de corrupção e outros atos e fala, OK, já que vai economizar eu sou a favor. Mas se analisar com cuidado o que estão pretendendo, que não vai passar, ou melhor vamos fazer o seguinte: vai passar? Então joga para a opinião pública para fazer um referendo, aprova no Congresso e depois joga para “los otros” um referendo para dizer se concordamos ou não”.
“Balbúrdia pra confundir o eleitor”
Menezes foi mais além ao frisar que o texto proposto no Congresso pode piorar a política. “Então, ao invés disso não se faz o seguinte. O parlamentarismo, nem vou aqui entrar em detalhe, por que ao invés dessa invenção, não se faz o voto distrital, que é diferente, existe no mundo inteiro e tudo mais. Quer uma balbúrdia dessa pra confundir o eleitor. Será que melhora a política ou vai piorar? Eu acho que vai piorar.”
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